Por Sofia Frazoa
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2012
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Do ponto de vista biológico, a mulher nasceu com todo o potencial para gerar vida. No que respeita a uma visão mais espiritual, áreas como o xamanismo defendem que é no útero que a mulher contém essa energia criativa e a intuição, que a tornam um ser dotado de sensibilidade. Significa então que, quem optar por não ser mãe, não está a aproveitar todo o seu potencial? Tenho dificuldade em responder sem hesitação a esta pergunta, pois há várias maneiras de utilizar esta energia criadora, de vida; além disso, não quer dizer que todas as pessoas que “deram à luz” tiveram consciência ou aproveitaram esse seu potencial. Deixando, assim, para cada pessoa as razões da sua opção e a liberdade de escolha, importa salientar o papel que a figura “mãe” tem na vida de uma pessoa, seja homem ou mulher.
Em primeiro lugar, é na barriga da mãe que esse vínculo se vai desenvolvendo e o bebé vai sentindo as emoções da progenitora, sejam a felicidade ou os medos, as ansiedades, todas as dúvidas que a preocupam. E, energeticamente, vai registando em si como é “pertencer” àquela mãe, se é seguro nascer, o que o pode esperar a vida. Depois, a criança cresce educada (ou formatada) por uma família, a repetir padrões antigos, sem que disso tenha consciência. Em algumas correntes xamânicas diz-se, também, que somos influenciados pelas sete gerações anteriores e vamos influenciar as sete que nos sucedem. Imagine-se a carga que trazemos, sem dela termos consciência. E é inevitável que, no caso das mulheres, sejam diretamente influenciadas pelas sete gerações de mulheres antes da sua.
Se é mulher, ao ler este artigo, pergunte-se que padrões repete na sua vida que já as mulheres da sua família repetiam?! E que parte de si continua a repeti-los por lealdade e respeito à sua história familiar?! Se é homem, ao ler este artigo, faça as mesmas perguntas em relação ao seu pai e às sete gerações de homens que o antecedem, na linhagem paterna. Depois, seja homem ou mulher, pergunte-se como é (ou era) a relação com a sua mãe?! O que ainda precisa de resolver com ela ou pacificar no seu interior?!
É suposto e desejável, na fase adulta, que homens e mulheres cortem o cordão umbilical e encontrem dentro de si a figura da “mãe” que protege e acolhe quando é preciso, mas que também repreende e deixa ir quando é para o superior interesse da sua “criança”. Ou seja, já não é suposto, na fase adulta, continuarmos a procurar no exterior a mãe que sentimos que nunca tivemos. Esta busca traz algumas frustrações: se a mãe não deu é porque, de alguma forma, não soube fazer melhor e ainda hoje não sabe; procurar fora é sempre meio caminho andado para a desilusão porque o exterior só muda quando mudamos por dentro.
Se tem questões para resolver com a figura da “mãe”, tente começar por tomar consciência do que ainda transporta consigo. E tente encontrar a “mãe” dentro de si. Assuma essa capacidade de ser um adulto independente, sem que isto signifique que se tenha de afastar da sua família. E como este é o mês que dedicamos à paixão, apaixone-se por si e pela sua capacidade de se cuidar, de auto-cura e de transformação.
Terapia Xamânica e Trabalho com o Feminino
Formadora em Igualdade de Género e Oportunidades
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REVISTA PROGREDIR | JULHO 2012