
Por Ricardo Fonseca
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2013
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O empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo riscos financeiros, psicológicos, sociais correspondente e recebendo as consequentes recompensas de satisfação económica e pessoal. (Robert D. Hisrich)
Por sua vez um empreendedor, segundo o mesmo autor, é o indivíduo versátil com habilidades técnicas para saber produzir e capitalistas para reunir os recursos financeiros, que organiza as operações internas e realiza as vendas da sua empresa.
Na área da saúde durante muitos anos não foi possível inovar através do empreendedorismo pois a formação foi sempre direcionada para a vertente assistencial, de tratamento e de pesquisa científica havendo também a questão da hierarquização baseadas em obediência e no fator de superioridade.
Recentemente com o crescimento das redes sociais, houve um aumento de encontros entre pessoas com as mesmas características, os mesmos interesses e afinidades comuns, o que contribuiu para o desenvolvimento do empreendedorismo e até à formação de empreendedores em saúde nas faculdades de medicina, para se construir uma rede mais sólida e inovadora.
A nossa sociedade com relevo na forma como comunicamos em rede, assenta em ideias de empreendedorismo e inovação, sendo o ponto de partida para políticas, estratégias e projetos para o desenvolvimento social. As sociedades em rede têm implicações reais nos atuais padrões das doenças marcada pela teia de causas e efeitos e para o desenvolvimento de intervenções efetivas na saúde, na forma de governar com sistemas de negociação entre várias áreas e níveis de atuação procurando convergências, sinergias e interações.
Os planos nacionais de saúde incluem a preocupação com a saúde pública com relevância no aumento da eficácia dos mecanismos de governamentação das estratégias de saúde com um uso eficiente dos recursos disponíveis. A avaliação global e integrada permite explorar os progressos e os desafios na saúde, permitindo aos investidores acompanharem a evolução das estratégias e adaptação das medidas necessárias.
Na área da saúde, através do empreendedorismo estabelece-se a rede de comunicação entre as estruturas locais e as globais com a delegação de responsabilidades, sendo que assim há uma abordagem efetiva dos novos desafios com estabelecimento de parcerias, desenvolvendo novos instrumentos de apoio à implementação de ideias, reforço de estruturas e intervenções no sistema de saúde. Assim encontram-se sinergias em diferentes intervenientes melhorando as práticas com uma colaboração ente pares e organismos com afinidades.
Coloca-se assim a questão de qual o verdadeiro valor das novas tecnologias em saúde? Em que medida o empreendedorismo acarreta mudanças significativas?
São estas medidas inovadoras, de pesquisa, de criação de novos recursos que permitem por exemplo o desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas, novos meios de diagnóstico, prevenção e cura de determinadas doenças utilizando a nanotecnologia.
Em Portugal existe a Agência para a sociedade do conhecimento (UMIC) que tem como missão a coordenação das políticas para a sociedade de informação e mobilizá-las para a criação de atividades de divulgação, qualificação e investigação.
Também em Portugal, existe a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH) que tem como objetivo o aumento do interesse dos profissionais, responsáveis e dirigentes da saúde pela inovação do serviço ao cidadão, através do contato com diferentes instituições de saúde.
A APDH criou o projeto Roadshow Boas Práticas em Saúde, que consiste na apresentação de projetos empreendedores na área da saúde. Outro dos projetos que esta associação desenvolve é o Think Tank, que é um esforço coletivo de análise, reflexão e comunicação de apoio ao desenvolvimento de políticas públicas de saúde baseadas na evidência.
O Observatório Português dos sistemas de Saúde, através do banco de inovação de saúde, em parceria com a European Association of Public Health (EUPHA), a Associação Portuguesa para a saúde pública (APPSP), reune um vasto número de projetos inovadores na área da saúde, consistindo em políticas de saúde, colaboração e interação de organizações, qualidade de vida, programas de saúde pública, promoção de saúde entre outros.
A saúde é uma área onde o empreendedorismo está a ganhar mais realce e mais participantes através da criação de novos projetos, de novas políticas e essencialmente pela criação de redes mundiais que alicerçando-se em afinidades e ideias comuns ousam criar para transformar e melhorar as práticas de saúde.

Enfermeiro / Escritor
www.ricardosousafonseca.pt.to
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REVISTA PROGREDIR | MAIO 2013