Por Susana Filipe
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Empoderamento é uma palavra recente. Vem do Inglês “empowerment” que teve resistência à sua utilização no início, mas agora parece começar a estar bem enraizada no português. Segundo o dicionário da Porto Editora, significa “processo de reforço da autoestima e da autoconfiança, de que resulta um maior controlo da própria vida e uma maior realização pessoal”. Se decompusermos a palavra empoderar, encontramos o seu encanto: em – poder – ar. Portanto, o ato de estar em poder.”
Para além do já referido nas definições do dicionário, traz também segurança, tranquilidade, maior noção de si mesmo, assertividade, completude, consciência, determinação, estabilida-de entre tantos outros. Se estar empoderado é novidade, não é de um dia para o outro que se conquista o empoderamento, tal como não é de um dia para o outro que se aprende uma língua desconhecida, para além de existir o padrão prévio de outra língua. Mas é um caminho que se faz, de preferência, com muito prazer. O empoderamento não deve vir de um esforço, pois será ineficaz ou pouco consistente; deve vir de uma vontade interna, de um apelo, de uma faísca que vem de dentro que é capaz de transformar. E é desta faísca que cresce e se transforma em chama para virar um fogo alquimista do que a pessoa era, transformando-a numa nova versão de si. O antigo não desaparece, virão sempre sombras de incertezas, de dúvidas, automatismos, mas o novo ocupa agora o seu lugar e a decisão de qual o caminho a caminhar depende do dono das pernas. A diferença é que antes só havia um caminho, agora há dois por onde escolher.
E a parte melhor, é que o empoderamento não prejudica ninguém quando aplicado em consciência. Empoderar-se não implica desempoderar alguém para se poder empoderar, não é uma competição, não é um lugar no pódio que se conquista definitivamente e que para tal é preciso tirar outra pessoa desse pódio, pelo contrário. É um caminho pessoal de si para si, que tem o potencial de inspirar os outros a serem melhores versões de si mesmos também.
E como nos empoderamos então?
A forma de empoderamento é muito pessoal e as opções são muitas. Sugiro um pequeno exercício e para tal, é necessário que tire uns minutos para si, onde pode estar consigo.
Coloque a mão no peito e sinta o seu coração. Coloque a outra mão sobre o umbigo e sinta o ar que inspira e expira a chegar à barriga. Sinta os pés sobre o chão e o peso do seu corpo sobre eles. Afirme: estou aqui, pertenço aqui, ocupo o meu lugar e tenho valor. Inspire, expire e deixe que estas palavras ecoem pelas suas células. Sinta o efeito que estas palavras tiveram em si e permita que elas continuem a vibrar.
“Penso logo existo”
O empoderamento está relacionado com a auto-responsabilização: Tornar-se responsável de si e assumir a sua posição no mundo. Cada ser que nasce, nasce com livre-arbítrio. É muito comum seguir as sugestões de terceiros por uma vontade inconsciente de querer agradar, adotar comportamentos para se sentir parte do grupo, para ser aceite. Somos seres sociais e queremos todos fazer parte do grupo. Mas as boas notícias é que sermos nós mesmos e fazermos parte do grupo é viável. Pode ser uma ousadia, pensar por si e assumir o que pensa, mas vale a pena. E pensar por si, é ser mais verdadeiro consigo mesmo, é ser íntegro com a sua essência, desde que esta esteja consciente.
Os pensamentos, no silêncio aparente da mente, seguem o rumo que querem, se não “puser a mão na consciência”. E o que quer isto dizer? Quer dizer observar o que se está a passar na mente, observar os pensamentos, pois eles têm vida própria na ausência da consciência e muitas vezes jogam na equipa contrária à nossa. Observar os pensamentos sempre que possível permite ter uma escolha sobre seguir esse pensamento ou mudá-lo. Se é um pensamento que é pesado e joga contra si, procure um que o substitua, que seja melhor e que jogue do mesmo lado da equipa que o seu.
A escolha das palavras quando um pensamento é transmitido para fora determina a qualidade do pensamento. Será que aquele conjunto de palavras que constituem essa frase transmitem realmente o que desejo dizer? Haverá alguma palavra que escolhi que me retira força? Se sim, por qual posso substituir?
Postura transmite poder ou vulnerabilidade
Observe a sua postura ao espelho. Observe o que ela transmite. Está encurvada ou vertical? A inclinar para a frente, para trás ou centrada? Os ombros estão descaídos para a frente ou está de peito aberto? Cruza os braços frequentemente ou estão abertos? E o seu rosto? Está leve ou cerrado, desconfiado?
Se agora, num estalar de dedos fosse um ator e tivesse de representar um papel de um herói ou de uma pessoa de sucesso, que postura adotaria? Observe como (ou se) o seu corpo se transforma. Se é novidade, registe esta informação no seu corpo e recrie esta sensação e postura sempre que precisar. Caminhe como um herói ou pessoa de sucesso por um dia e sinta o que isso lhe traz.
Estar empoderado não é mais que ser a sua melhor versão, a que está inteira, satisfeita, é coerente consigo e confiante. As flutuações da vida fazem-nos perceber que estar empoderado não é algo que está sempre ativo, no entanto é algo que pode ser fortalecido e melhorado e estar presente com mais frequência na sua vida. Passo a passo, o caminho faz-se e as escolhas em consciência são as escolhas do bom caminho.
COACH E INSTRUTORA DE TAICHI E CHIKUNG
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in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2021
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