Por Lourdes Monteiro
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
- Sentir-se confiante numa dada situação e inseguro(a)noutra situação. Por exemplo: sentir-se muito confiante ao participar da resolução de um problema e sentir-se inseguro(a) ao propor uma ideia nova.
- Verbalizar a sua opinião / Silenciar a sua opinião.
- Colocar-se em “bicos de pés” / “encolher-se”perante uma oportunidade.
Tudo isto acontece com cada um de nós. Muitas vezes dependendo da forma como estamos a percepcionar a situação com a qual estamos a lidar.
Se consideramos que o evento em causa, coloca em risco algo importante que queremos salvaguardar, seremos mais cautelosos. Nestas circunstâncias poderemos optar pelo silêncio perante uma decisão que se sabe à partida não ser eficaz. Não abordamos a nossa chefia sobre algo que acreditamos ser relevante para a organização, com medo do que esta possa pensar sobre as nossas intenções.
Se olharmos para a situação como algo alinhado com o que ambicionamos e acreditamos, poderemos ser mais expansivos. Nestas circunstâncias, acontecem verbalizações surpreendentes até para nós próprios. Arriscamos a candidatar-nos àquela oportunidade que há muito desejamos ou àquele projecto que queremos muito realizar.
O que é importante termos presente, é que a dualidade faz parte da nossa condição humana. Os tais binómios referidos e mais alguns como a alegria e a tristeza, a turbulência e a tranquilidade, o medo e o entusiasmo, entre outros está em cada um de nós. Tudo está presente. Ter essa noção é fundamental para uma vida sã. Se assim não for podemos ficar susceptíveis a determinados riscos, dos quais me apercebo através das partilhas dos profissionais que acompanho. Nomeadamente,
- O perigo das expectativas irrealistas ou de ilusões.
Uma das expectativas tendência é a felicidade no trabalho. Sendo que para alguns esta felicidade laboral pode corresponder a uma ideia de se estar sempre entusiasmado(a) em relação ao que se faz, ter sempre domínio e competência no que se executa, estar sempre a ter desafios externos. Ou seja, algumas pessoas alimentam a expectativa de estar sempre no lado solar desta equação. Se assim não for, então não se é feliz na carreira. A meu ver, isto não é de todo realista. Segundo as leis da natureza, tudo o que começa acaba. Tudo o que expande, contrai. Então é natural que depois do entusiasmo inicial de um novo desafio, a relação profissional se torne mais amena. Por outro lado,fazer apenas o que se domina leva à monotonia e à estagnação. Então será preciso entrar no desconhecido para se poder aprender mais e aumentar o âmbito de competência. Então a dualidade fará parte de uma relação feliz com o trabalho.
Umas vezes estamos entusiasmados com um projecto, outras podemos estar desmotivados com o que estamos a fazer. Tal ajuda-nos a distinguir o que nos serve e estimula e o que nos esmorece. Tudo é informação que podemos gerir. Umas vezes sabemos fazer muito bem o que nos pedem, outras nem tanto e também esse desafio nos permite aprender sobre nós, como encaramos o desconhecido e até que ponto temos confiança em nós próprios. Allan de Button, fundador da The School of Life advoga que:
“Para sermos felizes no trabalho, não precisamos de alcançar tudo. Só precisamos alcançar aquilo de que nos sentimos capazes.”
Dentro das expectativas irrealistas destaco ainda a ideia de que a falha se deve evitar a todo o custo. E por isso só pode haver sucesso. A falha e o sucesso andam de mãos dadas. São dois lados de um binómio que nos leva ao caminho do autoconhecimento e crescimento pessoal. Pois é muitas vezes por algo não ter corrido bem à primeira que se aprende quais os caminhos que podem levar ao destino aspirado.
- O perigo dos julgamentos sobre nós e sobre os outros.
Tantas vezes dizemos ‘eu sou isto’, ‘eu não sou aquilo’. Quando na verdade somos isto e somos aquilo. Exemplo: No outro dia alguém me dizia ‘eu não sou agressivo e, no entanto, dei por mim numa reunião a passar-me e a levantar a voz’. Fê-lo com grande pesar e sentimento de culpa. Na verdade, a agressividade é uma manifestação da emoção raiva. Uma das mais fundamentais que temos. As emoções contêm informação que podemos acolher e gerir. A autocensura por ter deixado a raiva tomar conta de si é pouco produtiva, se não der atenção à informação que a raiva pode conter.
Curiosamente fazemos o mesmo com os outros. Julgamos o todo por uma reação ou algumas reações. Esquecendo que nos relacionamos a cada momento com o estado emocional de cada um. Se a pessoa revela comportamentos agressivos, partimos da premissa que a pessoa é agressiva. O que pressupõe que não tem boa intenção e não é compassiva. Em virtude disso, não nos relacionamos com o outro em toda a sua amplitude. Colocamos-lhe um rótulo e é em relação a este que actuamos. O que acaba por gerar autocondicionamentos em nós pouco assertivos.
A dualidade faz parte do que nos une como seres humanos. Aquilo que existe dentro de si, existe dentro de cada um de nós também. Experimente ter esta ideia presenteada próxima vez que se deparar com um desafio na sua carreira.Acredito que influenciará a que tenha uma perspectiva nova e lhe surjam novas possibilidades de actuação.
ASSOCIATE CERTIFIED COACH (ACC) PELA INTERNATIONAL COACHING FEDERATION, CAREER REDESIGNER E AUTORA DO LIVRO E PODCAST “QUERO, POSSO E MUDO DE CARREIRA”
www.lourdesmonteiro.com
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2021
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