in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2018
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Para a maioria de nós, a tendência ainda é a de associarmos o conceito “coerência” a uma repetição de comportamentos. Nesta visão, a coerência expressa-se num hábito, e que em termos de finanças se mostra na análise monetária às decisões para ganhar, gastar ou manter dinheiro e outros ativos, e nos meios e práticas concretas que o permitem. É uma visão focada no que é objetivo e visível (quantias), do que consegue perceber a partir de uma perspetiva exterior.
Em termos práticos essa visão faz todo o sentido, em especial numa sociedade de enfoque material como a nossa. Acontece que, por si só, é incompleta. Ao não tocar nas raízes da realidade e nas dimensões daquilo que verdadeiramente nos importa, também não serve a dimensão prática tanto quanto pode servir. Para isso, precisamos alterar o ângulo de visão e subir uns degraus.
Na edição de 2015 do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (as fontes online não me pareceram as melhores), vemos a coerência ser definida como "estado ou qualidade de ser coerente", "nexo entre dois factos ou duas ideias". Do conceito relacionado de coesão destacam-se definições como "solidariedade entre elementos de um todo" e "união". Combinando-as: podemos ver a coerência como uma propriedade de relação entre elementos num determinado contexto, para um determinado propósito.
E é ao serviço disso mesmo, de um contexto e para um propósito, que as finanças se tornam verdadeiramente coerentes.
Se partimos desta base, então teremos nas mãos a chave de resolução da questão inicial, e de outras que a completam, como por exemplo:
Que formas de usar o dinheiro acho mais necessárias nas minhas circunstâncias e, ao mesmo tempo, fazem mais sentido para mim?
Que tipo de pessoa quero ser? Que tipo de atitudes, pensamentos, sentimentos e comportamentos devo ter? Que soluções e caminhos devo explorar (ou persistir) para lá chegar?
O que quero fazer com a minha vida? Que papel quero desempenhar no mundo? Qual é o meu propósito?
O que é que a Vida-Deus-Universo espera(m) de mim?
O segredo, com estas e com quaisquer outras perguntas que lhe permitam ampliar a coerência na vertente material da sua vida, está em deixar que as centelhas de inspiração (e, também, de agitação ou resistência) se traduzam em novos passos. Uma estratégia para o conseguir é a de afixar estas ou outras questões em lugar visível e que seja revisitado no dia-a-dia, e deixar que em cada volta nos levem um pouco mais além, libertando a sua magia na nossa mente e na nossa vida.
Acima de qualquer outra coisa: acredito que o incentivo mais poderoso e mais eficaz a mobilizar o nosso melhor é reforçarmos a consciência da ligação que temos à dimensão espiritual, seja qual for a área. Além das práticas milenares da meditação, da oração e da contemplação, um dos ângulos de coerência que mais me inspira é o do estudo de perspetivas de serviço à Vontade Divina. Uma das mais recentes que li e que gostava de partilhar consigo agora é esta, do visionário, designer, arquiteto, inventor e escritor Buckminster Fuller (genial na coerência entre um princípio e a sua expressão em múltiplas áreas da nossa sociedade):
"A precessão é o efeito de corpos em movimento sobre outros corpos em movimento. [...] Em 1927 raciocinei que se as experiências dos humanos lhes dessem revelações sobre quais possam ser os principais objetivos da natureza, e se os humanos se comprometessem, às suas vidas, e até os seus dependentes e todos os seus ativos rumo à direta, eficiente e expedita realização de algum dos objetivos evolucionários compreensivos [totais] da natureza, a natureza poderia realisticamente apoiar um tal compromisso precessional principal e todas as ramificações das necessidades de desenvolvimento do indivíduo. [...] Avancei para raciocinar que uma vez que a máquina económica e a logística consistem de corpos em movimento, uma vez que a precessão governa os intercomportamentos de todos os corpos em movimento, e uma vez que os corpos humanos estão habitualmente em movimento, a precessão tem de reger todos os comportamentos socioeconómicos. [...]
As hipóteses precessionais de 1927 foram cada vez mais convincentemente substanciadas pelas experiências - apenas o "impossível" continuou a acontecer. [...] Tendo-me comprometido à existência precessional, agora foco todo o meu esforço para o resto da minha vida na aplicação da mais alta ciência e tecnologia diretamente na realização da vivificação humana." (em "Self-Disciplines of Buckminster Fuller", do livro "Critical Path" (1981) - tradução livre, páginas 142 a 149)
Embora seja um relato um pouco mais complexo do que aquilo a que podemos estar habituados, na verdade é apenas um de muitos a respeito de como o Universo milagrosamente apoia os esforços que fazemos sintonizados com a natureza. Neste caso, quem o fez atravessou vários dos períodos mais difíceis do século passado, como a Grande Depressão de 1929 ou a Segunda Guerra Mundial e obteve um reconhecimento incrível pelos seus esforços (e fê-lo sem várias outras formas de apoio que muitos temos hoje em dia, como um curso superior ou financiamentos prévios regulares de instituições públicas ou privadas).
Aceita um pequeno desafio a fechar? Pegue nesse caderno (ou abra a sua aplicação digital que prefere) e responda:
Qual a melhor coerência a que pode submeter as suas finanças, agora?
PURPOSE-DRIVEN HUMAN DEVELOPER
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“Sonhar Sem Agir É Como Amar Sem Cuidar
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