Por David Rodrigues
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O que ganhamos está relacionado com as nossas fontes de rendimento: se somos trabalhadores por conta de outrem ou se nos aventurámos num negócio próprio ou numa atividade independente (não contam os falsos recibos verdes) revelam traços de maior ou menor capacidade de arriscar, de procurar novos desafios, de empreender ou capacidade de iniciativa. Por outro lado, também não é indiferente a profissão (seja ela por conta de outrem ou por iniciativa própria) que escolhemos e exercemos. Ser costureira, polícia, médico, cientista, ativista, fundraiser ou qualquer outra profissão revela traços de personalidade muito relevantes: seja necessidade de segurança, ou insegurança, preocupação com os outros, gosto em ganhar dinheiro, interesse por adquirir conhecimento, necessidade de contacto com os outros e de estabelecer relações interpessoais, mais individualismo ou capacidade de trabalhar sobre pressão… Dirá mais ainda se à questão da profissão, juntarmos a dimensão da realização profissional, o desejo de progressão ou mudança e a nossa atitude face à (ir)realização ou (in)existência de evolução. Na vida profissional revelamos quem somos como pessoas, é a atividade da nossa vida a que dedicamos mais tempo por dia e é onde acabamos por projetar o nosso ser. Se pensa “Ah, eu no trabalho sou assim mas fora sou muito diferente”, talvez não seja totalmente verdade, pois embora haja comportamentos e atitudes que adotamos devido ao contexto laboral, também é muito provável que esteja a revelar diferentes facetas de si, fora e dentro do trabalho, mas as que revela no trabalho fazem também parte intrínseca de quem é. Vale a pena olhar para o que é que está a expressar e não rejeitar como se não fosse seu.
No entanto, além dos rendimentos provenientes do trabalho, traz também muita informação outros rendimentos dos quais tira proveitos (ou lhe dão prejuízo) como por exemplo: jogos de azar (euromilhões, raspadinha, …), investimentos financeiros (depósitos a prazo, ações, obrigações, certificados de aforro, fundos de investimento, …), outros investimentos (rendimentos prediais, venda e compra de objetos, …). Em cada uma destas opções está associado por um lado um perfil de risco ou uma necessidade (de segurança) de um rendimento extra, um gosto por efetuar transações (muitas vezes isolado, através de máquinas,…), ou uma esperança que a “sorte” esteja do seu lado, colocando uma crença e a responsabilidade de ganhar dinheiro no Universo, em Deus, na Sorte ou nos Outros.
Ao analisar como obtém os seus rendimentos, isso pode-lhe trazer muita informação interior sobre as crenças que tem sobre o mundo, sobre si, sobre o dinheiro, o que lhe permite iniciar uma jornada interior de reflexão e autoconhecimento.
Por outro lado, como gasta o seu dinheiro, além de indicar o seu perfil de consumo (que os bancos, as empresas e as finanças adoram saber), revela muito sobre as suas necessidades, prioridades e vontades pessoais. Alguém que gasta demais em roupa e acessórios, ou no último modelo de telemóvel ou carro e lhe falta em comida ou detergente por exemplo, reflete uma pessoa muito preocupada com a imagem exterior e o que os outros pensam de si, uma baixa autoestima por procurar a validação dos outros sobre quem é, insegurança quanto a quem é, necessitando de criar uma máscara para se proteger. Comportamentos impulsivos a nível alimentar, sejam doces, salgados ou bebidas pode indicar desequilíbrios emocionais ou falta de capacidade para lidar com as frustrações, ansiedade ou stress. Por outro lado, alguém que mensalmente a primeira coisa que faz é retirar uma parte do dinheiro para poupar, denota método, responsabilidade e preocupação com o futuro. Investe muito dinheiro em idas ao teatro, cinema, jantares, convívios, deslocações para ir ter com amigos, se sim provavelmente é uma pessoa que necessita de se relacionar com frequência com outras pessoas para se sentir em equilíbrio e que pode ter dificuldade em estar sozinha ou que fica assustada com a ideia de fazer introspeções como a que este artigo sugere. Esta é a altura em que muda de página. Veja as suas despesas e pergunte-se que traços de personalidade é que os meus gastos estão a revelar, que virtudes ou necessidades reflito de forma padronizada? Se tiver dificuldade partilhe com um amigo e pergunte-lhe o que é que ele vê ou pensa que está a refletir na sua relação com o dinheiro.
Se gasta mais do que ganha, o que é que isso está a espelhar sobre quem é? Tente-se abstrair daquilo que acha que está a acontecer a que é alheia a sua vontade, está desempregado, é mal remunerada pelo seu trabalho. Deixe de fora os fatores que aparentemente não controla e concentre-se numa dimensão mais profunda, sobre o que a sua realidade financeira e as atitudes e comportamentos que tem relativamente aos seus ganhos e despesas podem estar a revelar sobre si, sem atribuir culpas aos outros nem a si, coloque-se no papel de observador independente, mas sendo o centro da sua vida, isto é, com a consciência de que co-cria a sua realidade.
Observo como giro o meu dinheiro e reflito sobre quem sou! Fica o desafio!
CONSULTOR MONEY LIFE
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in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2015
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