in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2021
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Nada está escrito na pedra. Além disso, o futuro não existe enquanto realidade sólida, existem apenas potenciais que nós materializamos ou não consoante as nossas escolhas a cada momento. Dito isto, importa lembrar que as sincronicidades têm um papel importante na condução da nossa vida. E o que são sincronicidades? São coincidências significativas que podem servir como postes de sinalização no nosso caminho, nesta vida terrena. Para ilustrar o que quero dizer, vamos supor que vai a uma entrevista de emprego, mas está nervoso e um pouco atrasado.
Na sua mente já construiu um cenário pessimista em que não vai conseguir chegar a horas e vai perder aquela oportunidade. Contudo, ao chegar à paragem de autocarro verifica que o seu autocarro também está ligeiramente atrasado e chega mesmo a tempo de o levar à entrevista. Nessa altura descontrai. Afinal talvez o emprego seja mesmo para si. Quando algo têm mesmo de acontecer tudo se conjuga para que assim seja.
Há também quem diga que a História se repete, não só no mundo como também nas nossas vidas individuais, dando-nos a sensação de andarmos em círculos, mas não me parece que seja assim. Na verdade, a evolução não acontece em linha reta, mas em espiral. Isto significa que, por vezes revisitamos temas antigos uma e outra vez, no entanto, sempre que o fazemos, levamos uma nova consciência que não tínhamos antes, o que nos permite fazer escolhas mais eficazes e crescer em consciência e sabedoria.
Assim sendo, podemos dizer que o destino existe, até certo ponto, mas com suficientes espaços em branco que nos permitem o livre-arbítrio de escolher e tomar decisões. Pode até dar-se o caso de, antes de reencarnarmos termos previsto ou planeado vários cenários possíveis, e de podermos optar por um ou outro cenário consoante as circunstâncias envolventes. Há efetivamente marcos pré-definidos, como referi anteriormente, e que são visíveis, por exemplo, num mapa astrológico.
Contudo, o nosso mapa apenas nos mostra as influências astrais a que estamos sujeitos ao longo da vida, e não a forma como iremos reagir a elas. Se existisse um único futuro possível todos os profetas do passado teriam acertado nas suas previsões, o que não é o caso. Porquê? Porque as visões que tiveram mostravam um dos futuros potenciais, se tal não se concretizou foi porque a Humanidade no seu conjunto tomou um rumo diferente. O futuro está a ser construído em cada momento do "Agora". A ideia de que um deus determinista nos impôs um destino de sofrimento é absolutamente falsa.
Por outro lado, temos também uma certa tendência para considerar os maus eventos como destino e os bons eventos como sorte. Esta é também ela uma grande falácia, uma vez que as coisas não são boas ou más, nós é que as classificamos assim. Quantas vezes a perda de um emprego se transforma numa oportunidade de encontrar uma nova carreira mais satisfatória? Quantas vezes uma doença se transforma numa oportunidade de mudarmos hábitos de vida e maneiras de pensar?
Quantas vezes um divórcio nos dá a oportunidade de encontrarmos o nosso parceiro ideal? Se conseguirmos olhar para o nosso passado com distanciamento, podemos ver que cada evento, cada situação nos enriqueceu de algum modo. Seja como for, fomos nós que escolhemos as principais circunstâncias da nossa vida ao nível da alma. Podemos não compreender por que razão a alma teria escolhido uma vida cheia de desafios e obstáculos, mas todos eles têm um propósito, que é o de nos fazer evoluir. É para isso que aqui estamos neste belo planeta azul.
Assim, se quisermos trazer paz e serenidade para as nossas vidas, devemos viver cada momento como se o tivéssemos escolhido, quer o compreendamos, quer não. Aceitar o que a vida nos oferece a cada momento, sem resistência é a melhor forma de levarmos uma existência tranquila. Quanto ao futuro, devemos fazer como nos ensinou Paramahansa Yogananda: "Cuide do presente e o futuro cuidará de si próprio.
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