Por Teresa Mizon
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Comer, para além de ser um ato vital, estimula os sentidos e nenhuma atividade será tão permanente na história da Humanidade como a alimentação. Quem achar que comer é também uma das grandes fontes de prazer do Homem que ponha o braço no ar. A nossa saúde mental, emocional e física está a um palmo do nosso nariz cada vez que nos sentamos à mesa. Os hábitos alimentares são objeto de estudo de investigação há muito, tanto na área da sociologia da alimentação como, e cada vez mais na área da saúde. Já não é novidade que os hábitos alimentares de hoje no Ocidente (também a transbordar para o Oriente) são a causa de inúmeras doenças incluindo o cancro e outras, degenerativas. A alimentação na atualidade sofreu uma homogeneização pelas grandes cadeias de “comida rápida” e pela industrialização da comida, que mudou totalmente o conceito de alimentação, o mesmo é dizer da refeição.
A globalização é certeira na indústria da alimentação, no sector agropecuário e na rede de distribuição visível em grandes superfícies e em cadeias de restaurantes de comida fácil, rápida e atraente. Grande parte dos supermercados dispõe nas suas prateleiras, acima dos 15.000 tipos de produtos alimentícios catalogados. Se por um lado temos esta super abundância de alimentos, por outro temos menos tempo para a hora das refeições. Todo este “fenómeno” vem "ajudar" numa era marcada pela velocidade, pela urbanização, pela elevação do nível de vida e de educação, pela entrada da mulher no mercado de trabalho.
Desligarmo-nos de um hábito alimentar é pois muito fácil mediante também um universo de informação que nos leva a tomadas de decisão. Consumir produtos artificiais em detrimento de produtos regionais com tradição cultural é por isso fácil e humano. O Homem integrado numa massa social não reflete. Parte para a ação. Assim, também na forma como se alimenta. A saúde tornou-se secundária em relação ao aspecto práctico das coisas. Hoje é tempo de grandes transformações (a que a maioria dá o nome de crise), aquilo que consumimos e que na realidade é o nosso pilar de sustentação, terá de voltar a ser olhado de forma profunda. São os alimentos que determinam a qualidade do nosso sangue. É o nosso sangue que determina a qualidade do nosso Ser. Para além das nutricionais, todos os alimentos têm qualidades, energéticas, emocionais e até espirituais. Carne oriunda de um animal sujeito a atos violentos vai com o tempo fazer de nós pessoas violentas. Açúcar desnutrido de todos os seus ingredientes naturais vai sugar todos nossos minerais seduzindo-nos através de uma energia efémera, com consequências desastrosas para a saúde, para não falar de comportamentos como a hiperatividade. Estes são só dois exemplos. O significado do alimento ultrapassa também a mera necessidade fisiológica e remete para as relações entre as pessoas envolvidas. Estes encontros não precisam de ser precedidos de sentimentos de culpa por se ter comido demais, por se ter abusado de doces e gorduras.
Convida-mo-lo a fazer de cada refeição uma festa para a saúde. Como? Com mais cereais integrais (arroz, centeio, cevada, trigo, etc.), com mais leguminosas (feijões, grão, lentilhas), com mais legumes, com menos carne e produtos de origem animal, com menos açúcares refinados e mais doces naturais. E sim, com estes alimentos podem-se confeccionar pratos de “comer e chorar por mais”. Atreva-se! Eles podem-lhe trazer um admirável mundo novo.
Para esta nova Primavera, em vez de promessas de “dietas” para perder peso, porque não selar um compromisso com uma alimentação que possa proporcionar dias futuros de saúde, paz e concórdia?
E já agora… que a culinária possa ser uma “arte para o desenvolvimento da consciencia” seguindo o exemplo de culturas antigas, ou mesmo o dos monges nos templos Zen do Japão e da China.
“Atelier Macrobiótico”
Consultora de Alimentação e Estilo de Vida
[email protected]
REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2013