in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Se analisarmos a forma como gerimos o tempo, a maior parte das vezes, dedica-se mais de 90% das horas do dia a outras pessoas; bem seja a nível laboral ou pessoal. Dedicamos o nosso tempo aos outros. Mas qual é o momento do dia no qual te relacionas contigo próprio? De que forma o fazes?
Numa vida assim atarefada e dedicada a relacionarmo-nos com os outros, este tempo acostuma ser inexistente ou nulo. Para algumas pessoas a resposta é que dedicam tempo a esse relacionamento com eles próprios, porque cuidam do seu corpo, da sua estética ou têm hábitos marcados de leitura durante os seus dias. Outros associam este tempo ao momento de relaxamento prévio ao descanso noturno. Na verdade, estes hábitos representam um pequeno 1%, do que é na realidade relacionarmo-nos com nós mesmos. O propósito deste relacionamento vai além do cuidado físico ou das rotinas quotidianas estabelecidas por ti como método de escape ou como uma tentativa desesperada de acreditar, que dás importância ao tempo que necessitas partilhar contigo próprio.
O propósito de te relacionares contigo próprio é descobrires e conheceres quem és tu em essência, e desta forma crescer e atribuir um sentido maior à tua vida, à forma como te relacionas com ela e com os outros.
Descobrir-me? De certeza que estás a pensar que é uma parvoíce certo?
Se convives toda a tua vida contigo próprio, anos e anos, como é que vais necessitar descobrir-te?
Já conheces tudo de ti, não é?
Descobrirmo-nos é o melhor e maior propósito, porque numa sociedade que nos convida a passar os dias submetidos a stress com o relógio e compromissos sociais, que na verdade pouco importam, não resta tempo para te conheceres em profundidade, para relacionares-te com quem és verdadeiramente, em essência e não quem aparentas ser.
Conhecemos pouco, muito pouco de nós próprios, de quais são os nossos propósitos, sonhos, inquietudes, medos, emoções, carências, necessidades…já pensas-te como seria a tua vida se conhecesses tudo isto de ti? Se nas respostas que darias a estas perguntas não aparece o nome de mais ninguém, só o teu… Então vais perceber que na verdade, conheces muito pouco de ti. Por isso, descobrires-te como ser individual, deveria ser uma prioridade nos relacionamentos, na tua vida.
Mas porque não dedicas tempo a descobrires-te? Porque é que não o fazes?
Falta de tempo…os compromissos com os outros… estas são algumas das respostas, não é verdade? Ou estamos a falar de desculpas?
Descobrir e conhecer quem és, inconsciente ou conscientemente, em muitas ocasiões é assustador, porque isso implica comprometermo-nos e relacionarmo-nos com nós próprios e dedicarmos tempo real e sincero, para olharmos para nós, sem expetativas. Sentimos medo quando nos apercebemos que temos feridas emocionais, que sentimos carências, solidão, falta de amor-próprio, ou o facto de vivermos submetidos à expetativa constante da perfeição.
Faz sentido para ti que o propósito ou sentido do relacionamento que tens contigo próprio seja a perfeição?
Longe disso, o propósito deste relacionamento é o crescimento pessoal. Para isso, é necessário olhares para ti, mas deste um ângulo diferente do prisma que te turva a visão com falsas crenças e preconceitos sobre ti próprio. Passa por aceitar que cada ser humano, dentro de sua individualidade, é perfeitamente imperfeito. Estas imperfeições que nos assustam tem nome próprio… tal como: medo, desmotivação, rejeição, solidão, abandono… feridas emocionais que condicionam a forma como nos relacionamos com nós próprios e com os outros. Estas não são um problema ou algo que tenhas de rejeitar em ti. São uma oportunidade para mudar, curar e transformar o relacionamento que tens contigo próprio, mas também da forma como te relacionas com os outros.
Porque na realidade, o verdadeiro propósito de qualquer relacionamento é que te convida a promover em ti sentimentos como a autenticidade, liberdade e integração, e que tu possas manifestar em cada momento quem és na verdade.
O relacionamento que mantens contigo, é o impulso, o reflexo do que procuras nos relacionamentos com o exterior, sejam estes no âmbito que forem. Pois, quando o relacionamento com nós próprios se baseia em carências e desconhecimento, temos tendência a procurar relacionamentos que “disfarcem” o que sentimos. Ou dito de outra forma, aqueles sentimentos que na realidade nascem em nós e se projetam para o exterior.
É por isso, que muitas vezes criamos relacionamentos tóxicos, de dependência ou apego com outras pessoas, porque depositamos no outro a expetativa de bem-estar e plenitude. Mas quando te descobres, cresces, compreendes que tudo o que procuras está no teu interior. Nesse momento, a tua frequência muda, porque algo mudou em ti, é por isso que também muda a forma como “procuramos” ou criamos relacionamentos. Agora procuramos estabelecer vínculos, dinâmicas ou relacionamentos com outras pessoas que nos conectam com o nosso verdadeiro propósito nos relacionamentos: crescer.
Relacionares-te contigo próprio abre as portas para te conheceres em profundidade, mas também entender que o verdadeiro propósito dos relacionamentos é integrar e crescer em conjunto a partir de uma individualidade autêntica.
NATUROPATA, TERAPEUTA, E DOULA
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