Por Luís Miguel Dantas
in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2013
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Um modelo económico que vá além do conceito da maximização dos lucros garantindo que todos os recursos tenham uma máxima utilização, pois o lucro torna os indivíduos míopes e propensos a destruir a natureza e a esgotar os recursos naturais? Sem dúvida que sim!
A única maneira de resolver a crise ambiental e de recursos será através da remoção dos poderes desses indivíduos e às suas corporações para podermos decidir o nosso futuro. É necessário um sistema que mova o poder de decisão para quem está disposto a ter em conta os recursos disponíveis e a destruição do ambiente na tomada de decisões económicas. O sistema atual assenta em premissas que são comprovadamente falsas e insustentáveis não só para o planeta e para as pessoas como também para a própria atividade económica. Na verdade, nunca o egoísmo privado baseado na obtenção do lucro se transformará em altruísmo público. Assim, será de esperar que a imposição sistemática dos custos sobre os menos capazes de os suportar e a reprodução implacável e crescente das desigualdades que separam as pessoas umas das outras, conduza cada vez mais a sociedade à deterioração do estado social e democrático.
Mudanças de estilo de vida individuais e escolhas de consumidores informados conduzem a uma “lavagem-verde” pelas empresas capitalistas. Este recente criado capitalismo verde não oferece uma nova estrutura económica baseada nas necessidades das pessoas e do planeta. Continua fundamentalmente a ser uma economia de mercado baseada no lucro. Embora a consciência verde tenha aumentado nas últimas três décadas a depredação corporativa do planeta tem aumentado muito mais. Campanhas de protesto têm conduzido a algumas mudanças governamentais mas a nenhuma reestruturação real da economia. A pequena escala que há de agricultura orgânica e energias alternativas ainda não é suficiente para evitar o aquecimento global.
O capitalismo nos seus cálculos ignora as contribuições feitas pela natureza, toma os recursos naturais como garantidos e como um recurso livre, e esta contradição não pode ser compensada pelas taxas ambientais. As crises ambientais e de recursos são causadas por um conflito entre a economia de mercado e o mundo externo real. Enquanto deixarmos os mercados decidir o curso de ação este conflito não poderá nunca ser resolvido. Assistimos diariamente à delapidação do planeta e ao desgaste da própria atividade económica devido à concentração da riqueza nas mãos de uns poucos. É pois, por isso cada vez mais necessário descentralizar a economia de modo a que haja um controle dos recursos e produção local direcionada para o atendimento das necessidades de consumo minimizando o impacto ambiental. O comércio indiscriminado de produtos que podem ser produzidos localmente é ineficiente e só é rentável porque o valor real da energia necessária para o transporte não é calculado.
Através da criação de Zonas Económicas Autossuficientes o sistema de Democracia Económica remetenos para a importância das estruturas bio económicas autossustentáveis tão necessárias para um futuro verde onde comunidades vibrantes projetam, elas mesmas, as suas casas, sistemas de energias renováveis, bem como moedas alternativas. Cada zona desenvolve o seu próprio plano económico impedindo a drenagem de riqueza reinvestindo no local com vista à autossuficiência e ao desenvolvimento máximo em todos os setores da economia. De salientar a importância do cooperativismo como promotor da autoconfiança e independência económica que desenvolve o espírito comunitário. Pois, uma comunidade em que as pessoas coordenadamente trabalham juntas pode conseguir muito mais do que indivíduos atuando subordinada e separadamente. Uma vez que as empresas cooperativas são propriedade dos seus membros os lucros são aplicados na área local fazendo circular o dinheiro na comunidade. Nas Zonas Económicas Autossuficientes surge o verdadeiro papel das comunidades que permite a colaboração e a interligação de pessoas em grupos autoorganizados que podem facilmente apoiar-se e decidir acerca das políticas comunitárias necessárias levando em conta a preservação do meio ambiente através de escolhas sustentáveis e atos resilientes maximizando o potencial da área.
O sistema de Democracia económica carateriza-se por uma economia descentralizada na qual as necessidades sociais e económicas estão garantidas constitucionalmente, o qual inclui uma visão espiritual universal de uma humanidade unida, um programa ecológico que incorpora tecnologias verdes eficientes e uma garantia mundial não só dos direitos das pessoas mas também dos direitos dos animais e da natureza. Cabe-nos a nós lutar por uma sociedade progressiva e pulsante com menos desigualdades, pleno emprego, com participação ativa dos trabalhadores e com um crescimento e desenvolvimento equilibrado e ecológico. Esta luta (r) evolucionária é na sua essência silenciosa e pacífica. Começa dentro de cada um de nós através de mudanças de hábitos e perspetivas. Passa por ajudar os outros a mudarem e pela criação de associações que convirjam em valores e visões semelhantes.
CATALIZADOR NEO-HUMANISTA
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in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2013