Por Isabel Ferreira
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2012
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Caminhamos a passos largos para uma nova realidade que amanhece na consciência humana. À medida que o abuso e a prepotência vão esmagando os milhões de seres que se deixam vitimizar, sem perceber o quanto se deixam adormecer num hipnotismo mental e emocional, a sua força emerge, sustentada pela constatação de que chegámos ao fim da corda que não estica mais. A rotura acontece quando os extremos explodem. Tanto as “vítimas” como os “agressores” são coniventes inconscientes da sua própria destruição.
Ao longo da história houve momentos de rotura derradeiros, que deram à luz possibilidades de redenção, das quais nasceram novos modelos de pensamento que se transformaram numa nova mentalidade.
Hoje, mais conscientes e abertos para o imenso potencial que vive em cada um de nós, estamos mais perto de dar um salto gigantesco na qualidade de vida que aceitamos viver.
O marasmo da crise, do desemprego e da perda do poder de compra, toma conta das nossas mentes, tornando-nos robots de medo, encolhidos e deprimidos, sem respostas, caindo na apatia da crença que nada podemos fazer para impedir o triste futuro que nos aguarda.
Este é o momento para acordarmos em nós o PODER natural para regressar ao bom senso e recuperar uma consciência sábia e inteligente.
Esperamos todos pela solução que virá de alguém que pode ou sabe mais do que nós! Quem sabe esta esperança é aquilo que alimenta a nossa própria impotência? E se a solução vier de nós mesmos? E se percebermos que somos coniventes do processo colectivo e que ele só muda quando contribuímos para essa mudança?
Acreditamos que o mundo precisa de mudar para que possamos ser mais felizes, ter melhores oportunidades ou ser protegidos dos perigos do desconhecido.
Só podemos ser protegidos da nossa própria mentalidade. Fugimos de quem? Esses de quem fugimos, ou dos quais dependemos, não são senão catalisadores dos nossos medos e inseguranças. Se estivermos à espera que o mundo mude, vamos esperar para sempre, enquanto a vida passa por nós e nos consome na dor da perda…
O mundo por outro lado, diz-nos: Quando mudares, eu mudarei, pois eu sou um reflexo teu. Apontamos o dedo para fora, em vez de o apontarmos para dentro. O que é que cada um de nós tem feito para alterar o curso da sua vida?
Ninguém pode alterar aquilo no qual se deixa aprisionar.
Estamos presos ou deixamo-nos aprisionar?
Estamos desempregados ou criámos o nosso próprio desemprego?
Estamos pobres ou fizemo-nos pobres?
Estamos sem esperança ou desistimos de a ter?
Chamar a nós a responsabilidade pela participação que temos nestas realidades é um acto de maturidade e sabedoria. Como criamos, o desemprego e a pobreza? Trabalhar muito não nos garante a abundância e o bem-estar. Aqueles que muito se esforçam e trazem na sua mente, o desmerecimento, a incapacidade, o desvalor, o medo e a limitação, não percebem que estão a apostar no cavalo errado.
O mundo está cheio de “trabalhadores árduos” que acabam na pobreza e vivem toda uma vida na míngua. Acreditam que precisam de trabalhar muito para receber a sua sobrevivência. Com esta mentalidade construímos um mundo no qual nos escravizámos à ideia de que trabalhamos para sobreviver ...
De que forma é que a pobreza serve a qualidade de vida do ser humano? O que é que há de virtude na pobreza e na pequenez? Um mundo pobre não honra a inteligência que vive em cada um de nós. A abundância permite o progresso, o crescimento e a expansão da criatividade e do conhecimento.
Milhares de pessoas em todo o mundo alimentam pensamentos de perda, miséria, escassez, desprotecção e doença! Fabricamos as nossas desgraças.
A proposta que a Vida nos traz exige que acordemos para novos níveis de lucidez. Não é fazendo mais que recebemos mais, mas sim pensando melhor. Será que se abrirmos mão da ideia de pequenez, a abundância bate à nossa porta? Certamente que sim. A Vida responde aos nossos impulsos mentais, não a um código externo.
Trabalhamos para sobreviver, ganhar o mínimo de dinheiro para ter poder de troca? Se assim for, pomos a nossa inteligência e criatividade ao serviço do medo e da limitação. Quanto valho em dinheiro? Isto é, quanto valor tenho para trocar com o mundo?
Num mundo mais esclarecido e iluminado o trabalho é uma aventura de partilha e desfrute do nosso poder criador. E não precisamos de esperar pelo futuro para viver essa realidade. Aqui e Agora escolhemos em que mentalidade queremos viver. Não trabalhamos para os outros, mas sim para nós e por nós.
Acreditamos, frequentemente, que se desfrutarmos do que fazemos, não podemos ganhar dinheiro. O sacrifício passa a ser a moeda de troca para o trabalho. Porquê? Porque aqueles que não merecem não podem ter uma vida fácil.
Estamos colectivamente programados para trabalharmos por obrigação o que nos leva a viver no limite da sobrevivência.
Quando o trabalho se torna um sacrifício o que é que isso nos diz?
Será que o dinheiro é fruto do trabalho que fazemos? Estamos a falar da percepção de valor, tanto do trabalho como do dinheiro. A confusão que existe na mente humana é tão grande que dificilmente podemos conciliar o conceito de trabalho com o de auto-expressão.
Aquele que se vê “pequeno” ou “pouco”, auto-expressa-se na pequenez. Tende a criar ídolos que legitimam e confirmam a sua auto imposta pequenez ou insuficiência.
O que está por detrás dos critérios que escolhemos para valorizar seja o que for no mundo do trabalho?
O que é que determina que o futebol valha mais do que o ensino, ou as artes, ou a governação, ou a criação de riqueza, ou a criatividade, etc, etc,?
Talvez a resposta esteja no nível de consciência em que vivemos. Como sociedade, o que é que privilegiamos? A recarga das nossas emoções ou a expansão da consciência?
Quando pensamos na relação entre o trabalho e o dinheiro há que considerar o peso que a memória colectiva tem sobre nós, agindo como alavanca de tendências comportamentais e de atitude.
Nesta dança de percepções, o escravo vê o seu senhor como alguém muito acima dele, com poderes e encantos que não existem em si. Antes de podermos ser escravizados temos de ter idolatrado algo ou alguém e menosprezado o nosso próprio valor.
Na sociedade actual continuamos convencidos de que os ricos e os senhores do mundo são os maus da fita e que os pequenos e indefesos, aos milhões, são os coitados que não merecem ser maltratados, abusados ou atirados para a miséria.
Será que os “ricos” existiriam se os “pobres” tivessem uma mentalidade diferente? Se o pobre se vê pobre, ninguém o pode enriquecer. Se o rico se vê rico, ninguém o pode empobrecer. Já vai sendo tempo de acabarmos com esta inconsciência de que a nossa triste sorte vem daqueles que têm mais do que nós.
Para que eles tenham mais, alguém tem de se aceitar como menos. Essa responsabilidade é co-partilhada e não depende de nenhuma das partes isoladamente. Ninguém é rico por sorte, nem pobre por azar.
Criaremos um mundo mais inteligente quando assumirmos as responsabilidades mútuas na criação das realidades.
São os “pobres” que depositam a riqueza na mão dos “ricos”. Esse depósito é feito através da mente. Cada vez que nos comparamos com alguém, estamos a transferir para a sua “conta criadora” a mensagem da nossa percepção e a retirar da nossa “conta criadora” o respectivo “montante” .
A responsabilidade pela míngua, pobreza, doença e opressão é das duas partes.
Estaremos prontos para a viragem inteligente, antes que o modelo se destrua a si mesmo?
Quanto PODER reside em nós que não é aproveitado. As pessoas que habitam esta humanidade estão a viver um momento histórico! Cabe a elas activar o seu PODER e usá-lo a favor de si mesmos.
Oradora e fundadora da escola de coaching ECIT
www.escoladecoaching.com
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REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2012