in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2019
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Vamos começar por definir "depressão" neste contexto, tomando a essência da definição económica: redução significativa de geração de riqueza e de patrimónios. Assumo que, se me está a ler, pelo menos tem as condições mínimas de subsistência física disponíveis ou acessíveis. E alguns extras, como eletricidade, água potável canalizada, acesso à internet, etc. Que também tem condições de saúde básicas necessárias, mesmo que não perfeitas. E que está mesmo com uma vontade firme de tomar decisões relevantes para a sua vida.
Premissas feitas, vamos diretos ao assunto.
Comecemos por definir um ponto de vista da tomada de decisões responsáveis e de impacto positivo persistente, de longo alcance: o ponto de vista estrutural.
O ponto de vista estrutural é o ponto de vista que todos os "Invernos" da vida nos pedem. É com ele que ganhamos consciência sobre o que é essencial: ganhamos consciência sobre nós, sobre as situações e contextos em que nos encontramos, e sobre as causas que geram os efeitos que experienciamos. E ficamos em condições de estabelecer uma fundação, uma base a partir da qual preparamos o terreno para construir de novo - para construir melhor.
Sustentemos esta estruturação em quatro pilares: o pilar do diagnóstico, o pilar do propósito, o pilar dos meios, e o pilar dos atos.
O pilar do diagnóstico responde à questão básica: quais os detalhes da situação financeira em que me encontro? Mais concretamente, aqui o leitor deve saber e ter presentes os seus fundamentais financeiros, que muito sumariamente podemos classificar em:
-o que recebe (rendimentos);
-o que gasta (gastos);
-o que tem à disposição e é seu (ativos);
-o que tem à disposição e não é seu (passivos).
Depois de rever os números por um período apropriado (o mínimo que recomendo é um mês, que pode ser comparado com um período idêntico em condições, ou tempo - o mês anterior ou o mês homólogo -, ou de natureza - aquela altura em que esteve como está agora), algumas perguntas que deve colocar-se:
- Que história estes números contam? Que decisões e escolhas refletem?
- Que decisões deveriam não refletir? Quais as melhores decisões que podem emergir em seu lugar?
Clarificado que esteja o ponto onde estamos, somos conduzidos naturalmente até onde quereremos ir, no mínimo até à emergência dessa necessidade - ao pilar do propósito.
O pilar do propósito é, nesta perspetiva de refundação, o pilar mais vital de toda a refundação financeira. Porque é um reflexo da luz que nos ilumina o caminho nos momentos mais difíceis, em todas as circunstâncias, incluindo as financeiras, e nos permite certificar os passos necessários a dar.
"Júlio, mas eu não sei qual é o meu propósito, nem de vida, nem agora."
Então é importante focarmos no que pode fazer a respeito agora. E pode fazer três escolhas fundamentais e que, por definição, já o orientam para o seu Propósito:
- Estancar as fugas, perdas ou riscos emergentes do pilar do diagnóstico, naquilo que pode fazer;
- Definir, agora mesmo, como meta, descobrir um propósito maior para a sua vida; e
- Orientar a sua refundação financeira, transitoriamente, para este objetivo de descoberta do propósito até que tenha uma visão mais clara dele adiante.
O seu propósito de vida é o objetivo mais importante de todos. É o macro objetivo, o meta-objetivo, o objetivos dos objetivos. E todos os outros objetivos devem submeter-se-lhe, se não em sucessão direta, no caminho para o reconhecer. E é um direito seu, de nascença, uma bênção do Universo para o leitor viver! Uma bênção que pede concretização e nos leva até ao pilar dos meios.
O pilar dos meios combina os anteriores de forma equilibrada e harmónica, ajustada às nossas vidas e circunstâncias particulares, em 3 grandes dimensões:
- Do espaço: que espaço (interno e/ou externo) é necessário reservar para transformar a nossa situação financeira de forma propositada?
- Da energia: que investimentos de atenção, energia e tempo a dupla diagnóstico-propósito pede?
- Dos elementos e dinâmicas: que combinação de estratégias, métodos, ferramentas e outros apoios é viável considerar já? Quais, onde, como, com quem? Que outros recursos podem aparecer em consequência a seguir? E depois desses?
O pilar dos atos é o último na ordem, mas o primeiro na manifestação, pois sabemos que não há conceção ou desenho que sirvam se não forem aplicados. Três conjuntos de questões típicas que nos colocamos quando estamos mesmo prontos para avançar rumo ao que deve ser feito:
- O que vou fazer para que os anteriores se concretizem? Que decisões devo tomar agora?
- Que ajustes quero fazer na minha agenda? E nos meus hábitos? Como vou assegurar que me mantenho no rumo certo?
- De tudo o que pudesse fazer, qual é a decisão que, se tomada e executada agora, coloca a refundação em marcha?
A grande oportunidade das depressões é a da transformação genuína e profunda do que somos, pelo que de melhor podemos ser. As finanças não são exceção. O jogo da vida é um sem fim de fluxos e movimentos orientados por um Bem Maior – um Bem que nos suplanta ao mesmo tempo que nos considera e ama, tanto melhor quanto mais aprendemos a dispor-nos nesse sentido. Disponhamo-nos! Não há queda que não possa dar em cume.
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“Sonhar Sem Agir É Como Amar Sem Cuidar.”
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