in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2023
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O nosso corpo é uma máquina orgânica extremamente inteligente e bem organizada, que está feita para nunca adoecer. Já são conhecidos e provados pela ciência e pela medicina os inúmeros mecanismos de defesa e proteção através do sistema imunitário. Contudo, inserido num meio ambiente alimentado a estímulos, o corpo humano é sistematicamente induzido a desequilíbrios que desencadeiam stress no organismo, colocando-o num estado latente e de permanente de tensão que, gradualmente, vai fazendo alterações de desequilíbrio bioquímico hormonal, que se traduz num impacto no corpo emocional da pessoa. Este impacto emocional é inevitável e acontece em diferentes níveis, dependendo da identificação mental do ser humano com os estímulos exteriores. Quanto mais a pessoa estiver fundida com o automatismo do quotidiano e traumas internos, mais inevitável e impactante será o desequilíbrio na saúde emocional e inevitavelmente física.
O interesse pela cura, normalmente surge quase sempre tardiamente, quando despertado por um qualquer desconforto emocional e/ou físico, seja ele da fisiologia sistémica interna ou Comportamental. Felizmente o mundo está a mudar e as pessoas estão a ficar mais conscientes, contudo, ainda pouco treinadas a saber priorizar-se e a ouvir o corpo.
Saber ouvir o corpo é o grande passo para permitir que a cura aconteça.
É importante saber sentir e ouvir o corpo. Olhar para ele como um precioso veículo e companheiro diário de jornada, que nos sussurra ao minuto, o caminho da saúde e bem-estar a seguir. É este o segredo para que as pessoas se vejam cada vez menos nos consultórios, seja por dor física ou emocional.
A Saúde é um barómetro da priorização da pessoa na sua própria vida.
Quantas vezes já há manifestamente sintomas físicos e emocionais visíveis e mesmo assim, as pessoas são condicionadas a irem aguentando e 'empurrando a situação para a frente' num movimento de auto-abandono inconsciente, justificando que 'agora não há tempo, que não se pode parar' procurando adormecer-se até ao limite com distrações, comprimidos, vícios ou outras fugas.
Numa sociedade que infelizmente ainda sobrevive muito a analgésicos, é importante lembrar que 'Curar' nunca é uma função do outro, - seja terapeuta, psicólogo, médico ou qualquer outro profissional de saúde.
A Cura, é um caminho. Um caminho de regresso si mesmo, num ato verdadeiro de re-priorização, auto-responsabilidade e amor-próprio.
A cura da pessoa está sempre em si mesma e qualquer desequilíbrio manifestado, vem de uma desconexão para consigo própria. É este desconhecimento de causa e paralelo desespero na pressa de querer ficar bem, que, muitas vezes, faz a pessoa querer encontrar soluções rápidas e mágicas. Ainda são muitas as pessoas a achar que o papel de resolver ou curar a sua situação é do profissional de saúde, seja em termos holísticos ou convencionais. É por isso importante frisar que, a cura, é mesmo uma capacidade intrínseca do indivíduo e que qualquer que seja o profissional, este tem apenas o papel de guiar a pessoa nesse processo.
Ainda assim, há na cura um caminho de compromisso terapêutico, coragem e resiliência. Muitas já são as pessoas que se mantêm fiéis ao seu processo de cura até ao fim na terapia que procuram, mas também outras por vezes iniciam cheias de vontade e, quando começam a perceber o profundo papel de responsabilidade que têm no seu próprio processo de desconstrução, desistem. Mas não faz mal. Todos temos o nosso tempo. E às vezes, também o caminho de cura precisa de pausas. A pessoa permitir-se às pausas, já é estar a sair de um padrão rígido que, no passado, a ajudou a adoecer. A pessoa poder-se sentir livre no seu próprio ritmo, também faz parte do seu caminho de cura. Costumo dizer que o coração nunca tem pressa, o ego é que tem.
A cura leva tempo. É um processo na vida da pessoa, não um episódio.
O importante é nunca desistir. Mas muitas vezes acontece. Porque é difícil, porque a dor e o cansaço são muitas vezes intoleráveis ao ego e fazem parecer que o trabalho interior não vale a pena. Ainda condicionados e iludidas pela publicidade do sistema exterior, é ainda apelativo e mais fácil para muitas pessoas selar tudo com comprimidos, que as façam sentir mais dormentes à dor ou acelere o sono. Tudo numa pressa de desconexão com elas próprias face à dor. Contudo, é importante lembrar a quem lê que, este caminho que parece mais rápido, é apenas um caminho ilusório onde a sensação de alívio é confundida com cura. É no abandono do querer curar apenas para alívio de sintomas e sim num compromisso verdadeiro de investigação interior e amor-próprio, que a verdadeira cura acontece, numa resposta consequente e espontânea.
Ainda assim, cada pessoa tem sempre a liberdade de caminhos a seguir. Este livre arbítrio da pessoa deve ser olhado também ele sem crítica ou julgamento. A vontade da pessoa deve ser sempre respeitada. Até porque, todos os caminhos guiam sempre para a cura, mesmo os que pela ilusão, possam ser mais demorados.
A cura começa sempre num olhar delicado para o interior. Só assim se leva cura ao corpo e à vida. De dentro para fora. Um caminho feito com o coração. Sem olhar a metas, mas sim à transformação, curadora, que se vai manifestando ao longo da própria caminhada.
TERAPEUTA E HIPNOTERAPEUTA CLIÍNICA, TRANSPESSOAL E REGRESSIVA
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