in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Pausa…urgente!
Esta situação é a de muitas pessoas, e infelizmente são estas situações que também têm uma maior probabilidade em convergir em perturbações de ansiedade, perturbações de humor ou até outras doenças. A supermulher ou o super-homem é algo inatingível, não existe! E temos realmente que desconstruir essa ideia de que a perfeição é possível. Uma idealização que até pode ter sido criada para inspirar: “Sim, você é capaz de tudo!”, “Você é capaz!”, “Basta querer, que atinge!”. Mas e seremos capazes de tudo? Talvez... Mas em tempos diferentes! Com ritmos diferentes! De certeza que não tudo ao mesmo tempo.
Para quem liga a estudos, há um bastante interessante, desenvolvido por Thomas Curran e Andrew Hill, publicado no Psychological Bulletin, que concluiu que o perfeccionismo está em ascensão (https://www.apa.org/pubs/journals/releases/bul-bul0000138.pdf). Os autores, ambos psicólogos, concluem que "as recentes gerações consideram os outros mais exigentes, são mais exigentes com os outros e são mais exigentes consigo mesmos". E quando não concretizamos as exigências que vemos e lemos serem dos outros, ao mesmo tempo que são as nossas, é o caminho fácil para nos sentirmos incompetentes, frustrados, falhados, tristes, ansiosos...Como contrariar esta situação? Naturalmente o primeiro passo é ter consciência do caminho que está a seguir...e claramente não é ficar à esperar que algo mude por si só, quando continua a seguir o mesmo caminho. Depois talvez seja importante aperceber-se que o nível de exigência que coloca pode não ser realista e que talvez seja necessário fazer algo diferente...nomeadamente dividir as tarefas em casa (com companheiro/companheira, filhos), pedir apoio a avós ou a tios, negociar prazos ou delegar tarefas no trabalho, colocar também como prioridade tempo para si próprio/a.
Priorizar-se não é ser egoísta, priorizar-se é gostar de si e querer cuidar-se, não sendo incompatível com o gostar dos outros, preocupar-se com os outros e cuidar dos outros. Mas cuidar de si é respeitar-se!
Vários estudos mostram que tempo dedicado e não estruturado de inatividade equilibrado com a gestão das atividades promovem uma maior energia, clareza mental e capacidade de concentração ao longo do dia. No entanto, o vivermos tão focados e pressionados pela produtividade, pode-nos parecer até estranho... Isso porque o não fazer nada é muitas vezes associado a preguiça ou apatia, e vem acompanhado por pensamentos negativos, julgamentos e até mesmo uma sensação de culpa.
Mas e se continuar por esse caminho? E cada dia se sentir mais cansado e com menos energia e vontade, como poderá continuar a fazer bem as coisas, a ter disponibilidade física e mental para dar resposta às suas responsabilidades e aos outros? A dar de si a quem lhe é importante, e acima de tudo...Como se vai sentir bem?
Cuidar de si, ter momentos de autocuidados é o que lhe permite estar bem, equilibrado, estável e só dessa forma pode, de forma saudável, apoiar e dar-se aos outros sem se fazer mal. Cuidar de nós próprios não nos torna pessoas egoístas! Torna-nos pessoas conscientes das nossas necessidades, dos nossos limites e ao cuidarmo-nos, iremos conseguir dar melhor resposta a todas as outras responsabilidades e darmo-nos a quem gostamos.
Cuide de si! Por si e por quem ama!
PSICÓLOGA ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE E PSICOTERAPEUTA DA CLARAMENTE
www.claramente.pt
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