in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2014
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De um modo geral, e sobretudo nos casos acima descritos, aprender acerca da energia sexual carece, pelo menos, de tanta paciência e dedicação como aprender a tocar um instrumento musical. Talvez mais, porque o corpo sexual é um instrumento que não estamos meramente a aprender a tocar mas sobretudo a criar, na medida em que não nos foi ensinado que a capacidade do corpo em gerar e sentir prazer é variável e não limitada, desenvolvendo-se através da prática, tal como os músculos se desenvolvem através do exercício físico.
Neste processo de religação ao circuito de prazer erótico, existem três aspetos fundamentais:
A reeducação quanto aos preconceitos e juízos de valor acerca do corpo, adotando-se uma perspetiva do corpo enquanto realidade divina, uma vez que é dos genitais que partem todas as energias que sustentam o ser humano e ocorrem a reprodução, a criação, a regeneração e a alquimia espiritual e é nele que se acumulam e sedimentam as memórias de todas as vivências emocionais que carecem de transformação e sublimação, para revelação da essência pessoal;
A redescoberta de todo o corpo e dos genitais, através de uma postura de observação e atenção plena (desenvolver a mente do principiante, assim lhe chama o budismo), com respeito, curiosidade inocente e amor, numa autodescoberta e exploração (sim, prática da masturbação incluída e recomendada!), que conduzem à aceitação pessoal e dos outros, a níveis mais profundos de intimidade e à capacidade de comunicar mais especificamente o que nos dá mais prazer ou o que mais necessitamos a cada momento ou fase da vida;
A ativação, geração, expansão e integração consciente da energia através de práticas de respiração, som e movimento, como forma de despertar o corpo, que tendencialmente acumula a energia sexual na parte inferior (primeiro e segundo chakras) e de movimentá-la no sentido ascendente, seguindo uma perspetiva de sexualidade unitária ou sagrada que as tradições filosófico-espirituais e xamânicas nos dão conta.
Daqui se depreende que esta é, em primeiríssimo lugar, uma jornada pessoal, tendente ao encontro com o(s) outro(s) e, logo, uma responsabilidade que cabe unicamente ao indivíduo. Por outro lado, a noção de que o sexo começa (e continua) tão, mas tão longe e para além da cama; de que envolve todo o corpo e não somente os genitais e de que, num relacionamento, é uma combinação entre como expressar livremente o amor, as intenções e bênçãos que cada um traz para o relacionamento, assim como uma forma de aceder a planos e dimensões físicas e extra físicas até então desconhecidas.
Partindo do pressuposto de que a energia move-se para onde se coloca a consciência, sugerimos duas práticas, a primeira a realizar individualmente e a seguinte a dois, para expansão das possibilidades orgásmicas e para ativação da energia extática e de estados alterados de consciência:
Deitado de costas, relaxar plenamente o corpo, fazendo algumas respirações profundas; colocar a atenção plena em diversas partes do corpo, uma de cada vez, das menos sexuais, às mais sexuais (e vice-versa), e respirar desde esse lugar do corpo; sentir as perceções, sem necessidade de saber o que significam e quanto tempo durarão, apenas aceitando que tudo pode acontecer;
Os parceiros adotam a posição de rei e rainha, ou yab-yum, na designação do tantra, na qual o homem se senta em posição de lótus e a mulher se senta no seu colo, ambos utilizando a respiração sincrónica ou alternada e a visualização criativa, os quais permitem a criação de um círculo de energia que se move, através dos chakras, desde os genitais de ambos os parceiros, até ao topo da cabeça (ver figura).
E assim gradualmente, os impulsos do exterior que condicionam a expressão única e bela do indivíduo, transformam-se em foco no ser interno criativo e criador e a potência que o ato sexual gera torna-se a vitamina que estimula e afina os passos de expansão da consciência que cada um escolheu vir trilhar, em liberdade.
Socióloga, Formadora Comportamental, Educadora e Terapeuta Sexualidade Sagrada Feminina
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