Por Diana Costa Gomes
in REVISTA PROGREDIR |DEZEMBRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Cerca dos 2 anos, em que a imaginação é fértil, mas a criança não possui ainda mecanismos que a permitam distinguir realidade e fantasia, aparecem, muitas vezes, os medos, que tomam forma nos terrores noturnos e pesadelos, bem como ao nível comportamental.
Com efeito, já aqui, a criança é incentivada a ter coragem, a ser “forte”, “valente” para que os combata e o medo, esse, é visto como qualquer coisa pertencente aos fracos ou, na sua linguagem aos “mariquinhas” e é, ele próprio, um bicho-papão que a criança deve mandar embora tão rápido quanto possível. As páginas tantas, a criança tem medo… de ter medo.
Ora, a palavra coragem vem do latim coraticumque.
Significa“agir com o coração”. Logo, ter coragem é agir de acordo com o que se sente verdadeiramente. Ou seja, ter coragem, no que à questão dos medos diz respeito, não será fugir dele, mas assumi-lo e aprender a lidar com ele.
O medo é um elemento protetor da nossa sobrevivência que tem um papel tremendamente importante na salvaguarda da nossa integridade. Pode, todavia nos casos em que não é “domado”, constituir uma força bloqueadora para o nosso crescimento e superação individual.
Voltando às crianças, elas deverão aprender que não há mal nenhum em ter medo, que ter medo não faz delas menos corajosas e que, às vezes, os adultos também têm medo.
O conceito de inteligência emocional está intrinsecamente ligado a esta questão. Inteligência emocional traduz-se na capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e dos nossos relacionamentos.
A inteligência emocional tem cinco vertentes: Auto conhecimento emocional: reconhecer e conseguir nomear as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem (Estou triste; tenho medo); controlo emocional: lidar com os próprios sentimentos adequando-os a cada situação vivida; Automotivação: dirigir as emoções ao serviço de um objetivo ou realização pessoal; reconhecimento das emoções nos outros (“ele também tem medo”); habilidade nos relacionamentos interpessoais. Uma pessoa inteligente emocionalmente não é aquela que controla as suas emoções, mas aquela que controla as suas ações.
Como é que a inteligência emocional pode ajudar a encontrar a coragem? Confie em si mesmo. Supere as suas limitações e adversidades com coragem. Desenvolva a sua inteligência emocional.
Acontece, não raras vezes, em virtude de uma situação de crise, quando esta é superada com sucesso, por exemplo, em situação de doença oncológica, ouvirmos o que, à primeira vista, poderá chocar: “O cancro foi a melhor coisa que me aconteceu”. Com efeito, mostra-nos a investigação que, aquando a confrontação com o diagnóstico e a perceção vivida de finitude, o individuo desenvolve uma capacidade de insight e, logo, de inteligência emocional.
“Tornei-me muito mais corajosa!”
Nesta ótica, a coragem não é, de forma alguma não ter medo, não estar triste…
Ter coragem é ser capaz de mostrar as fraquezas, os medos, as tristezas…
Com CORAGEM
PSICÓLOGA CLÍNICA, MÃE DE GÉMEOS E AUTORA DO BLOG : “DE BARRIGA CHEIA”
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in REVISTA PROGREDIR |DEZEMBRO 2019
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