Por Elisabete de Paiva Monteiro
in REVISTA PROGREDIR |NOVEMBRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
As emoções têm lugar no corpo, isto é, são respostas fisiológicas aos acontecimentos do meio envolvente (estímulos externos) e/ou a pensamentos e a criações da imaginação (estímulos internos), sendo manifestadas por várias alterações fisiológicas visíveis quer através de expressões faciais (e.g. ruborização, modificação temporária do formato das sobrancelhas, dos lábios, das narinas, etc.), corporais (e.g. respiração acelerada, batimento cardíaco acelerado, tensão muscular, agitação motora, sudação excessiva, choro, etc.), quer ainda sentidas através de sensações viscerais (e.g. “aperto” no estômago, “nó” na garganta, etc.). Verifica-se, assim, que a emoção é dirigida para o exterior, de forma pública, e o seu impacto inicia-se na mente.
O objetivo primordial das emoções é ajudar o ser humano a manter-se vivo, constituindo-se desta forma como um mecanismo de defesa em prol da sua sobrevivência e bem-estar.
Para que as emoções se desencadeiem internamente são necessárias algumas condições. Dentro dessas condições, temos, por exemplo, um conjunto complexo de respostas químicas e neurais, mas também a consciência. Esta tem de estar presente não só para que as emoções tenham lugar, mas também para que os sentimentos que daí decorram possam influenciar o sujeito que os tem, muito para lá do aqui e do agora, proporcionando desta forma um impacto perdurável no seu ser, dado que o sentimento é dirigido para o interior, de forma privada, constituindo-se numa experiência mental do sujeito.
Apesar da dificuldade em haver uma definição clara e objetiva deste construo psicológico, a consciência, poder-se-á dizer que é um sistema de perceção situado na periferia do aparelho psíquico, o qual recebe simultaneamente informações provenientes do mundo exterior e do mundo interior do sujeito, constituindo-se assim, numa experiência individual.
Verifica-se desta forma a importância da presença da consciência no sujeito — as emoções e os sentimentos dependem dela. Como anteriormente referido, as emoções visam a sobrevivência do sujeito. Ora, se as emoções estão presentes na consciência, e dependem dela, então a consciência também visa a sobrevivência do sujeito.
Não há acontecimento psicológico mais relevante para o sujeito do que as emoções. É perante uma alteração nas emoções que se poderá fazer a leitura de presença ou ausência de psicopatologia. É a parte emocional do sujeito que lhe comunica o seu estado interno.
Poderão existir umas emoções mais agradáveis de se sentir, tal como a alegria e o orgulho, por exemplo, do que outras, como a tristeza ou a raiva. Há emoções que, conscientemente, sentimos que nos perseguem, outras que fogem, que podem magoar ou nos deixar radiantes. É essencial que o sujeito tenha pleno conhecimento do que sente, do impacto que as ações e os pensamentos do quotidiano têm no seu ser, que emoções são desencadeadas e qual a leitura a fazer desse impacto, tão singular e idiossincrático.
Uma vez que não se pode suprimir a emergência das emoções, torna-se necessário saber lidar com as mesmas, entrando-se assim no domínio das competências emocionais. Estas traduzem-se na capacidade de regular, controlar, redirecionar e modificar os impulsos comportamentais em resposta às exigências sociais, particularmente os de índole agressivo, onde as competências emocionais assumem um papel essencial no relacionamento interpessoal. Por exemplo, o controlo ineficaz da agressão, comprometedor do ajustamento social, pode ser avaliado como uma falha das competências emocionais.
Se ganharmos conhecimento sobre a relevância das emoções, mesmo aquelas mais subtis e efémeras, mas que se entranham em cada momento nas nossas vidas, podemos compreender o impacto das mesmas no nosso sentir e no nosso pensar, e agir em consonância.
PSICÓLOGA CLÍNICA
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in REVISTA PROGREDIR |NOVEMBRO 2019
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