in REVISTA PROGREDIR |NOVEMBRO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O Confronto com a Realidade
Vivemos num mundo em que, cada vez mais, somos encorajados a procurar o conforto e o bem-estar. O avanço da ciência e da tecnologia, proporciona-nos uma vida facilitada e cómoda em comparação com as dos nossos antepassados. Contudo, esse suposto facilitismo da nossa sociedade moderna acaba também por nos tornar mais afastados ou mesmo alienados da realidade.
A realidade tem muitos espinhos, mesmo que os procuremos evitar a todo o custo. Muitas vezes, preferimos a negação, a fuga ou a procrastinação, porque nos iludimos acreditando poder escapar à dor ou a dificuldade. E, neste contexto, o verdadeiro ato de confrontar estará em relação direta com encontrar dentro de si a coragem necessária para encarar as circunstâncias tal como elas são. Enfrentar a realidade, por mais dura que seja, é o primeiro passo para a transformação.
Pensemos, por exemplo, na aceitação da perda. Quando perdemos alguém ou algo significativo para nós, entrar em confronto com essa perda pode ser doloroso. No entanto, somente se o fizermos conseguiremos realizar o necessário processo de luto e através deste processo transmutar a dor sentida em superação. Tentar fugir a essa dor apenas prolonga o sofrimento e impede o crescimento.
O Confronto com os Outros
A convivência humana está marcada por desentendimentos e conflitos de menor ou maior grau. É até natural que assim seja pois seria impossível viver sem que, em determinado momento, se discordasse ou tivesse opiniões diferentes das pessoas que nos rodeiam.
Nesses momentos, temos duas opções:
- A agressão ou
- O diálogo
A história humana está repleta de exemplos de como o confronto agressivo acaba em destruição e dor. No entanto, felizmente existe a outra opção apontada, a do confronto construtivo através do diálogo. Este tipo de confronto não visa "ganhar" ou "derrotar" o outro, mas sim encontrar uma forma de convivência que respeite a individualidade e a dignidade de ambos. E aqui é importante aceitar que todos nós somos seres complexos, com as nossas próprias histórias e percursos de vida. Todos merecemos respeito, mesmo na discordância.
Confrontar o outro com empatia e compreensão transforma qualquer discussão numa oportunidade de crescimento mútuo. Nem sempre o final será positivo para ambas as partes, principalmente quando estamos frente a frente com alguém que só pretende satisfazer os seus interesses e se mostra indiferente aos interesses alheios. E, por isso mesmo, talvez seja oportuno procurar dentro de nós mesmos se perante uma disputa estamos mesmo dispostos a ouvir e tentar compreender o outro, ou apenas a procurar impor a nossa visão e a nossa verdade.
O Confronto com o “Eu”
Por fim, chegamos ao confronto mais profundo e desafiador: o confronto com nós mesmos.
- Quem somos, de verdade?
- Que medos e inseguranças vivem dentro de nós?
- Quais os nossos sonhos e desejos?
- Em que momento é possível que nos tenhamos desviado da nossa essência para sobreviver neste mundo físico?
- E o que podemos fazer para nos reencontrar?
Com muita frequência nos escondemos por trás de papéis sociais e expetativas externas, enquanto nos focalizamos em realizar as nossas próprias ambições e transmitir uma imagem de sucesso. E confrontar o nosso verdadeiro “Eu” implica fazer as pazes com as nossas fragilidades e falhas. Implica aceitar que não somos perfeitos e que, na jornada da vida, vamos somar erros e frustrações. E está tudo bem na medida em que o importante é como lidamos com esses erros, como aprendemos com eles e, mais ainda, como usamos essa aprendizagem para evoluir.
O confronto com nós mesmos também envolve o reconhecimento das nossas potencialidades. Muitas vezes, tememos o nosso próprio poder, preferindo permanecer na zona de conforto, sem explorar ao máximo as nossas capacidades. O medo do fracasso pode paralisar-nos. Contudo, o confronto com esse medo pode ser libertador. Só quando aceitamos o risco de falhar é que conseguimos realmente alcançar o verdadeiro sucesso, quer seja pessoal, profissional ou mesmo emocional e espiritual.
confrontar como jornada de autotransformação
Confrontar pode, portanto, não ser necessariamente um ato de agressividade ou de conflito, mas sim um convite à coragem. Coragem de olhar para o mundo, para o outro e para nós mesmos com olhos limpos, sem a venda do medo, da negação ou da insegurança. Ao confrontar, não estamos a escolher o caminho mais fácil, mas estamos certamente a escolher o caminho mais verdadeiro.
A vida é feita de tensões, dualidades e oposições. É no confronto que surgem as grandes aprendizagens e transformações. Quando aceitamos o confronto como parte essencial da vida, não só nos tornamos mais resilientes, como também mais sábios. Em última instância, confrontar pode tornar-se o início de uma jornada de autodescoberta e de conexão com o mundo.
TERAPEUTA E COACH TRANSFORMACIONAL
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