Por Emídio Ferra
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2022
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Justifica-se estabelecer um paralelo entre a história que tem demarcado o dinheiro e o símbolo do princípio da filosofia chinesa, o Yin e o Yang.
Tratam-se de complementos, que sendo forças opostas, num movimento circular constante, encontram o equilíbrio e a harmonia, nesse movimento que tende para a instância e o infinito.
As duas esferas do símbolo, ao apresentarem cores opostas e complementares, assim também se pretende afirmar que dentro de cada um de nós, temos o manifesto do nosso oposto, procurando-se em permanência a junção com o nosso complemento, mas nunca se realizando esse encontro ou se tocando nele, de forma definitiva. Contudo, o desejo acende uma chama que alimenta a busca e a continua busca pelo eterno retorno...
Numa primeira instância, esta imagem pode-se traduzir numa ansiedade constante e insolúvel. Porém, também nos transporta para a nossa condição de movimento como Anima, o que proporciona a existência de vida num permanente ciclo de mudança e simultânea constância!
Talvez deste modo, se torne mais simples percecionar, porque tendo o dinheiro uma função de gerar a paz, devido a facilitar e premiar as trocas entre seres e a justiça nas relações entre os povos, comunidades e indivíduos, num ápice se transforma num instrumento gerador de dissonâncias, ganância, cobiça e guerra!
Após esta breve explanação, voltando a focar no tema principal desta edição, conflito, e no tema desta rubrica, finanças, é oportuno aceitar que ambos os conceitos têm tido uma afinidade latente. Até poderemos afirmar que se trata de uma crença e que no percurso do desenvolvimento humano, ao se aceitar a nossa condição como seres divinos, a abundância e acesso aos recursos de que necessitamos, estariam inerentes como fruto da nossa verdadeira natureza.
Bom, de algum modo, a realidade que se tem presenciado, ainda não nos permite acreditar plenamente nessa possibilidade, da simbiose entre o dinheiro, que vive fora de nós e o divino que nos habita incondicionalmente.
Mas, como dita o senso comum, trata-se obviamente de um conflito a ser resolvido, interiormente, para então, após essa conquista, tornar-se luz na consciência, seguidamente, pacificar-se a questão social e comunitária, de forma a se construir uma verdade amadurecida pela pacificação e pelo amor próprio dos seres e de cada um, em si.
Grande parte deste conflito é gerado pela não aceitação da abundância, que reside em nossos subconscientes e na herança da imagem adulterada que nos habituaram a fazer crer, ao longo da história das civilizações, pervertida pelo fascínio do poder e pelas riquezas materiais, e simultaneamente pela escassez crescente dos valores éticos e humanizados.
O medo, dor e a tragédia são assombrações que têm assolado nossas almas ao longo de milénios. Tendo o dinheiro personificado e assimilado esses fantasmas nas sociedades tecnocratas, torna-se dificílimo olhar com clareza para essa energia de troca e assimilar o lado divino que transporta. Para superar este conflito e trazer a paz para as sociedades é preciso inaugurar o processo de iniciação da pacificação grupal.
De mãos dadas, como irmãos, fruto da valorização da cooperação, como modo de estar, encontraremos a tal maturidade de aceitar que nas diferenças se encontrará a similitude e complementaridade, de que tanto precisamos para obter o bem-estar e o florescimento humano, que em harmonia com a natureza, poderemos redescobrir o amor universal e a pureza nas relações entre pares.
Tendencialmente, parecerá uma utopia, mas na verdade, falamos da essência inerente à nossa espécie, enquanto ser social e comunitário, que precisa impreterivelmente do outro, para se realizar e ser verdadeiramente quem é.
Traduzindo estes apontamentos para a realidade financeira na atualidade, em parceria com a economia local, indica para primeiramente, a evolução da raça e sociedade humana, como ser senciente, responsável e transcendente, capaz de superar a sua história hostil e insólita em prol de um bem incomensuravelmente mais qualificado e dimensional mente humanizado.
Assim sendo, verifica-se uma necessária ascensão de uma camada significativa da raça, e não só de elementos diferenciados de estatuto elevado e qualificado, porque sem a presença de representantes de todos os quadrantes, é inviável realizar uma ascensão global. Tal como na Génesis, Noé na sua arca transportou para a salvação do diluvio premente, a sua família e uma família de cada espécie de animal existente à face da terra. Nesta era global e digital, a Arca de um novo Noé, terá de transportar para a salvação, representantes de todas as hierarquias, humanas, animais e vegetais e assim recriar uma nova era de Paz.
Naturalmente para que as sociedades utilizem o dinheiro como fonte de troca é, mesmo antes do dilúvio purificador, necessário cocriar um modo de vida em partilha, amor e paz. Contudo, para tal, será imprescindível uma purificação da alma ao nível individual e uma mudança de paradigma das alianças das novas comunidades, que premeiem a pacificação dos conflitos e a presença da paz nos corações de cada um, inerentemente da sua maioria.
CONSULTOR EM BIOECONOMIA, FINANÇAS E INOVAÇÃO
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“Empreendedorismo e Inovação”
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2022
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