Por Rute Calhau
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Todos nós já vivemos amores e desamores. E em todos esses amores e desamores, criámos as nossas ilusões, as nossas expectativas, que por sua vez viraram desilusões passado algum tempo.
O Ser Humano tem por defeito e carência, colocar o peso no outro, daquilo que não encontra em si. A mania de cobrar a confiança e tentar controlar aquilo que não é controlável.
Os sentimentos fluem e como tudo na vida, tudo tem início, meio e fim. É uma realidade que a maioria de nós não quer ver e por isso mesmo na grande maioria dos casos, ao sair de uma relação a pessoa fica debilitada emocionalmente, frágil mentalmente e por vezes incapaz de continuar a sua rotina. Ai vem a fase do luto e de repensar em tudo o que passou (tal como a própria palavra indica, já passou, faz parte do passado). Isso é o pós trauma. E de onde vem, de onde nasceu esse trauma? Se formos a pensar bem, será que confiamos nos nossos pais? Nos nossos educadores? Nos nossos amigos? Em quem nos rodeia? Em nós mesmos? Ou estamos constantemente a não confiar naquilo que somos e naquilo que os outros são. A não permitir que a vida flua livremente como acontece com a corrente do rio. É impossível remar contra uma corrente. O melhor é deixar ir. Flutuar pelo corpo do rio até chegar ao ponto de desembarque.
Quando eramos crianças, acreditávamos que os nossos pais não nos iam magoar ou deixar cair. Que os nossos amigos iriam estar sempre ali ao nosso lado e que a vida não nos ia separar. Que o nosso primeiro amor seria para sempre, como nos contos de fada ou nos filmes da Disney. Que a vida era eterna e que nada nos abandonaria…
Conforme fomos crescendo, vamo-nos apercebendo que os nossos pais também são gente e também caíram. Que era impossível eles não nos deixarem cair quando eles próprios se sentem inseguros e sem rumo (não deixam nem permitem a vida fluir, tentando controlar tudo, mas nada é controlável). Que os nossos amigos também têm vida própria e que a maioria das vezes não estão lá presentes. Mas sabendo que os verdadeiros amigos são sempre mantidos por maior que seja a distância ou a indisponibilidade… Que afinal de contas, nos contos de fadas ou filmes da Disney, depois do casamento nada vem, apenas a celebre frase “felizes para sempre”. E depois de terem filhos? Depois de caírem na rotina? Depois de se magoarem? Depois de já não se amarem? Apercebemo-nos que a vida não é eterna quando começamos a ver os nossos familiares e amigos a falecerem, por velhice ou doença. Passamos à fase de desacreditar em tudo e todos, pois nada é como na nossa mente ingénua de criança foi criada. A ilusão de que tudo era ou seria perfeito, e que tudo era para sempre.
Nos primeiros meses de uma relação, percebe-se claramente se irá ser uma relação estável ou não estável, duradora ou não duradora. Basta sermos conscientes de nós mesmos e percebermos a realidade da situação.
Não podemos de todo confiar no outro se não confiarmos em nós mesmos, se estivermos em predominante questionamento sobre o que queremos. Se queremos ou não estar a assumir aquele relacionamento. Se estamos a ser exigentes ou não com aquela pessoa, se não a aceitamos tal como é. E a ti? Aceitas-te tal como és?
A grande reflexão está em nós mesmos. Percebermos o que queremos para a nossa vida, para o nosso momento, pois a vida acontece agora, exatamente neste momento. Se não se deixar a vida fluir, não estamos a ser verdadeiros connosco e não estamos a ir de acordo com a nossa essência. Uma coisa é o que traçamos como plano de vida, outra é aquilo que acontece. E enquanto não estivermos preparados para encarar a vida tal como é, em todos os desafios, certamente que o Universo nos vai trazer cada vez mais questões a trabalhar até se fazer Luz.
Não se pode confiar no outro se não confiamos em nós mesmos. No nosso íntimo, nas nossas capacidades, na nossa fidelidade. És fiel a ti mesmo/a? Segues o que sentes? Será que estás a ser verdadeiro contigo mesmo/a?
O que sentes? O que queres?
Num dia podemos querer uma coisa e no outro seguinte outra completamente diferente, porque como tudo na vida, muda. E as pessoas mudam. Nós mudamos. Mas a essência está lá sempre, mesmo que parecendo escondida.
A tua essência encaixa na essência da outra pessoa? Se sim, então confia. Confia em ti. Porque o Universo vai trazer-te as respostas. Vais sentir uma felicidade, uma paz de espírito inexplicável quando aprenderes a deixar fluir a vida. Lembra-te que se nem a ti mesmo/a te controlas, como podes controlar o outro? Nada é controlável. E tudo o que acontece é porque assim tem que acontecer. Respeita o ciclo da vida. Liberta-te das amarras do passado e simplesmente vive. Confia em ti. Só confiando em ti poderás confiar no outro. Na vida e permitires-te ser feliz.
A Energia Universal é tão perfeita à medida em que nos coloca na hora certa, no momento certo, para trabalharmos em nós aquilo que temos a trabalhar no nosso interior. O outro é apenas o veículo para lá se chegar. A partir do momento em que encaramos esta realidade e aceitamos em consciência a vida, automaticamente vamos permitir que a mesma flua. Ao deixarmos a vida fluir, estamos a acreditar em tudo e acima de tudo em nós mesmos. A vida flui, a vida é leve, é alegre, é boa.
Caminhos cruzam-se e descruzam-se. E podem voltar a cruzar-se. Nem sempre é o momento certo para a unificação de dois Seres. Eles atraem-se porque têm algo em comum a trabalhar no seu interior e depois repelem quando já nada há a aprender. A estagnação do Ser provoca esse afastamento entre duas pessoas que supostamente se amam. E é aí que se vê se o amor é verdadeiro. Porque se for, não vai deixar de ser só pelo afastamento. Vai permanecer no coração de um e do outro. E quando um dia as suas vidas se voltarem a cruzar, se voltarem a se cruzar. Então aí existe a fusão de almas e torna-se transcendente.
Por outro lado, há sempre o momento em que não estás à espera que a vida tome o seu rumo e simplesmente porque desacreditas-te, então deixaste ir. Deixas-te fluir e as coisas aconteceram. Por isso, acredita para que desacredites e voltes a acreditar de novo. A vida flui. A vida é perfeita dentro das suas imperfeições.
NATUROPATA E TERAPEUTA HOLÍSTICA
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