in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A confiança transcende o valor ético, estabelecendo-se como um alicerce indispensável ao sucesso profissional. A capacidade de confiar e ser visto como confiável afeta diretamente a dinâmica das relações de trabalho, a performance das equipas e o crescimento das organizações. Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, confiar é "Entregar (alguma coisa) a alguém sem receio de a perder ou de sofrer dano. Ter fé. Acreditar”. No entanto, num cenário onde "nenhum emprego está garantido", esse ato de fé torna-se cada vez mais desafiante.
Um Reflexo da Sociedade: Estagnação Versus Crescimento
Em 2021, um estudo sobre satisfação no trabalho mostrou que, 43,8% dos trabalhadores da União Europeia revelaram-se muito satisfeitos. Em Portugal, só 21,6% disseram o mesmo. Estes dados são alarmantes. Os fatores para esta insatisfação são múltiplos, levando em muitos casos à estagnação, contribuindo para uma maior desmotivação.
Este panorama é agravado pela nossa corrida contra o tempo, impulsionada por um excesso de informação e uma dependência da tecnologia, que nos questiona: estamos realmente a libertar-nos de tarefas ou tornamo-nos escravos de uma constante sensação de falta de tempo?
É aqui que a falta de competências emocionais e comportamentais, conhecidas como soft skills, se destacam. Estas competências são fundamentais para navegar na complexidade das relações profissionais e pessoais, permitindo-nos sair da estagnação para um caminho de crescimento e realização.
O Diferencial no Mercado de Trabalho
A resposta para a superação da desmotivação e do sentimento de insucesso passa por uma transformação interna, um diálogo íntimo onde reconhecemos as nossas emoções e necessidades. Este processo é essencial para inspirar mudanças duradouras, tanto pessoais quanto profissionais.
No mundo do trabalho, a era do imediatismo e do medo de expressar vulnerabilidades como insegurança, frustração e fracasso exige um novo diferencial.
Um outro estudo apontou que nove em cada dez profissionais são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamental. De acordo com este estudo, há muitos profissionais qualificados tecnicamente, com um currículo repleto de bons cursos e atividades complementares, mas tanto repertório não é suficiente para conquistar uma boa vaga.
Se as qualificações técnicas não são suficientes para alcançar uma boa vaga profissional, então qual é o diferencial?
Durante anos considerou-se que o QI (Quociente de Inteligência) era o principal fator de contratação e, apesar de o QI ser relevante no trabalho, os estudos têm mostrado que pode servir para prever 1 a 20% do sucesso. Por outro lado, o QE (Quociente Emocional) foi considerado diretamente responsável por entre 27 a 45% do sucesso no trabalho.
Assim, as competências técnicas (hard skills) tornam-se o mínimo exigido, enquanto as soft skills, as competências emocionais e comportamentais, emergem como o verdadeiro diferencial no mercado. Estas competências abrem mais oportunidades, inclusive permitem remunerações superiores.
Muitas empresas possuem alguém cujo QI se aproxima do nível de génio, mas que parece não ter qualquer jeito para lidar com pessoas. Este tipo de pessoas, são propensas a zangar-se facilmente e a atacar verbalmente os colegas, evidenciando frequentemente uma ausência de compaixão e empatia e sentindo dificuldade em obter cooperação dos outros. Muitas vezes, perguntamo-nos “como pessoas tão inteligentes podem ser incapazes de se compreenderem a si próprias e compreenderem os outros”. O que falta a estas pessoas é inteligência emocional (IE).
A boa noticia é que a Inteligência Emocional pode ser desenvolvida. Sendo hoje uma necessidade urgente para todas as pessoas que desejam viver de forma mais significativa e realizada nas suas carreiras, independentemente do cargo, quer seja líder, gestor, empreendedor ou colaborador numa organização.
O termo IE foi utilizado pela primeira vez pelos psicólogos Peter Salovey e John Mayer em 1990, que atribuíram a seguinte definição: “capacidade de monitorizar os sentimentos e emoções próprias e de outros, com o objetivo de os distinguir, e de usar essa informação para orientar o pensamento e a ação”.
As emoções são como o nosso radar pessoal, fornecendo-nos um fluxo constante de informação acerca de nós próprios, os membros da nossa equipa e o nosso ambiente.
Comece a praticar a sua IE através de:
- Autoconhecimento: Dedique tempo para entender as suas emoções e como elas influenciam as suas ações.
- Empatia: Pratique colocar-se no lugar dos outros, procurando entender as suas perspetivas e sentimentos.
- Comunicação Assertiva: Aprenda a expressar as suas ideias e emoções de forma clara e respeitosa.
À medida que avançamos neste caminho de desenvolvimento pessoal e profissional, é crucial lembrar que o sucesso verdadeiro e duradouro é construído sobre alicerces de confiança, compreensão e empatia. Investir na nossa capacidade de confiar e de cultivar relações baseadas na confiança é o investimento mais rentável que podemos fazer, tanto para as nossas carreiras quanto para as nossas vidas.
Encorajo cada leitor a refletir sobre as suas próprias competências emocionais e a tomar medidas concretas para desenvolvê-las. Quais as situações recentes em que reconhecer e gerir as suas emoções poderia ter levado a um resultado melhor? Como pode começar hoje a melhorar a sua inteligência emocional? Que este artigo sirva não apenas como um ponto de reflexão, mas como um catalisador para a mudança e para a busca de uma realização profissional verdadeiramente enriquecedora e sustentável. Juntos, podemos construir um futuro onde a confiança e a inteligência emocional sejam os pilares do sucesso profissional e pessoal.
COACH & INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
www.anaritacosta.pt
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)