
Por Paulo Marques
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Se confiar é entregar, então quando não confiamos em alguém, não nos estamos a entregar, ou seja, estamos fechados “na nossa bolha”, onde não permitimos que os outros cheguem. Mas pensemos ainda, por que razão não confiamos? Então é assim, o que julgamos na vida e nos outros, seja a que nível for, está condicionado pelas nossas vivências, pelo que vemos e sentimos de nós mesmos. Então, se não confiamos em alguém, será que confiamos em nós mesmos? Temos medo que alguém nos faça mal, será então que não tememos o nosso subconsciente que tantas vezes reprimimos devido a tantos padrões sociais que nos foram impostos? E se não confiamos em nós e nos outros, poderemos ter confiança na profissão, no estado social, no dinheiro, só porque, algures no passado, algo correu como não esperávamos?
Se pararmos um pouco para sentir e pensar, vemos que travamos imensas guerras interiores com coisas muito pequeninas. Ouvi há uns dias que em muitos países da Europa a maior causa de “stress” é o dinheiro e não só a falta dele, pois quem não tem, teme pela sobrevivência de quem ama e de si mesmo, mas quem tem algum ou muito, teme perde-lo… será o dinheiro então um “bicho mau”? Procuramos sempre trabalhos melhores, melhores ordenados, tudo para supostamente termos uma vida melhor, melhor conforto, nos mimarmos mais a vários níveis. Mas será só isso? Não será que procuramos incessantemente uma maior perceção de estabilidade, de segurança e controlo? Ou seja, tendo um melhor emprego, tenho mais dinheiro, tendo mais dinheiro, posso comprar mais coisas que me façam falta e cuidar mais de mim, assim sendo, para qualquer imprevisto que tenha, estarei mais protegido, serei mais capaz de o resolver. Então, queremos tanto, tanta coisa, apenas para nos sentirmos seguros, com a vida sob controlo. E porquê? Porque temos medo da incerteza, temos medo de viver apenas o agora, estamos constantemente a viver em projeções do amanhã, projeções essas que são baseadas em vivências anteriores. Se são coisas passadas, quem disse que se vão repetir? Quem disse que ao agirmos assim, elas não acontecem, ou se acontecerem, as controlamos melhor? Resumindo, quem garante que seguindo o medo e vivendo nele, teremos um amanhã melhor? Até podemos ilusoriamente ter, mas estaremos a desperdiçar um maravilhoso “agora” e nesse amanhã, com toda a estabilidade económica e social que podemos vir a garantir, vamos nos sentir tristes, frustrados, apenas porque nos esquecemos de viver, preocupados com o que na realidade não existe.
Discussões, depressões, isolamento, frustração, para quê tudo isso, se podemos apenas deixar fluir a vida? Pode não ser “chapa ganha, chapa gasta”, quem for mais poupado e gostar dessa forma de estar, então que o faça, contudo, não o faça por medo de vir a não ter. Se o fizer, que seja porque faz sentido para o seu coração e é um ato livre e não condicionado pelo medo. Pretendes tentar dar um amanhã melhor aos seus filhos? Isso é uma atitude louvável, mas à conta disso, não os limites agora, seja por zangas, palavras ditas sem sentir, ou porque não permite que façam isto ou aquilo com medo que lhes falte depois. Ao agir assim, por medo, está a destruir sonhos, a fechar corações, a destruir um agora de amor em prol de um suposto amanhã de medo e incerteza.

MILITAR DO SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO, FACILITADOR DO DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA E AUTOR DO LIVRO: “O SENTIMENTO DE VIVER A EMOÇÃO DE SENTIR”, DA CHIADO EDITORA
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in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2016
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