in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Porque será? Talvez por não estarmos a viver nas mesmas condições ou a passar por experiências semelhantes. Não é fácil para o ser humano colocar-se na pele do outro se não tiver passado pela mesma situação. Mas sim é possível "tentar", é possível observar e imaginar o quanto a dor do outro possa um dia vir a ser nossa. Para isso só precisamos de deixar de nos centrar apenas na nossa vida e dedicar tempo à vida de quem nos rodeia.
Ser solidário é tão simples como respirar quando percebemos que temos meios muito naturais para apoiar. Não só com ajuda financeira ou material, mas sim com disponibilidade para ouvir, para conversar, para abraçar, para sorrir, para contribuir com ações que não vão prejudicar, mas sim acrescentar e proporcionar valor.
Numa época tão complexa como a que vivemos atualmente torna-se emergente sermos mais atentos, mais sensíveis ao que se está a passar com a sociedade. Avizinham-se dificuldades extremas para todos, não tenhamos a ilusão de que só ao outro é que a "tragédia" acontece. Economicamente é mais que notório o vislumbre do que nos espera, mas emocionalmente muitos escondem e vão esconder a sua realidade. Não sejamos irrealistas em pensar que o ser humano facilmente ultrapassa situações de falta de alimento e falta de capacidade financeira para dar resposta às mais simples obrigações. O desespero daqueles que perderam ou vão perder o emprego vai tocar-nos a todos. E neste extremo existem aqueles que se vão manter empregados porque trabalham em áreas que não serão tão afetadas.
E é aqui que muitos de nós teremos a "obrigação" de fazer a leitura de como é que se encontra a sua vida e como está a vida do próximo. Não fugir dessa realidade, mas sim estender a mão, sugerir alternativas, contagiar com positividade, ajudar na procura de trabalho, mesmo que o outro nos diga que vai descer de posição e que tinha um vencimento acima da média. Não podemos deixar que se boicote com este tipo de pensamentos, mas sim fazê-lo ver que será uma fase e um meio para atingir um fim. Juntos somos mais fortes, mais felizes e mais saudáveis.
Ser solidário será sem dúvida a maior das ações que deveremos ter durante os próximos tempos, não descurando, não desistindo, sermos consistentes no nosso comportamento. Não é razoável dar a mão e facilmente a retirar quando nos "cansamos".
Desejamos viver ao máximo num só tempo, queremos tudo agora, sem equilibrar os extremos. E nessa intensidade de satisfação cometemos atrocidades com o outro e connosco mesmos. Paremos para refletir o quanto é harmonioso encontrar o caminho do meio, onde a pacificidade e a paz nos permitem absorver a magia da vida, do Amor, da compaixão, do respeito que devemos ter por cada um de nós...
A arte de escutar com um coração genuíno e com uma mente refinada, permite agir com delicadeza. Se não estivermos tão centrados em nós, nas nossas lágrimas, desejos, distrações mundanas, vamos permitir-nos a escutar os nossos amigos, vizinhos, filhos, irmãos, companheiros, com toda a atenção. Desta forma percebemos que o que nos rodeia é parte integrante de nós e se assim o contemplarmos, estamos a contribuir para o bem-estar do Todo.
Exercitar o estado de silêncio ao penetrar na natureza, é treinar a sensibilidade que necessitamos para aprimorar a arte de saber escutar.
E é nesta ilusória correria pelos dias, que nos arranca o escasso tempo para levar os olhos ao céu, que perdemos a conexão tão nobre que nos deu vida. Corpos cansados, semblantes sem esperança, corações congelados e almas desorientadas por não se sentirem em "casa". Um passado que nos define e que criou raízes profundas que nos arrancam a luz de viver com Amor e Paz. Numa vida que tantas vestes encenamos, dando poder a um ego que orienta e não desiste de se posicionar numa zona de conforto, na riqueza material, na posse das suas vontades, sem espaço para observar o real valor da herança que a Natureza primitiva nos deixou. A nudez em que viemos à Terra tem uma mensagem tão rica de significado e que tanto menosprezamos... sinais que o nosso âmago nos sussurra, que se dermos a devida atenção, vamos encontrar a verdadeira razão da vida. Cobrirmos essa nudez com leveza, liberdade, amor, respeito, sorrisos, aplausos, vai levar-nos a um gesto tão grandioso, como olhar para o lado e estender a mão.
Ser solidário é também trabalharmos em nós próprios. Pois, ao ultrapassarmos as nossas dificuldades estamos a construir a nossa força que será imprescindível para ajudar o próximo.
ESCRITORA – COACH DE ESCRITA TERAPÊUTICA
www.escrevecomigo.pt
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)