in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A nossa humanidade é uma engenharia complexa, tanto para o bem como para o mal. Aquilo que somos depende também muito da nossa memória genética mas também das experiências que acumulamos ao longo do tempo e o meio onde crescemos tem uma influência extraordinária na pessoa em que nos tornamos.
A saúde não é apenas a ausência de sofrimento físico, ela depende do bem-estar, que é um conjunto de condições físicas, emocionais, mentais e espirituais. Aquilo que entendemos por bem-estar é bastante frágil. Basta uma das condições não estar equilibrada para que o sofrimento surja.
Tudo o que podemos relacionar com emocional, mental, psicológico e espiritual, torna-se muito subjetivo porque não é visível e podemos viver durante muito tempo dentro de uma destas formas de sofrimento sem que ninguém se aperceba disso, por vezes, nem mesmo a própria pessoa em si. Mas a nossa engenharia humana, que é indiscutivelmente perfeita na sua conceção, dita o tempo limite para esse sofrimento invisível: o corpo torna-se no recetáculo desse sofrimento e acaba por adoecer. Nesse momento, olhamos para o sofrimento físico e iremos considerá-lo real.
Ao longo de décadas, comprovou-se através de estudos e pesquisas que as alterações que o sofrimento silencioso provoca modificam o cérebro e condicionam o equilíbrio do corpo. Por essa razão, dá-se muita importância e atenção na saúde mental hoje em dia, no sentido mais positivo. Valorizamos os estados de ansiedade, de depressão, de tristeza e de carência afetiva, como condições que precisam de ser cuidadas para o bem-estar na sua totalidade.
Afirmo que a natureza humana é uma engenharia perfeita, porque assisti à capacidade de suporte que o ser humano tem sobre a dor, seja ela qual for, ao longo de três décadas dedicadas ao acompanhamento e á recuperação da saúde.
Precisamos de confiar mais no ser humano e nas forças positivas que o caracterizam, mesmo nos momentos mais críticos. Cultivar a paz mental é fundamental para a saúde e bem-estar. A paz interior é temporária, porque ela é emocional, mas a paz mental é permanente, porque é psicológica e o nosso cérebro adapta-se e modifica-se mediante o nosso objetivo de vida.
Estamos indiscutivelmente num momento de mudança de paradigma e o bem-estar é um valor que tem de estar acima de tudo o que acontece à nossa volta. Somos seres sencientes, com sabedoria, donos da nossa energia que podemos orientar no sentido da compaixão. A vida tem a missão de nos colocar desafios no caminho e nós temos a missão de orientar a nossa energia ressignificando os nossos mapas mentais em autocuidado, empatia, autorresponsabilidade e até em liderança, se assim for necessário, para ajudar outras pessoas a reajustarem as suas rotas de bem-estar.
Por vezes, parece que as terapias holísticas estão desgastadas e já não conseguem acompanhar as necessidades que antigamente faziam milagres de cura. Precisamos de olhar para isso como algo novo que precisa de ser unido – a ciência e a espiritualidade.
A ciência, quando inicia uma pesquisa, nunca sabe onde vai chegar; a espiritualidade é a linha condutora que dá propósito ao resultado da ciência – a consciência.
Nesta segunda década do século XXI, temos o dever de ter aprendido com a história, com a ciência, com a medicina e com a natureza, que a saúde só é possível quando todos os elementos (físico, emocional, mental e espiritual) se encontram em equilíbrio, proporcionam o bem-estar que oferece o estado de felicidade. Não é a felicidade que oferece saúde e bem-estar, é o bem-estar que proporciona a felicidade.
Não podemos separar a filosofia – amor ao conhecimento –, nem a reflexão – amor ao pensamento comparativo, para afastar a saúde. É bom aceitar que a saúde é um assunto bastante sério, para ser apenas uma busca por um medicamento para a dor de cabeça ou para o reumático. Os medicamentos químicos são essenciais quando o corpo já não tem mais nada que lhe reste para a sua recuperação. Mas também existe a medicina holística com remédios naturais, suplementos e terapias holísticas, capacitadas para prevenir os desequilíbrios a todos os níveis, incluindo as escolhas alimentares, o exercício físico, a terapia do descanso e as práticas meditativas.
Devido à abundância de meios que nos são oferecidos hoje, a saúde está, de facto, nas nossas mãos. O autocuidado já não passa apenas pelo consultório do médico ou do terapeuta; antes de aí chegar, existem escolhas conscientes que cada um pode tomar e colocar em prática para desenvolver o seu autocuidado. Só assim pode tomar as decisões certas para sair de vez do estado da sofrência. Caminhamos na esperança de que somos capazes e conscientes do poder das nossas escolhas de bem-estar.
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