in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Ao longo da vida e no nosso crescimento em diferentes áreas interagimos e encontramos diferentes desafios, oportunidades. Quando a escolha é observar e observarmo-nos o resultado leva-nos, acredito, a evoluir como pessoa.
É através do trabalho consciente que alcançamos relacionamentos saudáveis.
Acredito que existem algumas, vou chamar-lhes aqui de “chaves mestras” para alcançarmos estes relacionamentos: os saudáveis! Vou falar-vos de algumas delas.
A que me parece mais relevante é a flexibilidade! Quando eu treino a flexibilidade comportamental colocando-me, por exemplo no lugar do outro, consigo ir para um lugar de maior empatia e de não julgamento. Estou certamente a abrir a porta para estar disponível numa comunicação mais presente e eficaz. Isto é a base para alcançar relacionamentos mais saudáveis.
Este exercício é simples, pode no entanto não ser fácil. Preciso de estar disponível para tentar (e tentar por si só já é um excelente caminho) colocar-me na situação do outro e imaginar o que será estar lá, onde ele está. Sim, imaginar pois nunca poderei saber exatamente como é. Na verdade, isso só seria possível se eu conseguisse ter acesso a tudo o que o outro viveu até ali e o fez estar agora onde ele se encontra. E diria que é praticamente impossível. Por isto é que dizer “se eu estivesse no teu lugar faria diferente,” é, em boa verdade uma utopia, pois se eu estivesse no lugar do outro muito provavelmente faria exatamente o que ele está a fazer. Mas é uma questão que nunca teremos resposta, não é? Então o foco será, neste exercício, imaginar, mudar de posição, abandonar um pouco os meus filtros, crenças... a minha realidade e ir até ao mundo do outro. Ao fazê-lo vou com certeza aproximar-me e entregar mais empatia. Sabem aquela frase do senso comum “trata o outro como gostarias e ser tratado?” Esta frase muitas vezes afasta-nos mais do que aproxima, pois em boa verdade somos todos muito diferentes e aqui, na aplicação desta ideia não estaremos a tornarmo-nos mais inflexíveis? Fará mais sentido então algo como: “trata o outro como achas que ele gostaria de ser tratado?” Deixo a reflexão.
Obviamente e salvaguardo, que existem situações com as quais eu posso escolher não estar flexível, não entregar empatia. Quando estar num “não relacionamento” com alguém. Ou seja, escolho não me relacionar! Em boa verdade, por vezes, é um caminho bem saudável no relacionamento comigo mesmo. E os meus motivos poderão ser vários. Estes motivos chamam-se intenção e são outra “chave mestra” no que toca a relacionamentos saudáveis! Quando eu defino a minha intenção na relação estou a trazer clareza e isso eu diria que é quase mágico!
A intenção antecede a ação! Por exemplo, quando eu torno claro para mim que a minha intenção como mãe é proporcionar um “crescimento neuro compatível” ao meu filho, eu vou, a partir daqui, alinhar o meu comportamento e fazer o que deve ser feito para servir a minha intenção. Isto far-me-á colher os resultados que pretendo, ou seja, as consequências dessa minha escolha inicial consciente.
Um último ponto que também quero aqui trazer são as necessidades psicológicas que os comportamentos satisfazem. Quando um bebé chora, nós os adultos, os crescidos, os pais, procuramos tentar saber qual a necessidade que está por trás deste comportamento – chorar. Será que tem fome? Será que precisa de mudar a fralda? Qual é o desconforto que está? À medida que o bebé cresce, a tendência é esquecermo-nos disto. No entanto no que diz respeito a comportamento humano, ele acontece para satisfazer necessidades. Então ao longo da vida estas vão sendo ajustadas ao nível de desenvolvimento. A necessidade de proteção ou segurança estará presente desde o início da vida e ao longo da mesma vão-se acrescentando outras – conexão ou pertencimento, prestígio ou auto realização, entre outras.
E como tudo começa e termina em nós, deixo aqui o convite para olhar de forma consciente para qual a necessidade que eu estou a preencher com o comportamento que estou a ter - e como o tema aqui são os relacionamentos – na forma como me relaciono com. E para que este tema tenha real impacto em mim e no outro, que tal adicionar o conceito de ecologia? Será que o meu comportamento é ecológico para mim e para o outro? Ou seja, é saudável para mim ter este comportamento? Respeita o espaço e liberdade do outro?
PSICÓLOGA ESPECIALISTA EM TERAPIA COGNITIVO - COM PORTAMENTAL E TERAPIA NAR RATIVA COM ADOLESCENTES E ADULTOS E AUTORA DE “ENSAIO SOBRE A MENTE HUMANA”. CÉDULA PROFISSIONAL Nº14262
Website: www.sofiadiogo.com
Email: [email protected]
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