Por Sofia Monteiro
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Desde tempos remotos, a música era um veículo privilegiado de comunicação, de conexão com o divino, de ferramenta interveniente na resolução de conflitos, indespensável na escolha de estratégias e de tomadas de decisão fundamentais para o bem-estar das comunidades.
A música era então vista como instrumento expressivo de alegria, tristeza, celebração, comunhão e cooperação. Utilizada para todos e por todos. Transversal a todas as idades, crenças e culturas.
Ainda hoje, essa transversalidade permeia a nossa existência e felizmente a música mantêm-se como uma linguagem universal. O uso de música e dos seus elementos – o som, ritmo, melodia e harmonia são utilizados para a reabilitação física, mental e social de indivíduos e grupos.
A música altera o nosso estado de espírito e o corpo responde à vibração do som, despertando emoções que influenciam a nossa forma de pensar, de agir, de nos relacionarmos e a forma como nos sentimos connosco e com aqueles que nos rodeiam.
Actualmente, vivemos um periodo de transição e mudança. Um novo paradigma está a emergir, o antigo sistema de crenças assente na “velha” forma de pensar e agir, baseado no pensamento cartesiano, linear e previsivel, está a cair. Num cenário socio-económico caótico é fácil perceber que não conseguimos encontrar novas respostas, actuando da mesma forma que até aqui fizemos.
Todos ansiamos por novas perspetivas e é imperativo encontrar novas soluções mais criativas, intuitivas e colaborativas, capazes de apoiar o indivíduo na sua busca para a resiliência e auto-determinação, qualidades tão necessárias para fazer frente aos desafios atuais. Também a música está neste processo de transição, encetando um regresso às suas origens para se reinventar e encontrar de novo o seu espaço como guia. Neste processo é preciso resgatar a importância da música como ferramenta terapeutica e catalizadora de novos comportamentos e mentalidades, devolvendo às pessoas o conhecimento e sabedoria no reconhecimento de que as respostas estam dentro de todos nós, no nosso próprio corpo, como um sinal de esperança que na procura de significado nos obriga a olhar para dentro, para os nossos recursos pessoais. Afinal, todos somos basicamente seres de ritmo, o coração que bate, a cadência dos nossos movimentos e o som compassado das palavras.
Será que a música, contêm em si o poder de nos ajudar a desenvolver novas competências que potenciam a nossa capacidade de re-estruturação e co-criação?
A música, o movimento, o canto, a arte em geral aproxima-nos da nossa essência humana, conduzindo-nos a uma sociedade mais integra, mais autêntica e mais feliz.
O panorama atual de incerteza e complexidade, gera niveis de stress e ansiedade jamais vistos e é assustador verificar que as pessoas se sentem cada vez mais esvaziadas, sem entusiasmo e sem motivação. Num novo paradigma os indicadores de sucesso de uma organização estão cada vez mais, assentes nos indices de bem-estar e felicidade dos seus colaboradores, sendo notória a importância de competências mais emocionais como empatia, paixão e intuição.
É então, fundamental, desenvolver a valorização do indivíduo e promover a aprendizagem que é feita de dentro pra fora, onde o saber é mais emocional e menos orientado para o lucro imediato, procurando soluções mais equilibradas a pensar nas pessoas e no crescimento sustentável da nossa sociedade.
Para tal é necessário a partilha do saber e abraçar novas valências que convidam a sair fora do território familiar do pensamento racional e análise e traçar novas estratégias que exploram o campo da inteligência emocional, envolvendo corpo, mente e espirito de uma forma dinâmica, energizante e altamente motivadora.
Flexibilidade, criatividade e Inovação são os novos alicerces que todas oa organizações deveriam apostar. Há uma nova geração que grita pelo sentimento de pertença e que quer fazer parte de uma equipa que os valorize, elogie, estime e que os apoie. Uma nova tribo que quer crescer e trabalhar para encontrar soluções para os desafios emergentes.
É vital apostar em metodologias ativas e vivenciais, onde o conhecimento é emocional e criativo, através de abordagens, participativas onde as pessoas são o centro da equação e onde a música e outras formas de arte expressiva, possam dar o seu contributo para aquilo que é mais sublime: O Bem-estar do ser humano.