in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A ciência tem-se debruçado sobre este tema e a verdade é que se verificou que as pessoas mais felizes tendem a ser altruístas. Preocupam-se com o bem-estar dos outros e retiram prazer dos seus atos generosos.
Contudo, a generalidade das pessoas pode beneficiar ao assumir uma postura mais altruísta. Num estudo de S. Lyubomirsky, K. Sheldon e D. Schkade, constatou-se que a prática de atos bondosos ao longo de seis semanas, aumentou a felicidade dos participantes. Noutro estudo de E. Dunn e M. Norton, avaliou-se a felicidade dos empregados de uma empresa de Boston antes e depois de receberem um bónus de 5000 dólares. Concluiu-se que a quantia do bónus não influenciava o bem-estar dos funcionários, mas aqueles que gastavam parte do dinheiro com outras pessoas sentiam-se mais felizes.
Quando praticamos o altruísmo, o núcleo de accumbens — uma região do cérebro associada ao prazer — fica mais ativo. Isso explica porque nos sentimos tão bem. Podemos até sentir-nos melhor, do que a pessoa que beneficia do nosso gesto!
Ainda assim, nem todas as formas de praticar altruísmo nos deixam mais felizes. A investigação sugere que para tal, deve ter em conta o seguinte:
- Escolha 1 dia por semana para praticar um ato de generosidade novo e especial, ou 3 a 5 gestos menores. Ao longo da semana, mesmo sem se aperceber, já deve realizar atos amáveis de menor dimensão, pelo que é difícil destacarem-se. Se se focar em praticar algo marcante num só dia, os efeitos na sua felicidade serão maiores.
- Pratique o altruísmo com regularidade. Pode praticá-lo intencionalmente uma vez por semana, mas ao longo das várias semanas do ano.
- Escolha fazer algo que se destaque da rotina. Se fizer muito pouco, não se sentirá mais feliz e, se fizer demasiado, poderá sentir-se sobrecarregado e até ressentido.
- Varie o que faz. Se realizar sempre a mesma boa ação sentir-se-á bem nas primeiras vezes, mas ao fim de algum tempo, adaptar-se-á e já não se sentirá tão feliz.
- Apesar de nos sentirmos bem quando os outros reconhecem os nossos atos, não espere nada em troca. A verdade é que se tiver grandes expectativas, e depois os outros não reconhecerem o bem que faz, poderá ficar triste e ressentido. Opte por valorizar você mesmo, a sua atitude.
- Um ato gentil deve ser realizado de livre vontade. Se for obrigado a fazer algo que não seja do seu agrado, pode até sentir-se generoso, mas também amargurado por sentir que se aproveitaram da sua boa vontade.
- Não prejudique quem mais ama. Por vezes, com a melhor das intenções, quer ser generoso com pessoas estranhas, sem se aperceber que isso pode afetar a sua família. Também pode ser altruísta com as pessoas que ama, que podem estar a necessitar do seu tempo e colaboração em várias tarefas.
- Tenha em mente que há pessoas que não querem ser ajudadas. Respeite a vontade delas.
- Não se vanglorie, nem trate o outros com superioridade ou como se fossem crianças. O ideal é que ambos se sintam bem e respeitados.
Claro que uma pessoa altruísta não costuma ajudar os outros só para ser mais feliz. Há inclusive ocasiões, em que realizamos atos generosos em detrimento do nosso bem-estar, porque o sentimos como um dever moral. Ainda assim, adotar uma filosofia de vida altruísta costuma fazer-nos mais felizes.
Os cientistas tentaram perceber as razões para isso e constataram que os altruístas costumam sentir-se felizes por serem úteis à sociedade, o que, consequentemente, aumenta a sua autoconfiança. Os seus relacionamentos também ganham — as outras pessoas tendem a gostar deles e ajudam-nos quando eles próprios precisam. Os altruístas valorizam o que têm de bom e abstraem-se mais dos seus problemas. São também mais otimistas e dão mais valor e significado à sua vida.
Pode estar a perguntar-se: “Mas o que posso eu fazer e quem devo ajudar?”. E eu respondo-lhe que basta olhar à sua volta e ser criativo. Se prestar atenção irá aperceber-se que as opções para ajudar estão por todo o lado. Pode ajudar um colega novo no trabalho a integrar-se, deixar uma mensagem bonita na lancheira do seu filho, elogiar alguém que tenha feito um bom trabalho, colaborar mais nas tarefas domésticas, doar roupas que já não usa, levar uma refeição caseira a uns recém-papás, agradecer a um professor que o tenha inspirado, etc.
As possibilidades são imensas. Só não deixe de experimentar! O altruísmo pode fazer a diferença na vida de quem ajudar, mas também na sua.
TÉCNICA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO SOCIAL, AUTORA DO BLOG: “A FELICIDADE É O CAMINHO”
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