Por Sofia Frazoa
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2012
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Muitas podem ser as razões, pessoais e das políticas de cada governo, que levam apenas uma em cada dez mulheres a serem empresárias na União Europeia (no caso dos homens, um em cada quatro é empresário). A Resolução do Parlamento Europeu revela que há menos mulheres a verem o empreendedorismo como uma opção de carreira viável, entre outros fatores, pelos esquemas de segurança social (que fragilizam a mulher empresária na gravidez e maternidade) e pela falta de incentivos financeiros (estudos mostram que os montantes emprestados pelos bancos às mulheres são menores e as taxas de juro mais elevadas).
O momento que atravessamos - um pouco por toda a Europa, mas sobretudo no país em que vivemos porque é aqui que temos de encontrar uma solução – pode ser um convite a tentarmos a nossa sorte de maneiras diferentes daquelas que conhecemos até aqui. Além do bom senso e da coragem que uma mudança destas pode exigir, há outros fatores subliminares que também se devem ter em conta.
1 – A diferença entre capricho e necessidade de Alma
Por vezes, o desespero e a necessidade de ‘dar a volta por cima’ são tão grandes que embarcamos, quase sem pensar, na primeira oportunidade que nos aparece pela frente. Quando as escolhas são feitas com base em ‘fugas para a frente’ e não como uma manifestação de um profundo desejo interior, as probabilidades de fracasso e desilusão aumentam. É compreensível que se tomem estas decisões quando há uma necessidade urgente de sobrevivência. Se não é este o seu caso, pode permitir-se aproximar-se cada vez mais de quem é e do que precisa para ser feliz.
Sugestão: Pergunte-se se na vontade de abrir o seu negócio está o desespero de ter de arranjar dinheiro urgentemente ou é uma voz interior profunda que lhe diz que chegou a altura de ser fiel a si próprio/a.
2 – Ganhar dinheiro a fazer o que se gosta
Haverá áreas de negócio que estão mais em crise do que outras, assim como apostas que serão desaconselhadas nesta conjuntura económica. Mas lembre-se do que correu mal no emprego anterior, quando deixou de se identificar com o que fazia. Há áreas que podem ser excelentes oportunidades de negócio mas que sabe, de antemão, que iria ser muito infeliz se optasse por elas.
Sugestão: Pense ao contrário. Em vez de pensar qual o negócio que lhe pode trazer mais dinheiro, pense qual seria o negócio para o qual sente que tem vocação e, melhor do que isso, poderia rentabilizar fazendo o que gosta.
3 – Aconselhar-se com especialistas
Quando a mudança é inevitável, a única certeza que temos é que o modelo que conhecíamos faliu e vai ser preciso encontrar um modelo novo. Enquanto percorremos esse caminho de descoberta, é importante aconselharmo-nos com quem percebe do assunto para diminuir os riscos de fracasso e evitar situações que nos endividem ou nos ponham a viver ainda com mais dificuldades. Apesar de devermos seguir sempre a nossa intuição, deve haver o bom senso de a conseguirmos conjugar com os factos e as leis do mundo em que vivemos.
Sugestão: Aconselhe-se com pessoas que já fizeram o mesmo percurso, leia informação sobre o assunto e consulte um especialista na área da contabilidade ou do negócio que quer abrir (veja, por exemplo, http://www.apme.pt/).
4 – Pensar positivo
Em cenários de crise, em que as pessoas andam tristes e os meios de comunicação só dão notícias de cortes e mais austeridade, é muito importante não perder o foco e o otimismo. É certo que ninguém escapa a esta mudança profunda de paradigma, mas não estamos todos a aprender a mesma lição de vida. Assim sendo, não faz sentido passarmos a ter o mesmo discurso negativo em massa de “não há volta a dar”. Primeiro, porque há sempre uma solução para tudo; segundo, porque todos estamos a ser convidados a mudar coisas nas nossas vidas e isso não tem de ser negativo.
Sugestão: Mude o seu discurso interno para o lado positivo. Acredite que, enquanto umas pessoas estão em crise, outras já passaram por ela e não têm de estar, pois há a lei do equilíbrio. Porquê deixar-se abater pelas desgraças alheias se o seu caminho pode ser outro? Mantenha a tolerância e compaixão pelos outros, mas rodeie-se de pessoas que o/a apoiam positivamente.
5 – Ter a noção de que nada é definitivo
Mesmo com todos os riscos calculados, há fatores que não controlamos. O que hoje pode ser um excelente negócio, amanhã pode entrar em rutura e vice-versa. É importante tomar consciência de que nada na vida é definitivo. E isto também não significa que tenha de terminar. Significa, apenas, que pode haver um dia em que é preciso reinventar e voltar a fazer mudanças. Quanto mais nos mentalizarmos disto, mais os altos e baixos próprios de um negócio – e da vida – são encarados como grandes oportunidades de crescimento.
Sugestão: Aceite que não pode controlar tudo e prepare-se para eventuais mudanças. A cada obstáculo, em vez de cruzar os braços e desesperar, pegue nas ferramentas que tem para fazer diferente. Tente deixar-se fluir com a vida e bailar ao ritmo de cada momento.
À margem das intenções e iniciativas de cada pessoa, as instâncias políticas tentam legislar para diminuir desigualdades de género e criar oportunidades, reconhecendo que não é só com austeridade que se combate a crise. A Resolução do Parlamento Europeu sobre mulheres empresárias refere dados que dizem que as empresas dirigidas por mulheres “investem mais na formação do seu pessoal do que os empregadores em geral” e cerca de dois terços têm como objetivo “melhorar a capacidade de liderança dos seus diretores”. Neste incentivo à criação de empresas por mulheres e, em consequência, à abertura de mais postos de trabalho, pede-se também a participação dos homens, que não podem ficar à margem da discussão. Ou estaríamos a usar a igualdade de género e oportunidades para promover desigualdade.