in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2019
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Quando nascemos estamos num estado de amor total, livres de conceitos, de ideias de certos e errados, de pessoas boas ou más. Rimo-nos para estranhos, brincamos com qualquer criança, partilhamos o que temos, abraçamos sem esperar nada em troca.
Muito rapidamente começamos a desenvolver um sistema de definição do mundo, através do que vamos ouvindo, vendo e sentindo. O que era um mundo inclusivo, sem separação ou julgamentos passa a ser um mundo segmentado por categorias, onde já há distinção entre o “certo e o errado”, “o que eu sou e o que tu és”.
Se nos portamos da maneira “certa” somos recompensados, se fazemos algo que os pais não gostam somos castigados. Isto permite desenvolver estratégias para se conseguir o que se quer, formas de manipular a “realidade”: damos um abraço porque queremos um brinquedo, sorrimos porque percebemos que assim gostam mais de nós. Deixamos de ser espontâneos e naturais e começamos a agir com vista a fins específicos. Isto começa a gerar uma violência interna, o ser humano abandona o seu estado de plenitude, em que nada falta, para passar a viver num estado de limitação.
A limitação é um estado de insuficiência gerado pelas tais categorias mentais em que “dividimos o mundo”, e estas geram comparações e julgamentos constantes da “realidade”.
Através deste tipo de julgamentos (ilusões) geramos uma personalidade, uma identidade, que se compara com as crenças que tomou como suas, defendendo o que lhe parece certo, apontando o dedo ao que parece errado, sofrendo com a impossibilidade do mundo se encaixar nas definições criadas. Como todos sabemos por experiência própria, não demora muito para percebermos que o mundo nem sempre vai corresponder às nossas expetativas, ou seja, a realidade não vai se vai manifestar nas nossas categorias (porque a Realidade nunca esteve ou estará encerrada em definições mentais) e as nossas ideias serão postas à prova para que as possamos ir largando e regressando a um estado de não definição, em que tudo está incluído, em que sabemos que não sabemos o que deveria ou não estar a acontecer, um estado de união com a realidade, uma estado de não julgamento, de ausência de sensações de falta e, como tal, sem necessidade de estratégias de manipulação da realidade, porque tudo está como deve estar. Este é um estado unificado de amor!
É uma violência interna viver através de julgamentos e comparações. Reconhecemos que as nossas estratégias de controle falham e sentimo-nos incapazes, frustrados, magoados. Estes sentimentos fazem com que comecemos a culpar o mundo pelo que sentimos e projetamos esta violência externamente de tão variadas formas.
Queremos coisas do nosso parceiro que ele não nos consegue dar, queremos coisas do mundo que ele não nos está a dar, queremos coisas da família que ela não nos está a dar, queremos em suma que os nossos desejos sejam satisfeitos e raramente acontece como planeado, assim, apontamos o dedo a quem achamos ser o culpado e descarregamos no alvo a nossa dor! Esta reatividade não só não cura, como nos distrai da fonte do problema. É como se empurrássemos a falta de entendimento de uns para os outros, ninguém a quer ver em si, parece mais fácil dizer que “vem dali”, isto perpetua no tempo a violência visível no reino humano.
Usualmente, quanto maior a dor interna mais violentos nos tornamos, temos que reconhecer que a dor não está a vir de fora, mas da forma como estamos a julgar a realidade! Por exemplo, se o nosso companheiro nos deixa, queremos culpá-lo pela nossa dor. Mas a dor está a vir de termos de lidar com o não ter controle sobre a vida, não podemos obrigar os outros a viver em função das nossas vontades. Cada um tem direito de viver como quer e não como nós queríamos que fosse. Se não virmos o que está por trás da dor, vamos sempre projeta-la outra vez. Em determinado momento seremos quase que obrigados a lidar com as áreas menos conscientes em nós já que os nossos padrões internos vão filtrar aquilo a que chamamos o mundo, pelo que vamos ver os mesmos padrões em diferentes cenários. Os julgamentos são expostos para serem vistos e transcendidos, é um processo de trazer à consciência as ideias em que acreditámos para nos definirmos a nós e ao mundo e relembrar com amor que somos Amor e não uma definição mental! É um processo de transparência entre a mente e o coração, é um abrir mão das ideias, das certezas, dos certos, dos planos. Aqui vivemos num espaço de neutralidade, de não-comparação, de aceitação, de liberdade!
Enquanto andarmos a responsabilizar o político ou o mundo pelo estado da nossa existência só vamos aumentar as nossas sensações de insatisfação e frustração, já que não temos controle algum sobre o que acontece fora, mas…o que vemos fora é um reflexo do que vemos dentro! E temos controle sobre o nosso interior, sobre a forma como decidimos viver: céu e Inferno coexistem aqui e agora, tu escolhes a cada instante em que ambiente queres viver, em guerra com aquilo que sentes que está contra ti ou em reconhecimento das crenças que te fazem sentir a vida dessa maneira: aqui está a cura! Isto é um treino, uma prática, um compromisso, é a verdadeira espiritualidade: relembrar o amor que somos e aquilo que por vezes parece escondê-lo. Relembrar que és livre e que todos também o são!
Como diz a minha mestre: “love is the revolution and the resolution”.
PROFESSORA DE YOGA, MEDITAÇÃO E AUTO-CONHECIMENTO I TERAPEUTA DE CURAS ENERGÉTICAS E CANALIZAÇÃO DE MENSAGENS DE ESPÍRITOS GUIAS l PALESTRANTE E AUTORA – LIVRO: CONTOS DE VERDADE, PALESTRAS – CONVERSAS DE VERDADE
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