Por Sofia Frazoa
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2013
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A um nível global e nas nossas vidas, as datas servem para nos manterem vivas as memórias e lembrar que houve acontecimentos importantes. Tão importantes ao ponto de serem anualmente recordados e, na maior parte dos casos, festejados. O nosso aniversário, os anos de namoro ou casamento, o nascimento de um/a filho/a, o dia em que resolvemos mudar de vida ou abrimos um negócio, a data em que um ente querido faleceu, entre muitos exemplos. Celebrar faz parte da vida e revela a nossa capacidade de nos entusiasmarmos e darmos valor a algumas coisas que nos acontecem. Mas, da mesma forma que valorizamos umas, menosprezamos outras que, se analisarmos melhor, poderiam ser motivo de igual ou maior celebração.
Valorizar as alegrias, reprimir as tristezas
A tendência do ser humano, habituado a competir e ter sucesso para se inserir em sociedade, é valorizar-se pelas conquistas que faz e pelas coisas boas que tem e que lhe acontecem. Os acontecimentos que nos desafiam a enfrentar a dor e nos deixam tristes são entendidos como falhas, fracassos, derrotas pessoais. Afinal, “tristezas não pagam dívidas” e fomos habituados a fazer um esforço tremendo para não mostrar fragilidades e disfarçar o que nos vai realmente na Alma. Então, quando os imprevistos e desafios dolorosos nos acontecem, lamentamos a má sorte e a vida que temos. E queremos rapidamente encontrar uma saída para voltar a ter motivos para sorrir e celebrar, sem dar tempo à dor e à tristeza. Mais uma conquista, mais uma vitória, mais um passo para o sucesso, mais uma aferição de que somos capazes. Assim mostramos aos outros, mas principalmente a nós, que somos fortes e conseguimos ultrapassar o problema.
A vida como um todo a celebrar
Celebrar o dom da vida deveria ser, por si só, um ato natural e espontâneo, tão óbvio como respirar ou beber água. Celebrar a vida que temos, que cada um tem, também deveria ser assim muito evidente. É bonito, em teoria, mas na prática é bem diferente. Não nos culpemos se nem sempre o conseguimos fazer, pois já toda/os nós, a dado momento, quisemos desistir, nos vitimizámos, preferimos viver a vida de outrem, desejámos adormecer e acordar no outro dia com tudo resolvido. Já toda/os pensámos que a vida seria bem melhor sem dor e provações. E pensamos isto, claro, quando sofremos. Depois de passado o sofrimento, até conseguimos encontrar motivos para celebrar e agradecer ter sido assim. Imaginemos se tivéssemos continuado a relação com aquela pessoa que viemos a perceber não ser a melhor para nós; se não tivéssemos saído daquele emprego que nos estava a consumir aos poucos; se não tivéssemos sentido que falhámos e, por isso, tido a oportunidade de escolher fazer diferente.
Nos tempos que correm, toda/os enfrentamos grandes desafios e nos confrontamos com o sentido da vida (da nossa vida), ponderando com frequência quais os motivos de celebração. Se estamos a passar por esta fase e não por outra, é importante conseguirmos tentar manter algumas orientações: tudo acontece por alguma razão e isto tem um propósito; a vida está em permanente mudança e também isto vai mudar; há sempre alguma coisa que podemos fazer que contribui para essa mudança. Celebrar quem somos e o que temos a cada momento é um exercício exigente e muito difícil, mas pode ser encarado como um dos nossos próximos desafios de vida.
Terapeuta
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REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2013