in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2025
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O ciclo menstrual representa muito mais do que um processo biológico. Muitas tradições ancestrais reconheciam o ciclo menstrual como um período sagrado. As mulheres eram reverenciadas pela sua capacidade inata de se renovar ciclicamente e de conter em si mesmas a capacidade de gerar uma vida.
O ciclo menstrual representa, então, uma interação complexa e íntima entre o corpo físico e o que consideramos como a essência feminina. A definição de alma pode diferir de indivíduo para indivíduo, mas, neste artigo em particular, gostava que refletisse a conexão que existe entre as componentes físicas (como o corpo físico e a mente) e o modo como a mulher se conecta com o seu interior (seja ele do foro espiritual ou não) e, deste modo, como interage com o ambiente que a rodeia.
As variações hormonais que ocorrem durante as diferentes fases do ciclo menstrual influenciam diversos aspetos da saúde feminina. Cada fase deste ciclo pode ser, deste modo, traduzida como uma metáfora de potencial renovação, transformação e crescimento interior. Durante a fase folicular e a ovulação, o aumento dos níveis de estrogénio podem promover uma sensação de maior energia. Esta fase pode, então, refletir um período de necessidade de maior movimento, estimulando a inovação e o desenvolvimento de novas ideias e projetos. Já a ovulação propriamente dita pode ser representada como o ápice da criatividade e de conexão, energia essa que não deverá ser desperdiçada. À medida que o ciclo avança e com o aumento progressivo dos níveis de progesterona após a ovulação, parece haver a sensação de que existe uma disponibilidade mais reduzida de energia e de menor disposição para tarefas que exijam grande esforço e concentração. Assim, esta fase poderá convidar a mais momentos de introspecção e de autoconhecimento. É um momento de honrar os próprios limites, de cultivar compaixão e de promover o autocuidado. O recurso a práticas como a meditação, a yoga ou o registo de um diário do ciclo podem auxiliar as mulheres a desenvolver uma relação mais profunda e respeitosa com o seu corpo e com a sua ciclicidade.
A menstruação representa uma altura particular do ciclo em que existe uma destruição com o objetivo de promover uma reparação e a regeneração de tecidos para que um novo ciclo se inicie. Esta não é apenas um evento fisiológico, mas um momento que pode ser entendido como aquele que representa a necessidade de purificação e de reconstrução. Nos momentos em que o sangue flui, a mulher experimenta um processo cíclico que espelha os movimentos da própria natureza – o nascimento, a morte e o renascimento. É como se a cada ciclo a alma feminina tivesse a oportunidade de se reinventar, deixar ir o que não a serve mais e no final acolher novas possibilidades.
Hoje em dia, a medicina convencional começa a reconhecer a análise do ciclo menstrual como um indicador integrativo de saúde. Os especialistas utilizam cada vez mais a interpretação das diferentes características das fases do ciclo menstrual como uma janela de compreensão do organismo feminino - uma abordagem que se aproxima de uma visão mais holística, onde o corpo não é visto como uma máquina, mas sim como um sistema completo e integrado. A compreensão profunda do ciclo menstrual como um biomarcador permite diagnosticar precocemente potenciais desequilíbrios. Nesta perspectiva, os sintomas não são apenas alterações fisiológicas, mas mensagens do íntimo - uma linguagem silenciosa que conecta o físico à dimensão mais íntima do ser. Em suma, o ciclo menstrual ensina-nos que a vida não é linear, mas sim cíclica. Mais, que existe beleza na mudança, força na vulnerabilidade e poder na aceitação. É um convite constante para que cada mulher se reconecte com a sua própria essência. Votos de uns bons ciclos!
CAPACITADORA DE SAÚDE INTEGRAL FEMININA
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