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Quando a “violação” é consentida

1/3/2013

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O sexo vende, desperta interesse e é um dos motores da humanidade. Em casos extremos e de total desrespeito pelo ser humano resulta em violação física. Mas há outras formas de “violação” consentida, contra as mulheres e infligida pelas próprias. Delas resulta um feminino profundamente ferido e a precisar de cura. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Nos últimos meses, notícias de violações de mulheres por grupos de homens, na Índia, chocaram o mundo e voltaram a levantar a questão dos direitos e proteção da mulher. Estes comportamentos bárbaros também nos levam a questionar a bondade inata do ser humano e a consciência do respeito, consideração e compaixão pelos outros seres humanos, sejam mulheres ou homens. Ainda tentamos encontrar “desculpas” que possam justificar tais atos, como questões culturais, exercício de poder, sociedades subdesenvolvidas, mas nada há que nos convença que tinha de ser assim e que não podia ser de outra maneira. Este mês, o tema convida-nos a refletir sobre outras formas subtis de “violação” contra as mulheres e a maldade que as mulheres infligem a si próprias.

Outras formas de “violação”

O sexo é - e sempre foi - um dos temas que mais curiosidade e interesse desperta na vida das pessoas. Passamos a vida a seduzir e ser seduzid@s, consciente ou inconscientemente; a tentar agradar e sentir agrado; a procurar situações que mantenham acesa a chama da paixão, que nos faz sentir viv@s, desejad@s e ativ@s. Se entendermos o sexo como uma das componentes da vida do ser humano que contribui para o seu bem-estar e equilíbrio, estamos a honrar parte da nossa natureza biológica. A conotação de “maldade” e perversão que depois lhe damos já está relacionada com questões culturais, religiosas e/ou sociais. E, neste sentido, as mulheres têm sido as mais penalizadas.
            
Começa logo por, ao longo dos séculos, terem sido vedados às mulheres os direitos de terem prazer e viverem o sexo como os homens, justificando-se que estes são biologicamente diferentes. Depois, provavelmente poucas pessoas perdem tempo a pensar nisso, mas os “piropos” e comentários com conotação sexual são, por norma, mais dirigidos às mulheres do que aos homens.
            
E aquilo que, à primeira vista, parece um elogio e uma demonstração elogiosa de “interesse”, visto à lupa constitui uma invasão e, em última análise, uma “violação” porque não há consentimento mútuo nem relação de igualdade e prazer para os dois lados. Já experimentaram perguntar a uma mulher se a incomoda ser “elogiada” por aquele homem em particular ou com aquele tipo de comentário? As respostas poderiam ser surpreendentes (“detesto que me digam isto!”, “credo, com este homem nem morta!”, “vai dizer isso à tua mãe” ou “não tens espelho em casa?” poderiam ser algumas das reações…).

O feminino ferido

Do ponto de vista terapêutico, estas “agressões” a que as mulheres estão expostas vão ferindo o feminino desde a infância/adolescência, quando muitas vezes há, inclusive, sentimento de culpa por nos terem tocado ou feito determinado comentário. Crescem, assim, mulheres feridas com a sua sexualidade, com os homens e com a vida em geral (dependendo, obviamente, da profundidade/gravidade de uma situação e da forma como foi sentida). A nível do corpo, essa energia de dor fica acumulada na zona do útero e dos ovários. E precisa de ser entendida, desbloqueada e curada para uma total libertação.
            
O mesmo se passa no âmbito de um relacionamento íntimo, em que supostamente há consentimento mútuo. A grande questão é que, devido aos papéis de género que nos foram sendo inculcados, há muitas mulheres que se “obrigam” a encaixar num padrão que não é o seu. E ao permitirem-se viver esse modelo, ao renunciarem à sua voz interior, vão traindo a vontade do seu feminino e contribuindo para o ferir um bocadinho mais. Sim, sobretudo a nível sexual. Mais uma vez, essa energia de dor, por vezes repulsa e até mágoa, vai preenchendo a zona do útero e dos ovários e pode assumir sensações de ter pedregulhos alojados, ardor, picadas e até pontas de facas a espetarem.
            
Estas são apenas algumas das maldades que as mulheres podem fazer a si próprias. Tendo em conta que o centro da criatividade, da vida, do feminino, está precisamente nessa zona do corpo das mulheres, torna-se imprescindível tratar dessas feridas. Em nome do próprio bem-estar e do consequente bom relacionamento com os outros.
            
Fica o convite às mulheres a escutarem o seu útero/ovários (mesmo que se tenham submetido a alguma cirurgia essa memória continua lá). Podemos fazer uma meditação em que viajamos até esta zona do corpo ou, simplesmente, sentir os sinais que ela nos vai dando. Que história conta? Que feridas tem? Que tratamento pede?
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Sofia Frazoa
Terapeuta
www.caminhosdaalma.com
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REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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Celebrar a vida como ela é

1/2/2013

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Costumamos festejar e agradecer o que temos em determinadas datas ou perante acontecimentos que consideramos importantes. Pelo contrário, é frequente protestarmos e desvalorizarmos momentos que fogem ao que estávamos à espera e/ou queríamos para nós. Celebrar a vida como ela é não significa resignação. É um convite a aceitar que tudo está certo e faz parte do nosso caminho de mudança e evolução.
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Na área do feminino e dos estudos de género, são várias as efemérides que se assinalam no mês de fevereiro e que foram, independentemente de sermos ou não a favor delas, importantes conquistas históricas para as mulheres. Só para citar algumas: assinala-se o dia internacional de tolerância zero à mutilação genital feminina; em 1957, a ONU adotou a Convenção Sobre a Nacionalidade da Mulher Casada; em 2002 realizou-se, em Madrid, a primeira manifestação de trabalhadoras sexuais; em 2007, em referendo, Portugal assistia à vitória do “sim” pela despenalização do aborto.
           
A um nível global e nas nossas vidas, as datas servem para nos manterem vivas as memórias e lembrar que houve acontecimentos importantes. Tão importantes ao ponto de serem anualmente recordados e, na maior parte dos casos, festejados. O nosso aniversário, os anos de namoro ou casamento, o nascimento de um/a filho/a, o dia em que resolvemos mudar de vida ou abrimos um negócio, a data em que um ente querido faleceu, entre muitos exemplos. Celebrar faz parte da vida e revela a nossa capacidade de nos entusiasmarmos e darmos valor a algumas coisas que nos acontecem. Mas, da mesma forma que valorizamos umas, menosprezamos outras que, se analisarmos melhor, poderiam ser motivo de igual ou maior celebração.

Valorizar as alegrias, reprimir as tristezas
A tendência do ser humano, habituado a competir e ter sucesso para se inserir em sociedade, é valorizar-se pelas conquistas que faz e pelas coisas boas que tem e que lhe acontecem. Os acontecimentos que nos desafiam a enfrentar a dor e nos deixam tristes são entendidos como falhas, fracassos, derrotas pessoais. Afinal, “tristezas não pagam dívidas” e fomos habituados a fazer um esforço tremendo para não mostrar fragilidades e disfarçar o que nos vai realmente na Alma. Então, quando os imprevistos e desafios dolorosos nos acontecem, lamentamos a má sorte e a vida que temos. E queremos rapidamente encontrar uma saída para voltar a ter motivos para sorrir e celebrar, sem dar tempo à dor e à tristeza. Mais uma conquista, mais uma vitória, mais um passo para o sucesso, mais uma aferição de que somos capazes. Assim mostramos aos outros, mas principalmente a nós, que somos fortes e conseguimos ultrapassar o problema.

A vida como um todo a celebrar
Celebrar o dom da vida deveria ser, por si só, um ato natural e espontâneo, tão óbvio como respirar ou beber água. Celebrar a vida que temos, que cada um tem, também deveria ser assim muito evidente. É bonito, em teoria, mas na prática é bem diferente. Não nos culpemos se nem sempre o conseguimos fazer, pois já toda/os nós, a dado momento, quisemos desistir, nos vitimizámos, preferimos viver a vida de outrem, desejámos adormecer e acordar no outro dia com tudo resolvido. Já toda/os pensámos que a vida seria bem melhor sem dor e provações. E pensamos isto, claro, quando sofremos. Depois de passado o sofrimento, até conseguimos encontrar motivos para celebrar e agradecer ter sido assim. Imaginemos se tivéssemos continuado a relação com aquela pessoa que viemos a perceber não ser a melhor para nós; se não tivéssemos saído daquele emprego que nos estava a consumir aos poucos; se não tivéssemos sentido que falhámos e, por isso, tido a oportunidade de escolher fazer diferente. 
            
Nos tempos que correm, toda/os enfrentamos grandes desafios e nos confrontamos com o sentido da vida (da nossa vida), ponderando com frequência quais os motivos de celebração. Se estamos a passar por esta fase e não por outra, é importante conseguirmos tentar manter algumas orientações: tudo acontece por alguma razão e isto tem um propósito; a vida está em permanente mudança e também isto vai mudar; há sempre alguma coisa que podemos fazer que contribui para essa mudança. Celebrar quem somos e o que temos a cada momento é um exercício exigente e muito difícil, mas pode ser encarado como um dos nossos próximos desafios de vida.
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Sofia Frazoa
Terapeuta
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REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2013

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A Coragem de Começar de Novo

1/1/2013

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Nunca tanto como agora se ouviu falar em mudar de vida, encontrar alternativas ou seguir o que nos pede a nossa essência. Mas para que essa mudança seja bem-sucedida, é necessário que conheçamos quem somos na totalidade. Isso implica abraçarmos, inclusive, os nossos lados mais sombrios. Um processo que exige ousadia e coragem.
Por Sofia Frazoa


in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Seja em que área de vida for, começar de novo exige que se fechem ciclos e que se comece a caminhar em terreno, na maior parte das vezes, desconhecido. Embora de forma diferente para todas as pessoas, a vida sempre nos foi convidando a fazer escolhas e a mudar de acordo com o que é melhor para nós a cada momento. A fase que agora atravessamos obriga-nos, a bem ou a mal, a mergulhar fundo em nós e a enfrentarmos todas as nossas inseguranças, transformando o que precisa de ser transformado. Há aspetos ou acontecimentos que escolhemos, de livre vontade, mudar; outros haverá que, por teimosia, teimamos em manter mesmo sabendo que já não nos satisfazem. Nesses casos, a vida força-nos a olhar para eles e a encontrar uma saída.
Quando nos movimentamos na direção da mudança profunda, à força ou de livre vontade, é como se acordássemos os nossos fantasmas, começando por sentir medo do futuro, de ter feito a escolha errada, de nos virmos a prejudicar ou a magoar. Por isso, para que a mudança seja realmente transformadora, é preciso conhecermo-nos muito bem e abraçarmos quem somos na totalidade. Toda a mudança é um risco – como, aliás, o é a vida – e se queremos sair da experiência mais felizes e fortalecida/os, necessitamos de ousar e ser corajosa/os para enfrentar o que surgir. E o que surge, sobretudo de dentro de nós, nem sempre é o que gostaríamos de encontrar.

Mudar para quê e para onde?

Só cada pessoa saberá dizer em que área de vida está a ser convidada à mudança. Se a vida já se encarregou, ela própria, de nos libertar do que nos prendia, cabe-nos agora encontrar uma solução. Que oportunidade de nova vida estou a ter com esta “morte”? Já que nada tenho a perder, o que gostaria de fazer a seguir nesta área de vida? Em que direção estou disposta/o a arriscar agora?

Aceitar que “eu sou isto”

Se, até aqui, vivemos a nossa vida em função dos outros ou do que os outros queriam e esperavam de nós, a partir de agora essa atitude deixou de fazer sentido. Muita/os de nós já se confrontaram com a desagradável sensação de estar a viver uma vida que não era a sua. Chegou a altura de dizer “é isto que eu quero viver!”. Mas para chegarmos aí é necessário um trabalho de autoconhecimento que nos permita dizer “eu sou isto” (mesmo que seja só por agora).

Eu sou luz e sombra

No processo de aceitação de “eu sou isto”, é mais fácil olhar para as nossas qualidades e rejeitar em nós o que consideramos serem os nossos defeitos, os nossos lados mais sombrios. Esses, passamos a vida a escondê-los dos outros e de nós próprios. As mudanças que nos são pedidas são a um nível tão profundo que nos exigem que olhemos de frente para os nossos lados mais sombrios. Só aceitando que também somos raiva, tristeza, maldade (etc, etc, etc) é que conseguimos viver plenamente o nosso amor, alegria, bondade e partilhá-lo com os outros.

Orson Welles dizia que “nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos” e, em última análise, é isto mesmo que sucede. Os outros são apenas (importantes) bónus que vão acrescentando cor ao nosso caminho e nos vão lembrando de quem somos. Se não tivermos a capacidade de nos aceitarmos no mais profundo e sombrio de nós mesma/os, como esperamos conseguir conviver bem com a pessoa que nos habita até ao fim dos nossos dias?
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Sofia Frazoa
Terapeuta
www.caminhosdaalma.com
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REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2013

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Primeiro eu…depois os outros

1/12/2012

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Numa sociedade que coloca a mulher como cuidadora, é difícil escapar ao papel que lhe impuseram de ser boazinha e solidária, às vezes contra vontade. E ser boazinha e solidária pode incluir muitas facetas e muitas áreas de vida. Só não deveria significar que nos anulamos em função dos outros.
Por Sofia Frazoa


in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Quando falamos em solidariedade (o tema da edição deste mês) pensamos em voluntariado, ajudar o próximo, defender uma causa, mas raramente nos passa pela cabeça ser solidárias primeiro connosco. Nas últimas décadas, a história da vida das mulheres tem-se escrito com duplas jornadas de trabalho (fora e dentro de casa), sacrifícios e abnegações pessoais em prol da profissão e da família. Uma das razões apontadas – ou desculpas, se refletirmos melhor – é o facto de a mulher ter uma sensibilidade especial e um dom natural de cuidadora, de mãe. Não só isto foge à verdade porque há mulheres que não querem ser mães, como, mesmo que assim fosse, nenhum ser humano se deveria esquecer de si em função dos outros.
            Um dia, numa viagem espiritual ao Peru, um xamã dizia: “somos a primeira, segunda e terceira pessoa mais importantes das nossas vidas”. Na altura, esta frase parecia-me carregada de egoísmo e muito pouco espiritual, mas hoje entendo-a como a verdadeira solidariedade. Para connosco e para com os outros. Claro que há alturas das nossas vidas em que os outros precisam mais de nós porque são completamente dependentes, como nos primeiros meses de vida de um/a filho/a ou em caso de doença grave e incapacitante. Mas são alturas que devem ser entendidas como fases e que não deveriam significar completa anulação de quem somos e do que precisamos para nos completarmos enquanto ser individual. Não nos podemos esquecer que, quanto melhor estivermos connosco, melhor vamos conseguir passá-lo para os outros, acompanhá-los e ajudá-los.
            Ser solidárias connosco implica aceitarmo-nos com as nossas virtudes e com os nossos lados sombra, na totalidade. E não termos medo de mostrá-lo aos outros. Acaba por não ser muito difícil se nos mantivermos no nosso canto, isoladas do mundo. O grande desafio é conseguirmos fazê-lo em sociedade, onde somos convidadas a viver, com todos os papéis que nos foram dados e aos quais se espera que correspondamos de determinada maneira (os tradicionais chavões: mãe, mulher, amiga, amante). No entanto, há sempre esperança de mudança e tudo começa com um pequeno passo.

1)    Ser honesta
Seja honesta consigo e, perante uma situação que associa a solidariedade, pergunte-se: estou a fazer isto de coração ou é porque sinto que devia desempenhar este papel? Começo a ficar irritada e a sentir-me abusada nesta situação que quero encarar como solidária?

2)    Identifique as suas reais motivações
Depois de perceber se a situação que apelida de “solidária” é ou não confortável para si, pergunte-se por que razão se coloca neste tipo de situações. O que tem a ganhar com isso, a nível de conforto interno e de projeção exterior?

3)    E eu? Sou solidária comigo?
Enumere as vezes em que é solidária consigo. Olhando para a sua vida e para todos os papéis que se vê forçada a representar, qual deles dispensaria se pudesse? Em qual deles seria mais verdadeira? O que mudaria para seu benefício?

4)    Pôr em prática o “primeiro eu… depois os outros”
Uma vez reconhecidos os comportamentos que mudaria, ouse fazer diferente. Comece pela situação que lhe parece mais fácil de mudar e que não lhe traz culpas profundas por não estar a desempenhar o seu suposto “papel”. Pense em cada situação: “como posso continuar a estar lá para os outros, sentindo-me bem comigo ao mesmo tempo?”

Ao dizermos “primeiro eu, depois os outros” não estamos a falar de egoísmo, mas de uma elevação de consciência que nos permite ser verdadeiras e ainda mais solidárias, para benefício de todos. Uma grande viagem começa com um pequeno passo. E é esse o convite deste mês. Não se espera que mudemos vidas e comportamentos num abrir e fechar de olhos, mas que ao menos comecemos a caminhar em direção à vida que queremos ter.
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Sofia Frazoa
Terapeuta
www.caminhosdaalma.com
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REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2012

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Combater a crise com o empreendedorismo

1/11/2012

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As mulheres empresárias representam apenas 30% do total de empresários na Europa, apesar de os estudos revelarem vantagens em haver empresas dirigidas por mulheres. A crise pode ser uma oportunidade para o empreendedorismo no feminino, mas é também um abanão para nos aproximarmos mais da nossa verdadeira essência. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Sempre se ouviu dizer que as crises são excelentes oportunidades de mudança e há inúmeros exemplos de pessoas (conhecidas e desconhecidas) que arriscaram e venceram ao aproveitarem os momentos de dificuldade para mudarem as suas vidas. Umas fizeram-no na vida pessoal e familiar, outras na vida profissional ao criarem o seu negócio. O que nos pode bloquear a decisão é a falta de incentivos financeiros para começar, a escolha de um negócio que possa ser rentável e o medo de não ser bem sucedido/a. Para quem ficou desempregado/a, perdeu as bases nas quais a sua vida assentava ou sente que se deixou morrer por dentro no emprego em que está, qual pode ser o maior risco: arriscar-se a falhar ou correr o risco de, mais tarde, se martirizar por nunca sequer ter tentado? E, dizem as estatísticas, as mulheres tentam menos do que os homens, apesar de o empreendedorismo no feminino ser considerado “essencial para uma economia europeia saudável” (Resolução do Parlamento Europeu sobre mulheres empresárias, 2012).
            
Muitas podem ser as razões, pessoais e das políticas de cada governo, que levam apenas uma em cada dez mulheres a serem empresárias na União Europeia (no caso dos homens, um em cada quatro é empresário). A Resolução do Parlamento Europeu revela que há menos mulheres a verem o empreendedorismo como uma opção de carreira viável, entre outros fatores, pelos esquemas de segurança social (que fragilizam a mulher empresária na gravidez e maternidade) e pela falta de incentivos financeiros (estudos mostram que os montantes emprestados pelos bancos às mulheres são menores e as taxas de juro mais elevadas).
            
O momento que atravessamos - um pouco por toda a Europa, mas sobretudo no país em que vivemos porque é aqui que temos de encontrar uma solução – pode ser um convite a tentarmos a nossa sorte de maneiras diferentes daquelas que conhecemos até aqui. Além do bom senso e da coragem que uma mudança destas pode exigir, há outros fatores subliminares que também se devem ter em conta.

1 – A diferença entre capricho e necessidade de Alma
Por vezes, o desespero e a necessidade de ‘dar a volta por cima’ são tão grandes que embarcamos, quase sem pensar, na primeira oportunidade que nos aparece pela frente. Quando as escolhas são feitas com base em ‘fugas para a frente’ e não como uma manifestação de um profundo desejo interior, as probabilidades de fracasso e desilusão aumentam. É compreensível que se tomem estas decisões quando há uma necessidade urgente de sobrevivência. Se não é este o seu caso, pode permitir-se aproximar-se cada vez mais de quem é e do que precisa para ser feliz.
Sugestão: Pergunte-se se na vontade de abrir o seu negócio está o desespero de ter de arranjar dinheiro urgentemente ou é uma voz interior profunda que lhe diz que chegou a altura de ser fiel a si próprio/a. 

2 – Ganhar dinheiro a fazer o que se gosta
Haverá áreas de negócio que estão mais em crise do que outras, assim como apostas que serão desaconselhadas nesta conjuntura económica. Mas lembre-se do que correu mal no emprego anterior, quando deixou de se identificar com o que fazia. Há áreas que podem ser excelentes oportunidades de negócio mas que sabe, de antemão, que iria ser muito infeliz se optasse por elas.
Sugestão: Pense ao contrário. Em vez de pensar qual o negócio que lhe pode trazer mais dinheiro, pense qual seria o negócio para o qual sente que tem vocação e, melhor do que isso, poderia rentabilizar fazendo o que gosta.

3 – Aconselhar-se com especialistas
Quando a mudança é inevitável, a única certeza que temos é que o modelo que conhecíamos faliu e vai ser preciso encontrar um modelo novo. Enquanto percorremos esse caminho de descoberta, é importante aconselharmo-nos com quem percebe do assunto para diminuir os riscos de fracasso e evitar situações que nos endividem ou nos ponham a viver ainda com mais dificuldades. Apesar de devermos seguir sempre a nossa intuição, deve haver o bom senso de a conseguirmos conjugar com os factos e as leis do mundo em que vivemos.

Sugestão: Aconselhe-se com pessoas que já fizeram o mesmo percurso, leia informação sobre o assunto e consulte um especialista na área da contabilidade ou do negócio que quer abrir (veja, por exemplo, http://www.apme.pt/).

4 – Pensar positivo
Em cenários de crise, em que as pessoas andam tristes e os meios de comunicação só dão notícias de cortes e mais austeridade, é muito importante não perder o foco e o otimismo. É certo que ninguém escapa a esta mudança profunda de paradigma, mas não estamos todos a aprender a mesma lição de vida. Assim sendo, não faz sentido passarmos a ter o mesmo discurso negativo em massa de “não há volta a dar”. Primeiro, porque há sempre uma solução para tudo; segundo, porque todos estamos a ser convidados a mudar coisas nas nossas vidas e isso não tem de ser negativo.
Sugestão: Mude o seu discurso interno para o lado positivo. Acredite que, enquanto umas pessoas estão em crise, outras já passaram por ela e não têm de estar, pois há a lei do equilíbrio. Porquê deixar-se abater pelas desgraças alheias se o seu caminho pode ser outro? Mantenha a tolerância e compaixão pelos outros, mas rodeie-se de pessoas que o/a apoiam positivamente.

5 – Ter a noção de que nada é definitivo
Mesmo com todos os riscos calculados, há fatores que não controlamos. O que hoje pode ser um excelente negócio, amanhã pode entrar em rutura e vice-versa. É importante tomar consciência de que nada na vida é definitivo. E isto também não significa que tenha de terminar. Significa, apenas, que pode haver um dia em que é preciso reinventar e voltar a fazer mudanças. Quanto mais nos mentalizarmos disto, mais os altos e baixos próprios de um negócio – e da vida – são encarados como grandes oportunidades de crescimento.
Sugestão: Aceite que não pode controlar tudo e prepare-se para eventuais mudanças. A cada obstáculo, em vez de cruzar os braços e desesperar, pegue nas ferramentas que tem para fazer diferente. Tente deixar-se fluir com a vida e bailar ao ritmo de cada momento.

À margem das intenções e iniciativas de cada pessoa, as instâncias políticas tentam legislar para diminuir desigualdades de género e criar oportunidades, reconhecendo que não é só com austeridade que se combate a crise. A Resolução do Parlamento Europeu sobre mulheres empresárias refere dados que dizem que as empresas dirigidas por mulheres “investem mais na formação do seu pessoal do que os empregadores em geral” e cerca de dois terços têm como objetivo “melhorar a capacidade de liderança dos seus diretores”. Neste incentivo à criação de empresas por mulheres e, em consequência, à abertura de mais postos de trabalho, pede-se também a participação dos homens, que não podem ficar à margem da discussão. Ou estaríamos a usar a igualdade de género e oportunidades para promover desigualdade.
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Sofia Frazoa
Terapeuta
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REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2012

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Quero ser independente,mas tenho medo!

1/10/2012

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No século XXI, podemos pensar que qualquer um sabe o que é a independência e, mais do que isso, sabe como vivêla e aproveitá-la. Só que, mesmo no século XXI, ainda há quem confunda independência com solidão ou falta de amor. Também há quem queira ser  independente, mas não consiga. Por medo ou por não saber como. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Os números revelam que, até ao momento, só este ano já foram mortas 26 mulheres por companheiros ou ex-companheiros. Apesar de não terem aumentado desde 1995, os números da violência doméstica mantêm-se elevados e as agressões, por sua vez, são cada vez mais violentas. A parte, aparentemente, positiva é que as denúncias às autoridades têm aumentado, o que demonstra que as vítimas (sejam mulheres ou homens, embora estes em muito menor número) começam a perder a vergonha de se exporem e de procurarem ajuda. Para estes números não há classes sociais, idades ou níveis de escolaridade. Há, isso sim, insegurança, falta de autoestima, autoritarismo e intolerância à frustração, algumas das características que os especialistas atribuem aos agressores. Do lado das vítimas, para quem também os especialistas dizem haver um perfil, normalmente está o medo, a baixa autoestima, a vergonha e a culpa. E a ilusão de que, em breve, tudo vai mudar e vão conseguir ser felizes… com a mesma pessoa que hoje as agride.
            
Olhando para estes números e vendo as tristes notícias de mortes e violência doméstica, muitos de nós pensam que, afinal, não estão assim tão mal. Só não nos podemos esquecer que a violência não é só física e que o “vale mais só do que mal acompanhado” continua a fazer sentido quando o que está em causa é a independência do nosso SER.

1 – Amar é diferente de depender e rima com liberdade
Definir o amor é o que os poetas têm tentado fazer ao longo dos séculos e até hoje não se encontrou uma definição que agrade e sirva a todos. Sendo o amor um sentimento e, portanto, muito pessoal, só a própria pessoa consegue aferir se está a amar e o que é, para si, o amor. No entanto, se o amor é suposto trazer bem-estar, por oposição há coisas que sabemos que o amor não contempla. Uma delas é a dependência que nos anula e deixa sem rumo próprio. Amar deveria ser sinónimo de liberdade ou, pelo menos, de liberdade suficiente para podermos ser quem somos e não nos sentirmos culpado/as por isso. Pergunte-se: nesta relação, o outro respeita-me e dá-me a liberdade suficiente para ser quem sou? E eu faço o mesmo comigo e com o outro?

2 – Há mais violência além da física
“Só porque o outro não me bate, penso que não sou vítima de nenhum tipo de violência”. É um pensamento comum, mas completamente errado. Se o outro me manipula, humilha, subjuga e não me dá direito à individualidade e à independência, está a exercer violência sobre mim. Pode até oferecer presentes e mostrar arrependimento logo a seguir (muito típico na violência doméstica), mas não se controla e volta a “errar”, desculpando-se com ciúmes, impulsividade descontrolada e o grande amor que tem por mim. Pergunte-se: alguém tem o direito de me controlar e manipular, por muito amor que me tenha? Estou mesmo a amar o outro ao controlá-lo e manipulá-lo ou estou a agir por posse, medo e insegurança?

3 – Independência é sinónimo de solidão?
É muito comum confundir-se o ser independente com ser solteiro/a, estar sozinho/a (ou “encalhado/a”, como de vez em quando ainda se ouve) ou viver na solidão. Podemos estar bem sozinho/as e com a nossa independência, ainda que as relações sejam fontes importantíssimas de aprendizagem e de crescimento (cuidado para não confundir a repetição de padrões e mágoas com essa saudável aprendizagem). Podemos estar numa relação e continuarmos a ser independentes, não é necessário sermos gémeo/as ou siamese/as do/a parceiro/a. Pergunte-se: independentemente de ter ou não uma relação, consigo manter a minha independência ou sinto-me profundamente só e desorientado/a sem a presença do outro? Que experiências me levam a associar independência a solidão?

4 – Se a relação acabar, o que vai ser de mim?
Esta é uma das grandes questões que muitas das vítimas de violência doméstica se colocam. Os estudos revelam também que, a nível de trabalho e vencimentos, as mulheres têm situações mais precárias do que os homens e, por isso, mais dificuldades em manterem-se sozinhas. Não é a única razão, mas um dos motivos principais para algumas pessoas manterem relações que as fazem infelizes. Para outras pessoas, a dor emocional da perda é tão profunda que não conseguem imaginar nada mais além daquela pessoa ou relação. A autoestima é baixa e é difícil pensar que mais alguém, alguma vez, vai querer estar com elas. E reforçam-se as lembranças positivas, ignorando todas as agressões (físicas, psicológicas e verbais) e maus-tratos. Pergunte-se: quem me poderia ajudar se eu tomasse a decisão de ser independente (incluindo família, amigos, instituições)? Além dos momentos bons, que guardarei como experiência, quais foram as situações de dor por que passei que não posso admitir a esta ou a nenhuma pessoa?

Estas crenças - umas absorvidas com a educação, outras aprendidas com experiências de vida dolorosas - levam a que haja pessoas que, por muito independentes que gostassem de ser, simplesmente não conseguem. Sejam quais forem as tendências do momento (se já foi moda o casamento e agora é a união de facto; se a família tradicional deu lugar a novos modelos de família, etc, etc), o importante é cada um assumir quem é e onde está neste momento. Onde estamos agora pode significar que precisamos da nossa independência ou que, simplesmente, de momento temos de abdicar dela. Mas há sempre uma luz ao fundo do túnel.
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Sofia Frazoa
Terapeuta
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REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2012

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Renovar é mudar mentalidades

1/9/2012

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Se queremos renovação nas nossas vidas, seja a que nível for, temos de nos pôr em causa e começar por questionar os valores instituídos. Nas questões de género, há valores culturais e sociais que impedem muito a renovação de mentalidades e, por conseguinte, de uma sociedade e de um país. Que contributo estamos a dar para essa renovação?
Por Sofia Frazoa


in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Mudar mentalidades, ou seja, renovar, é um processo que demora gerações e exige uma alteração ao nível dos valores e padrões de uma dada sociedade ou cultura. Assim, no primeiro impacto, parece uma tarefa árdua e quase impossível até se conseguirem ver as primeiras mudanças. As pessoas otimistas e corajosas sabem que é utópico ter a pretensão de mudar o mundo, mas é possível mudar o ambiente que nos rodeia começando, primeiro, por nos mudarmos a nós. Até aqui nada de novo. O que talvez nos baralhe, numa sociedade que apela ao individualismo e ao bem-estar interior (confundindo-se este, muitas vezes, com egoísmo e desrespeito pelo outro), é como se rema contra a maré dos valores instituídos, mantendo a nossa verdade e uma grande humildade para perceber o outro.
            
Vários estudos sobre violência doméstica, feitos em Portugal nos últimos 10 anos, têm revelado que há um grande problema estrutural assente em papéis de género que se foram criando, interiorizando e reproduzindo ao longo do tempo, quer pelos agressores, quer pelas vítimas. Sentimentos como a vergonha, a culpa ou a desonra familiar estão também na origem da passividade das vítimas face à violência. Este é um dos exemplos extremos de como a educação e os modelos a que assistimos desde crianças podem influenciar o modo como pensamos e vemos o mundo. Vamos sempre a tempo de evoluirmos e de mudarmos de perspetiva, mas não podemos esperar que seja o mundo a dar-nos essa renovação para nos sentirmos mais livres e renovado/as. O que podemos fazer para começar a mudar mentalidades?  

1 – Rever os padrões de pensamento
Por detrás de um determinado tipo de comportamento ou maneira de pensar está, quase sempre, um modelo que já vimos nos nossos educadores e passámos a reproduzir. Até que ponto este padrão não está datado no tempo e a precisar de renovação? Este padrão ou maneira de pensar traz harmonia e felicidade aos outros e a mim mesmo/a?

2 – Ter uma atitude humilde
Ninguém é dono da razão e a prova disso é que o mundo é cheio de pessoas, culturas, maneiras de pensar e filosofias diferentes. Assim sendo, devo ter a capacidade de ser humilde para reconhecer que as minhas ideias são produto da minha experiência de vida e apenas um dos milhões de hipóteses de ver e compreender o mundo. Assim, posso aproveitar algumas das experiências e maneiras de pensar dos outros para acrescentar à minha própria evolução e experiência.

3 – Ousar romper com o instituído
Um dos exemplos mais clássicos de padrão instituído que os estudos de género tentam desmontar é a diferença entre homens e mulheres. Claramente não só, mas com grande expressão em zonas mais desfavorecidas, interiores e isoladas do país, ainda se continua a utilizar muito a ideia de que “os homens são todos iguais”. Não descurando as óbvias diferenças biológicas e neurológicas entre homens e mulheres, é importante lembrar que a cultura e a educação têm um papel essencial na construção do “produto” homem ou mulher (ou masculino e feminino, se falarmos de género). Assim sendo, como forma de ousar romper com o valor instituído, costumo sugerir que nos questionemos: E as mulheres são todas iguais? Só existem então dois tipos de pessoas: homens ou mulheres? Se a resposta a estas duas perguntas for “não”, sugiro que ousemos pensar que, afinal, os homens também podem não ser todos iguais.

4 – Criar novos valores
Desmontando os valores instituídos que não contribuem para a nossa evolução e felicidade, é chegado o momento de renovar o nosso stock e substituir o que cheira a mofo pela novidade e novas oportunidades. Pode ser difícil, inicialmente, criar um novo pacote de medidas para renovar a nossa vida, mas podemos começar por nos apoiar nas razões que nos levaram a cortar com o velho. Por exemplo, se percebe que um dos seus padrões é considerar que ninguém é digno de confiança, o convite é começar a pensar que há pessoas dignas de confiança e, a pouco e pouco, ir abrindo espaço interior para confiar nos outros.

5 – Ser coerente na forma de pensar e agir
Qualquer pessoa falha e tem os seus momentos de incoerência e de aprendizagem, no entanto, para conseguir influenciar pelo exemplo e contribuir para renovar mentalidades é essencial que a nossa maneira de agir corresponda ao que pensamos e dizemos pensar. As transformações a que assistimos mundialmente convidam-nos a ser cada vez mais verdadeiro/as e coerentes connosco. Deixou de fazer sentido, sobretudo passada a adolescência, tentar encaixar no que os outros pensam para ser aceite e reconhecido/a. Se não renovamos, mantemos a mentalidade antiga e continuamos reféns do todo.

Essencial, em alturas de crise que apelam à mudança e renovação, é nunca esquecermos que o respeito por nós vem em primeiro lugar, mas implica sempre - e em simultâneo – um respeito profundo pelo outro. Ou corre o risco de ser um ato egoísta disfarçado de evolução e renovação do ser.
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Sofia Frazoa
Terapeuta
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REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2012

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Assumir a responsabilidade da mudança

1/8/2012

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Falamos muito na necessidade pessoal de liberdade e de independência, mas quando esse poder nos é dado ficamos congelados de medo e às vezes preferimos manter-nos vítimas das situações. Mudar implica assumir a responsabilidade das nossas vidas e reescrever a nossa história no papel da personagem principal. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Mudar é um processo que, quase sempre, causa ansiedade, medo, desconforto. Às vezes parece mais fácil continuarmos a ser vítimas de uma determina situação ou dizer que é o nosso destino, em vez de assumirmos as rédeas da nossa vida e a responsabilidade do que nos acontece. Não digo que não haja situações que nos são exteriores e que não fomos nós a causar, mas, mesmo assim, em última análise temos sempre a opção de escolher a resposta que vamos dar. Também nestas temáticas do feminino e dos estudos de género há muito o discurso de que uma sociedade masculinizada dominou e oprimiu as mulheres e elas, vítimas do sistema e dos homens, tiveram de conquistar a pulso a sua independência e o seu lugar no mundo. Mais uma vez não digo que isto não tenha acontecido ou que não continue a acontecer em muitos casos. No entanto, está na altura de mudar o rumo e o discurso. Nesse sentido, em vez de nos escudarmos no passado e nas ações exteriores, cabe a cada um de nós munir-se de recursos para, finalmente, transformar a sua “sorte”.
            
Há uma frase de uma terapeuta norte-americana, Sandra Ingerman, que aprecio muito pelo misto de liberdade e responsabilidade que nos dá: “Somos os únicos que temos verdadeiramente o poder de mudar as nossas vidas”. Os outros podem-nos ajudar com exemplos, experiência de vida, conselhos, sugestões, mas só nós saberemos fazer as mudanças profundas e mais adequadas à nossa essência e ao nosso percurso no momento. Antes de pormos mãos à obra, é necessário um trabalho de tomada de consciência. Que vida estou a viver? O que preciso de mudar na minha vida? Esta é a vida que sempre quis para mim? Encontradas estas respostas, continuamos com as perguntas. Qual é o meu propósito maior de vida? Como posso chegar até lá? O que está ao meu alcance fazer para mudar a minha situação agora? Por onde posso começar? Respondendo a isto, é altura de agir.
            
Se olharmos em volta, são muitos os casos em que percebemos claramente que há pessoas que são infelizes com as vidas que têm, mas não se movem em direção à mudança. Assumem que é aquele o seu destino porque mudar dá muito trabalho, porque é grande o medo do desconhecido, porque não sabem sequer por onde começar ou, por uma razão mais dolorosa, porque perderam o contacto consigo próprias. O primeiro trabalho em direção à mudança deve ser retomar o contacto com o “eu” e com o que é essencial para responder às perguntas “quem sou?” e “o que é fundamental para mim?”. As respostas a estas perguntas podem implicar largar muitas das velhas crenças, padrões, relacionamentos, estruturas físicas. E implicam, sem sombra de dúvida, deixar de assumir o papel da vítima para adotar o da pessoa que cria, controla e decide a sua vida. 
 
Seja em que área de vida for, é muito importante que cada um saiba qual o seu papel (no mínimo, aquele que não está mesmo disposto a representar) e imponha os seus limites. De pouco me vale lamentar-me do mau que o meu parceiro é, se fico à espera que ele mude em vez de o fazer perceber que, deste limite, comigo, ele não passa. Claro que há motivações e razões subtis, muitas delas de padrões vividos e aprendidos com os nossos cuidadores, que nos levam a evitar impor limites e a cair em situações que podem chegar ao abuso e à falta de amor-próprio. O medo de desagradar ou de perder o outro, a sensação de culpa, a necessidade de ser reconhecido, entre muitos outros fatores. E que nos levam a atrair um tipo de parceiro e não outro. Só que a vida - num mundo em profunda revolução e a uma velocidade alucinante - está-nos a convidar a viver a nossa verdade e a aproveitarmos para mudar, de uma vez por todas, o rumo da nossa história.

7 perguntas para a mudança (que pode aplicar em qualquer área de vida):
1)  Quem sou eu?
2)  Que vida estou a viver?
3)  Esta é a vida que sempre quis?
4)  Qual é o meu propósito maior de vida?
5)  Que mudanças preciso de fazer na direção do meu propósito?
6)  O que preciso de largar (pensamentos, crenças, relações, hábitos, etc)?
7)  Que passo, por muito pequeno que ainda seja, posso já dar em direção à minha nova vida?
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Sofia Frazoa
Terapeuta 
www.caminhosdaalma.com
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REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2012

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Encontrar a mãe dentro de nós

1/7/2012

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Ser mãe é manter um elo com um Ser que começa no útero e se perpetua pelas gerações seguintes. Que memórias guardamos dessa ligação? Que padrões mantemos por lealdade à família? Ser adulto é fazer as pazes com o passado e encontrar a “mãe” dentro de nós. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

A maternidade é um tema que suscita cada vez mais debate, com a alteração de paradigma no que ao casamento e à vida familiar diz respeito. Dantes, era um dado adquirido que casar e ter filhos fazia parte da realização pessoal de uma mulher (mesmo que, depois, verificasse que isso não bastava para ser feliz). Hoje em dia, há muitas pessoas que optam por não se casar e muitas mulheres que não querem ter filhos. Seja por medo, para se dedicarem à carreira ou, simplesmente, porque dizem não sentir essa vontade e esse apelo.
             
Do ponto de vista biológico, a mulher nasceu com todo o potencial para gerar vida. No que respeita a uma visão mais espiritual, áreas como o xamanismo defendem que é no útero que a mulher contém essa energia criativa e a intuição, que a tornam um ser dotado de sensibilidade. Significa então que, quem optar por não ser mãe, não está a aproveitar todo o seu potencial? Tenho dificuldade em responder sem hesitação a esta pergunta, pois há várias maneiras de utilizar esta energia criadora, de vida; além disso, não quer dizer que todas as pessoas que “deram à luz” tiveram consciência ou aproveitaram esse seu potencial. Deixando, assim, para cada pessoa as razões da sua opção e a liberdade de escolha, importa salientar o papel que a figura “mãe” tem na vida de uma pessoa, seja homem ou mulher.
            
Em primeiro lugar, é na barriga da mãe que esse vínculo se vai desenvolvendo e o bebé vai sentindo as emoções da progenitora, sejam a felicidade ou os medos, as ansiedades, todas as dúvidas que a preocupam. E, energeticamente, vai registando em si como é “pertencer” àquela mãe, se é seguro nascer, o que o pode esperar a vida. Depois, a criança cresce educada (ou formatada) por uma família, a repetir padrões antigos, sem que disso tenha consciência. Em algumas correntes xamânicas diz-se, também, que somos influenciados pelas sete gerações anteriores e vamos influenciar as sete que nos sucedem. Imagine-se a carga que trazemos, sem dela termos consciência. E é inevitável que, no caso das mulheres, sejam diretamente influenciadas pelas sete gerações de mulheres antes da sua.

Se é mulher, ao ler este artigo, pergunte-se que padrões repete na sua vida que já as mulheres da sua família repetiam?! E que parte de si continua a repeti-los por lealdade e respeito à sua história familiar?! Se é homem, ao ler este artigo, faça as mesmas perguntas em relação ao seu pai e às sete gerações de homens que o antecedem, na linhagem paterna. Depois, seja homem ou mulher, pergunte-se como é (ou era) a relação com a sua mãe?! O que ainda precisa de resolver com ela ou pacificar no seu interior?!
            
É suposto e desejável, na fase adulta, que homens e mulheres cortem o cordão umbilical e encontrem dentro de si a figura da “mãe” que protege e acolhe quando é preciso, mas que também repreende e deixa ir quando é para o superior interesse da sua “criança”. Ou seja, já não é suposto, na fase adulta, continuarmos a procurar no exterior a mãe que sentimos que nunca tivemos. Esta busca traz algumas frustrações: se a mãe não deu é porque, de alguma forma, não soube fazer melhor e ainda hoje não sabe; procurar fora é sempre meio caminho andado para a desilusão porque o exterior só muda quando mudamos por dentro.

Se tem questões para resolver com a figura da “mãe”, tente começar por tomar consciência do que ainda transporta consigo. E tente encontrar a “mãe” dentro de si. Assuma essa capacidade de ser um adulto independente, sem que isto signifique que se tenha de afastar da sua família. E como este é o mês que dedicamos à paixão, apaixone-se por si e pela sua capacidade de se cuidar, de auto-cura e de transformação.
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Sofia Frazoa
Terapia Xamânica e Trabalho com o Feminino
Formadora em Igualdade de Género e Oportunidades
www.caminhosdaalma.com
[email protected]

REVISTA PROGREDIR | JULHO 2012

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A importância de curar a Criança Interior

1/6/2012

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Curar o feminino não é possível sem curar o nosso passado. E fazer as pazes com o que ficou para trás implica ouvir e atender ao apelo da Criança Interior. Por muito difícil que uma história tenha sido, fica a esperança de ser sempre possível perdoar e atenuar o seu impacto. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2012

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

“Resgatar o feminino” é uma expressão que se vai continuar a ouvir nos anos mais próximos, até que todos percebam o contributo que podem dar para este processo de profunda mudança. A grande questão que é urgente perceber é que não é possível construir um futuro diferente, mais positivo, resgatando esse feminino, sem se resolver o passado. Esta máxima aplica-se a quase todas as áreas de vida – se não mesmo a todas – e ganha relevância quando se fala em desenvolvimento pessoal, transformação e cura.

Mas como podemos libertar-nos de um passado que, em muitos casos, foi duro, traumático e com poucos momentos bons para recordar? Todos temos a capacidade de mergulhar no mais profundo de nós e fazer as pazes com o que ficou para trás, por mais difícil que tenha sido e ainda seja a nossa história. Agora, mais do que nunca, torna-se imprescindível trabalhar a Criança Interior e tratar das suas feridas. O feminino, na vida de cada homem e mulher, começou a ser moldado logo na infância: a maneira de vestir (com peças de roupa de diferentes cores e feitios), as brincadeiras, a forma de expressar as emoções, entre muitos outros condicionamentos. Se quisermos, de uma forma simplificada, uma menina nasceu e cresceu educada para as emoções e os afetos e um menino para a ação.

Claro que o indivíduo tem de sentir que pertence a uma “tribo”, a sua, e para isso segue modelos e imita comportamentos da “tribo” na qual se quer inserir. Se, por um lado, faz sentido que assim seja porque nascemos dependentes dos cuidados da nossa família, por outro lado, à medida que crescemos, vamos ter de aprender a relacionarmo-nos com os outros, a abandonar a nossa “tribo” e a encontrarmos o nosso próprio caminho. E é aqui que vão saltando à nossa frente as inseguranças, feridas, mágoas e angústias que ficaram por resolver no nosso passado. Os mimos que não nos deram, os pais que nos faltaram, o medo que tivemos do desamparo. E seguimos, muitas vezes sem ter consciência disso, a procurar nos outros aquilo que sempre quisemos ter dos nossos cuidadores. A grande desilusão é que, mais uma vez, não vamos conseguir tê-lo porque a resposta não está fora de nós. A grande esperança é que, ao mergulharmos dentro, vamos saber exatamente do que sentimos falta e como podemos colmatar esse vazio.

Neste momento, provavelmente, pergunta-se: “mas o que tem a Criança Interior a ver com o feminino?!” Tem tudo. Mais uma vez insisto que a compreensão e a cura do feminino abrangem homens e mulheres. A Criança Interior que habita em cada um de nós é sábia, sensível, intuitiva e sem preconceitos. O contacto com ela permite-nos aceder à nossa verdade e ao propósito das nossas vidas, longe dos condicionamentos sociais e da educação que nos foi dada. Ao acedermos a esse lado mais puro e sincero, atingimos um grau de profunda compreensão e respeito por nós e pelos outros. E deixamos de lado as supostas diferenças que separam homens e mulheres. Neste mês, que é também o da Criança, fica o convite para nos conectarmos com essa parte de nós que pode estar adormecida, mas que é fonte de esperança e alegria para momentos como este, de crise e profunda transformação.

Exercício com a Criança Interior
1 – Sente-se confortavelmente e coloque uma música que o/a inspire
2 – Pegue numa foto sua de infância e olhe essa criança, profundamente, nos olhos durante alguns minutos
3 – Pergunte à criança que tem à frente que feridas carrega e o que pode fazer por ela
4 – Dê-se tempo para libertar emoções
5 – Sinta a criança mais leve e dê-lhe um abraço, garantindo-lhe que, a partir de agora vai cuidar dela (pode fazê-lo em pensamento ou abraçando um objeto, como uma almofada)
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Sofia Frazoa 
Terapia Xamânica e Trabalho com o Feminino
Formadora em igualdade de Género
www.caminhosdaalma.com 
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REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2012

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