
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2025
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Ritmo
No mundo de hoje preza-se muito a velocidade, tudo tem de acontecer imediatamente. Avançar rápido, atingir objetivos, estar a par com o percurso dos outros, atingir um objetivo e passar imediatamente para outro – tudo isto pode levar-nos a uma sensação de insuficiência e de falha. Contudo, cada pessoa tem o seu ritmo e devemos aprender a respeitá-lo como forma também de desenvolvimento pessoal. Cada pessoa vai criar o seu próprio caminho, que tem configurações e ritmos específicos.
Tal como num trilho, alguns passos podem ser fáceis e simples, enquanto outros vão exigir maior esforço, tempo e cuidado, e aquele percurso que para mim é fácil porque se calhar já fiz esse tipo de percursos mais vezes ou porque tenho condições climatéricas melhores por exemplo, para outra pessoa pode não o ser. Caminhar no nosso ritmo não significa falta de ambição ou parar de percorrer o caminho, significa fazê-lo a um ritmo com sentido para nós. Afinal, a vida é uma maratona, não uma corrida de 100 metros.
Obstáculos
Não há percursos livres de desafios, seja num trilho seja na vida. Uma pedra no caminho pode parecer um empecilho à primeira vista, mas também é uma oportunidade para aprendermos sobre nós e sobre o mundo e encontrarmos outras opções. Se tropeçarmos e cairmos, aprendemos onde pisar com mais cuidado e ao termos de encontrar formas de contornar um obstáculo estamos a estimular a nossa criatividade e capacidade de resiliência. É certo que, idealmente, ao fazemos os nossos planos, esses obstáculos não existiriam, pode parecer que só estão lá para nos prejudicar. Mas o facto é que existem porque não conseguimos controlar todas as variáveis, não conseguimos prever tudo o que pode acontecer e tudo o que podemos encontrar, mas, o impacto desses obstáculos depende sempre da perspetiva com que olhamos para eles, se olharmos para eles como bloqueadores é o que vão fazer, mas se os virmos como reajustes para o nosso caminho, é isso que vão ser.
Passo a passo
Frequentemente desvalorizamos o impacto dos pequenos passos. Temos dificuldade em olhar para os pequenos progressos, sentimos que não é suficiente. Vivemos tão focados na meta que nos esquecemos de celebrar as conquistas diárias, que são onde o caminho de facto avança. É precisamente nos pequenos gestos e nas pequenas escolhas do dia a dia que construímos as grandes mudanças, que depois conseguimos ver quando olhamos para trás. Por exemplo, numa maratona, cada quilómetro percorrido parece que ainda foi pouco e que ainda falta muito, mas todos contribuem para chegar ao fim e, quando de facto chegamos ao fim, conseguimos avaliar o tanto que fizemos.
Uma caminhada nunca é só um passo. Cada avanço, por menor que pareça, contribui para a nossa evolução. Valorizar o processo, em vez de apenas o resultado, ajuda-nos a manter a motivação e a alegria nesse caminho.
A Importância de parar e refletir
Muitas vezes, neste contexto acelerado, focado no fazer e fazer rápido, subestimamos a importância de parar. Achamos que parar é sinónimo de fraqueza ou falta de foco, mas, na verdade, é essencial para o crescimento pessoal e para ajustarmos caminhos. Para percebermos se queremos continuar na mesma direção e velocidade ou, se por outro lado, nos faz sentido experimentar outro caminho e ritmo. As pausas são também fulcrais para percebermos o quanto já avançámos, o impacto de todos os pequenos passos. Tal como um caminhante para para recuperar o fôlego e admirar a paisagem, também precisamos de momentos de introspeção na vida, para avaliarmos onde estamos, refletir sobre o que realmente importa e recarregar energias para continuar.
Caminhar com objetivo
Uma caminhada sem direção pode ser desgastante. Quando temos um objetivo, cada passo tem um significado, sabemos por que estamos a dar aquele passo, a ultrapassar aquele desafio. Mas, este propósito não precisa ser fixo ou grandioso; pode mudar ao longo do tempo, à medida que crescemos e aprendemos mais sobre nós e sobre o mundo. Na verdade, não existem caminhos pré-definidos, todos os caminhos existentes, de vida ou no terreno, foram criados por outros, ou seja, quer individualmente quer em grupo, os caminhos vão sendo criados em função dos desejos e características daqueles que os percorrem.
Descobrir o nosso propósito é como escolher um trilho para caminhar. Nem sempre sabemos exatamente para onde nos levará, mas vamos porque queremos seguir em frente. Muitas vezes, é precisamente depois de começarmos a agir que começamos a encontrar perspetivas e novos caminhos que nos fazem mais sentido.
Assim, caminhar é muito mais do que colocar um pé à frente do outro; é uma experiência que reflete a nossa relação com a vida. É no ritmo próprio, na superação dos desafios, nos pequenos avanços e nas pausas para refletir, que encontramos significado. Assim como na vida, não há um único caminho certo, pois depende das especificidades de cada um. O que importa é que cada passo seja dado com intenção, aprendendo e crescendo ao longo do percurso. Afinal, a vida é uma longa caminhada.
“Caminhante, não há caminho. O caminho faz-se ao andar.” — Antônio Machado

PSICÓLOGA EDUCACIONAL ESPECIALIZADA EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE
@inesteixeiradematospsi [email protected]
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2025
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