Por Maggie João
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2012
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É necessário perceber que há mudança na vida de todos os elementos da família partilhada e não é frutífero comparar sofrimentos e esforços, porque somos todos diferentes. E é aqui que começa a beleza de uma família, e sobretudo de uma família partilhada – na compreensão de que há diversas maneiras de se fazerem as coisas e é na aceitação que começa o amor e o bem-estar.
Nem todas as famílias partilhadas vivem em bonança desde o primeiro momento, e muitos são os casos em que têm de passar pela tempestade antes de vivenciar um ou o equilíbrio. Cada caso é um caso. Se houver desentendimentos, normalmente, advêm da falta de tolerância e paciência de uma das figuras parentais da nova família, não necessariamente do novo elemento. As discordâncias podem também vir da atitude das crianças, diferenças de educação e certamente das mil e uma comparações que se fazem consciente e inconscientemente entre o presente e o passado. Para piorar as coisas, uma gestão das emoções e das reações menos forte pode levar ao que se chama de efeito de Pigmaleão, ou seja, uma profecia auto-realizável - teme-se tanto uma coisa que ela acontece.
Para as pessoas que vivem em famílias partilhadas, é importante que consultem amigos e familiares, que através das suas experiências pessoais de divórcio, separação, reencontro, entre outros, possam aconselhar qual a melhor atitude a tomar.
No contexto da Família Partilhada convém ter em consideração que houve uma 1ª perda associada ao divórcio, quer da parte das crianças, quer dos progenitores. Há também uma 2ª perda para as crianças, já que se quebra o sonho de ver os pais juntos outra vez, quando um deles se casa, ou junta com outra pessoa. Pense que é uma fase e dê tempo ao tempo. Tenha calma e relativize as coisas. Reflita nos seus valores pessoais – o que é que é mais importante para si? Independentemente se está no papel do novo elemento da família, ou no de pai/mãe ou no da criança. Pesquise sobre o Complexo de Electra e de Édipo e pondere a aprendizagem que pode daí tirar. Controle e gira as suas emoções e reações. E sobretudo dê o que quer receber, espelhe o que quer manter.
Questione e questione-se, reflita e ponha mãos à obra. Aqui em confidência, digo-lhe que não vai ser fácil fazer perguntas, dar-lhes respostas, escutar outras respostas, aceitar outras formas de fazer as coisas, manter uma linguagem positiva e não cair na tentação de fazer comparações com as vidas passadas. A mudança acontece nas vidas daqueles que querem mudar e que fazem acontecer.
Seguem-se algumas iniciativas que pode pôr em prática para atingir o equilíbrio:
- Criar as chamadas regras da casa (definidas pelos elementos) e colocá-las num local bem visível para todos;
- Ler livros, aceder a fóruns, etc. sobre educação parental;
- Fazer em conjunto com a(s) criança(s) uma lista de todas as atividades divertidas a serem realizadas em família, tendo em conta o nosso contexto geográfico, financeiro, etc;
- Aconselhar-se com amigos e familiares;
- Receber coaching;
- Fazer ver às crianças o que é aceitável e o que não é, no que diz respeito a viver nessa casa e na família partilhada;
- Evitar conversas e comentários sobre a família anterior à criação da família partilhada (mesmo que sejam positivos);
- Criar uma possível lista de consequências consoante os casos de desobediência e pô-los em prática;
- Assegurar momentos de qualidade quando estão todos juntos;
- Garantir que as crianças também têm o seu momento especial com o pai/mãe e sem ter de ser com o novo companheiro/a dele/a.
- Reconhecer o bom comportamento da parte das crianças sempre que existam;
- Ser transparentes, claros e justos.
O percurso pode ser moroso e desencorajador, mas tente focar-se nas mudanças positivas, por mais pequenas que sejam.
A grande aprendizagem é composta por 3 pontos:
1. Há sempre o sol por detrás das nuvens – não desista!
2. Mantenha uma atitude positiva – dê o que quer receber!
3. A época da colheita nunca acontece no momento do cultivo – espere e não desespere!
Estas palavras podem até parecer um cliché, mas são a mais pura das verdades. Fecham-se capítulos e abrem-se outros, no livro da vida. A forma como se encaram os novos capítulos será tanto mais proveitosa quanto maior serenidade tiver e quanto maior for a certeza de que se conseguiu até aqui, então tem os recursos para chegar ainda mais longe, da melhor forma possível para essa sua família partilhada.
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REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2012