in REVISTA PROGREDIR |AGOSTO 2019
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Esta necessidade intrínseca ao ser humano, é despoletada desde muito cedo, em que cada sujeito tende a querer ser o melhor aluno, o melhor filho, o melhor amigo, o melhor pai, o melhor profissional, etc. Mas o que será isto da perfeição?
A perfeição pode ser definida como um conceito que carateriza um ser, uma situação ou uma circunstância ideal que não necessita de ser melhorada.
É possível encontrar a perfeição em determinadas tarefas mesmo que possa parecer não ser possível. Por exemplo, aquele aluno que se esforçou e estudou para um teste em que queria atingir a nota máxima e que conseguiu. Neste caso, não há mais espaço para melhoria, por isso, podemos afirmar que este atingiu a situação perfeita. Mas, nem tudo funciona deste modo, e enquanto adultos, tanto na nossa vida profissional como pessoal, as tarefas e os projetos são mais complexos e possuem sempre espaço para melhoria, sendo que, o ideal de perfeição encontre-se cada vez mais longe e inatingível.
Procurar a perfeição é a forma como o indivíduo se preocupa com o sentimento de errar e com esses mesmos erros. Existe um medo constante que se cometerem um erro, vão contra as suas expetativas e as expetativas dos outros. Estes encontram-se sempre assombrados pela incerteza que se a tarefa está de facto completa, o que os torna relutantes em considerar algo terminado.
No mundo competitivo do trabalho, existe a necessidade dos indivíduos conseguirem fazer tudo de forma perfeita para se conseguirem destacar dos seus colegas. No entanto, a busca pela perfeição no local de trabalho não é benéfica e possui custos significativos para os trabalhadores e também, para as próprias empresas e organizações.
Ao nível de benefícios, é de realçar que, os sujeitos que procuram fazer todas as suas tarefas de forma absolutamente perfeita, são pessoas normalmente mais motivadas e possuem uma maior consciencialização da importância do trabalho. Deste modo, são indivíduos que normalmente, trabalham mais horas que os outros e que estão sempre mais comprometidos com o trabalho em si. Por outro lado, são mais propensos a definir padrões inflexíveis e excessivamente altos, com tendência a avaliar criticamente o seu comportamento possuindo uma mentalidade de tudo-ou-nada sobre o seu desempenho e se este não for perfeito afetará a sua auto-estima.
Ter um ideal de perfeição é limitante para os indivíduos realizarem os seus projetos, podendo resultar em sentimento de frustração e de incapacidade perante os desafios impostos no local de trabalho. Estas limitações podem levar a efeitos negativos a nível do bem-estar do sujeito, como por exemplo, baixa produtividade, um grande nível de stress, ansiedade, burnout, entre outros.
Na vida profissional, ambicionar a perfeição em todas as tarefas pode resultar numa baixa produtividade pois o sujeito acabará por perder tempo e energia em detalhes que são irrelevantes ou em atividades quotidianas que não têm grande importância.
Pessoas perfecionistas sofrem com problemas de ansiedade e stress pois, estão sempre preocupadas com o seu desempenho a nível profissional que é idealizado como algo quase inatingível.
Esta idealização pode sobrecarregar o sujeito de tal modo com o desejo de concluir uma tarefa ou projeto de forma perfeita que se torna incapaz de iniciar esse mesmo projeto.
Quase todos os locais de trabalho são tipicamente focados a nível do desempenho dos seus trabalhadores. Se estes apresentam baixa produtividade e níveis elevados de procrastinação enquanto esperam por conseguir realizar uma tarefa de forma perfeita vai afectar diretamente o nível do seu desempenho que resulta em níveis de stress que podem originar sintomatologias de burnout.
A procura pela perfeição não apresenta qualidade positivas e possui custos significativos para os trabalhadores e para as empresas ou organizações. Em vez das organizações promoverem os trabalhadores a serem perfeitos sugere-se que, estes locais repensem a forma como estes definem os seus próprios desafios.
As organizações devem, portanto, estar claras de que a perfeição não é um critério de sucesso. Em vez disso, critérios como, diligência, flexibilidade e perseverança são qualidades muito melhores do que o perfecionismo.
Para finalizar, é de realçar que os sujeitos deveriam em primeiro lugar, compreender que a perfeição não é atingível e reflectir sobre como criar objetivos claros e reais para si; conhecer a forma que o seu local de trabalho funciona e como isto se pode relacionar com a sua forma de trabalhar, e por fim, explorar diversas maneiras de beneficiar das suas vulnerabilidades e trazer isto para o seu local de trabalho bem como, aceitar e aprender com possíveis erros. Assim, pode-se afirmar que, a perfeição está em todos nós, se formos imperfeitos a concretizá-la.
PSICÓLOGA CLÍNICA, FORMADORA E MEMBRO EFETIVO DA OPP
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