Por Marlene Caselato
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A autonomia do estudante revela capacidade de organizar sozinho, sem dependência do professor. A duração do funcionamento de um aparelho sem recorrer à fonte de energia é seu tempo de autonomia.
Este parece um termo com uma definição simples, prática e clara. Porém, quando adicionamos o componente da humanidade nesta equação, nada mais é simples, pois a nossa subjetividade coloca-lhe significados que são únicos para cada pessoa.
E como seres únicos, absorvemos as informações e reagimos a elas de modo diferente e construímos necessidades distintas, que têm como base o inato, o que nasce connosco, a cultura, o meio em que vivemos, as nossas relações e as pessoas com quem convivemos.
Em cada momento da nossa história pessoal essa palavra tem um significado diferente, assim como na história da humanidade e da nossa sociedade.
A autonomia, a liberdade e a transformação andam juntas.
Ao longo da história, foram numerosos os fatores que condicionaram o modo de pensar, sentir e agir das pessoas. No campo da psicologia e da filosofia, a autonomia refere-se à capacidade de uma pessoa viver e agir de acordo com a sua decisão, os seus desejos ou crenças, sem ter de obedecer às influências ou pressões externas.
Ter autonomia significa não se submeter as decisões externas, quer de modo direto ou indireto. Porém, sem abandonar a civilização, estamos sempre submetidos a estruturas e regras que vão interferir na nossa total liberdade e na nossa autonomia.
É importante, termos consciência da necessidade de encontrar um equilíbrio em que tal influência externa não nos impeça de perseguir os nossos objetivos, e que a nossa autonomia respeite o direito daqueles com os quais convivemos.
A autonomia traz bem-estar e segurança. Na medida em que se não há dependência de outra pessoa, podemos decidir, escolher e agir apenas pelas nossas regras, valores e missão.
É preciso ter liberdade para escolher praticar o bem.
Na Filosofia, autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas, sem ceder as pressões externas.
Para o filósofo Epicuro, os preceitos básicos para se viver bem, eram os prazeres moderados e serenidade do espírito, ou seja, uma vida sem excessos e sem perturbações.
Para ele, ser autossuficiente, aprender a se contentar com pouco, com o que é fácil conseguir, significa viver com prazer, sem exageros e dessa forma evitar os sofrimentos físicos e da alma.
Para Aristóteles, podemos cultivar a virtude através da nossa autonomia racional de escolher o que fazer e do hábito de praticar boas ações.
Assim a virtude, está ligada ao hábito de praticar boas ações, mas ele enfatiza que a virtude é consequência da nossa disposição, da nossa escolha racional, da nossa autonomia para praticar estas boas ações.
Portanto, precisamos de autonomia para cultivar virtudes e praticar o bem.
Embora sejam duas perspetivas diferentes do que é autonomia, ambas só existem através da liberdade de escolher, escolher o simples para não sofrer, escolher boas práticas para ser bom, e definir quem seremos e como seremos, por via da autonomia de escolher.
O que nós queremos, deve ter a mesma importância daquilo que os outros querem.
Embora a nossa rotina, muitas vezes, não deixe espaços vazios para reflexões complexas sobre a nossa autonomia, é fácil perceber o quanto da nossa felicidade e realização dependem dela.
Podemos definir a autonomia como a capacidade de se relacionar de igual para igual com qualquer outra pessoa e estarmos no comando das nossas ações .
Essa liberdade nos proporciona sentimentos autossatisfação, orgulho respeito e admiração por tudo que somos e conseguimos.
Este bem-estar pode se prolongar no dia a dia e se manter mesmo nos momentos de adversidades, nos trazendo serenidade para tomar decisões práticas de forma assertiva e coerente.
Nos vários papéis que desempenhamos na nossa vida, seja na vida pessoal ou profissional, geralmente estamos ligados a outras pessoas, situações, interesses e até sentimentos, que interferem na nossa autonomia, na nossa liberdade de escolher.
Embora a realização efetiva da ação seja sempre privada e individual, pode acontecer que a pessoa seja forçada ou simplesmente motivada a fazê-la por outro motivo que não a dela.
Um sentimento que tem um peso muito grande nas nossas decisões é o amor e muitas vezes é ele quem decide, pois, em algumas situações, é mais forte do que a nossa vontade.
A autonomia não nasce connosco, mas podemos desenvolve-la em qualquer momento da nossa existência.
Os bebés humanos são dos animais mais lentos, os mais dependentes quando nascem e se transformam através do conhecimento.
Podemos dar os passos iniciais na conquista da nossa autonomia ao identificar os nossos desejos, e os hábitos que precisam ser modificados para alcança-los.
Temos que imaginar como queremos ser e como alcançar esse objetivo. Isso requer exercitar a nossa autonomia e quebrar hábitos desalinhados dos nossos propósitos.
Podemos mudar um hábito por vez e quando ele se tornar “automático” passamos para o seguinte.
É preciso monitororizar cada alteração, e acompanhar diariamente cada mudança, assim conseguimos identificar o nosso progresso e evitar a frustração. Uma prática eficaz é fazer um registo por escrito. Numa folha com duas colunas, colocamos na primeira “como eu escolhia antes”, na segunda “como eu escolho hoje”, e registamos todos os dias as nossas mudanças de hábitos.
Pratique a autonomia e alcance a liberdade através da transformação.
TRAINNER & COACHING EM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
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in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2022
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