in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Esta associação é um risco para os relacionamentos, e altamente restritivo para a construção de novas formas de nos relacionarmos.
Talvez por isso, muitos optem por utilizar outro tipo de abordagem como “treinar”, “educar”, entre outras. Em sessões gosto de utilizar “vamos fazer diferente”, este questionamento ajuda a retirar o peso da culpa que as pessoas possam sentir. Existe na natureza humana uma necessidade de criar relações novas, de se estabelecer laços e sentido de pertença, mas nem sempre o conseguimos fazer. Quando o sentimento de impotência surge, esta na altura de falar em – mudança. É então sobre ela que recai o peso da responsabilidade de ser assertivo, e desta vez fazer com que resulte!
Na terapia sistémica, o terapeuta trabalha os subsistemas, seja ele conjugal (relação casal) ou parental, ou filial (relação entre pais e filhos e irmãos), quando as relações se mostram cristalizados, são os próprios elementos da família a procurarem a mudança. No entanto, ainda que a procurem, isso não significa necessariamente que estejam dispostos a mudar.
Talvez por isso, procure compreender qual o tempo que a pessoa e/ou família se permite ter para obter um resultado diferente. Esta é, sem dúvida, a minha prioridade. Não adianta querer a mudança sem que esta seja primeiramente integrada na necessidade do próprio. É, portanto, essencial tornar o “terreno fértil” para que a mudança se incorpore de forma natural e segura.
As mudanças laborais e as relações profissionais
Nesta época de pandemia, a maioria de nós convive direta ou indiretamente com mudanças laborais: quer o teletrabalho — o sistema de lay-off — ou o confronto do despedimento. Estes são fatores que provocaram fortes mudanças no sistema familiar e social. Vivemos num tempo onde se mostra fundamental a procura de soluções que nos permitam reorganizar a nossa vida familiar as nossas dinâmicas.
Manter o contacto seguro, onde possamos conversar e manter uma boa relação, ainda que não tenhamos um contacto diário próximo, é muito importante, numa altura que o confinamento veio trazer o isolamento social.
As mudanças sociais e as relações interpessoais familiares
Durante o confinamento, muitos foram os alertas para a pressão vivida pelas famílias, apontando que a concomitância poderia desencadear situação de descontrolo, acentuando os conflitos no seio das famílias. Algumas famílias apontavam a incerteza, o medo, a irritabilidade e a frustração como fatores que abriam espaço para discussões e conflitos familiares. Muitos diziam ainda, que o facto de não ser possível assumir os diferentes papéis que a sociedade se tinha transformado em crises familiares. A tarefa das famílias com filhos em idade escolar não foi fácil, os pais que estavam em teletrabalho acusavam a pressão de ter o papel de pai/mãe, educador(a) ou professor(a). Mais uma vez, as famílias tiveram que se (re) organizar para uma etapa que todos desconhecíamos, e que ainda não tem fim a vista. Ora, as mudanças são, mais uma vez, exigidas às famílias. As crianças e jovens regressam à escola e os pais continuam com a incerteza e medo de retomar as suas vidas.
Os relacionamentos voltam a estar no foco, dando ênfase às relações profissionais/sociais, bem como às relações afetivas/familiares. Se, por um lado, importa criar dinâmicas, o retomar a vida social é também necessário, pensando sempre na segurança e estabilidade dos diferentes grupos de pertença.
Saber comunicar é agora imprescindível, é hora de nos envolvermos de forma a assegurar uma boa comunicação. E como fazê-lo?
Criando “tempos” de família, onde todos e cada um possa ter um “espaço”. É momento de flexibilizar e criar esse espaço. Está na hora de deixar de falar, e passar a Comunicar!
As mudanças sociais e as relações do casal
Os casais encontram-se em diferentes ciclos de vida. Usando uma metáfora: “Se estamos hoje na faculdade ou secundário é porque já passamos pela primária”.
O que fazemos em cada uma dessas etapas?
Isso mesmo, adaptámo-nos!
As relações também tem diferentes “compassos”, elas conjugam-se num determinado tempo e possibilitam a criação de uma melodia singular. Quando se constitui um casal, falamos dele enquanto família nuclear. A família, enquanto sistema, é constituída por diversos subsistemas, um deles é o conjugal. É então, neste subsistema, que o casal revela as suas crenças e mitos. Todos nós trazemos o que escolhemos da nossa família de origem, por isso, é tão importante para o casal (re) conhecer a sua génese.
Aqui, a mudança ganha outros contornos e, quando falamos dela, é antes de mais, como uma aliada do casal. É preciso aceitar a mudança, apreendendo a meta comunicar, ajustar os compassos e equacionar outras melodias, aprender a ouvir e ser ouvido sem julgamento.
É imperioso admitir que a mudança nasce da vontade de fazer diferente e não de uma qualquer doutrina.
TERAPEUTA FAMILIAR SISTÉMICA E DE CASAL
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in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2020
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