in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Pois, onde fica a liberdade da criança dentro desta pandemia? O que fizeram eles para se verem privados dos seus amiguinhos, dos seus educadores, do brincar no final do dia no jardim ou no parque? E como lhes explicamos que existe um bichinho que mesmo não se vendo, é tão forte, que consegue fazer muito mal às pessoas? O que respondemos assim que eles nos perguntam “ Porquê? Que mal é que eu fiz? ”.
O “porquê” talvez fosse muito complexo de explicar a uma criança quando nem mesmo o próprio adulto entende bem o que o rodeia. Como poderia, afinal? Quando aquilo que nós, adultos, precisamos revalidar em nós mesmos, em nada se aplica a uma criança!? Onde estaria o ponto de encontro entre estes dois mundos??
Em que poderia a criança, cujas prioridades de vida são o oposto das de um adulto, ensiná-lo? Generosidade? Simplicidade? Alegria por nada, e por tudo? Gargalhada à toa? Amizade sem compromissos ou todo o amor do mundo para dar… ? Sim! É exatamente isso que precisamos (re)aprender com eles. Pois, se tivemos de assumir a perversidade de os privar da sua liberdade em nome da segurança, normas e leis, também podemos, e devemos, passar à frente essa fase, e aprender efetivamente com tudo o que a vida nos impôs que aprendêssemos! Quem ganha? Ganhamos todos nós! Nós, pais. Nós, humanidade. Nós, crianças. Nós, governos. Nós, liberdade. Nós, solidariedade. Nós, amor, união e bem-estar.
Quantas vezes aquela criança, “que nada sabe da vida” nos fez a pergunta certa no exato momento em que estávamos absolutamente bloqueados? Quantas vezes, nos pôs esta criança a pensar nas coisas mais simples do Universo como se nada mais fosse importante neste mundo? E o que fizemos com isso?
De zero a dez, que número faria jus para espelhar o grau de atenção por nós concedida naquele momento?
- “Pai, queres brincar comigo?”
- “ Não posso, não tenho tempo!”
E o que veio depois disso? Um abrupto inter-isolamento. Um confinamento que permitiu a esta criança ter, finalmente, a atenção dos que mais ama. Muito embora a companhia dos amiguinhos tenha ficado suspensa, algo foi oferecido a estas crianças: o meu pai, a minha mãe, o meu avô…
Queridos pais, queridas mães, queridos cuidadores… quando voltarem a ouvir este pedido façam uma só pergunta à vossa criança: “Porquê que queres que eu brinque contigo?” E então, surpreendam-se com a resposta. Para depois, queridos pais, mães e cuidadores, agradecerem por terem nas vossas mãos o privilégio de educar aquela criança. Vossa, por enquanto. Pois, essa mesma criança é aquela que um dia cuidará, ou cuidará que cuidem, de si. Essa mesma criança é aquela que um dia lhe afagará os cabelos brancos e lhe dará um beijo de boa noite. E, não menos importante, essa criança, será um dia, parte importante do futuro da nossa cidade, do nosso país, do nosso continente, e do nosso planeta.
Alguém disse um dia que o maior tesouro que um ser humano pode assegurar em si mesmo, aconteça o que acontecer, é o conhecimento. Não, a liberdade, mas o conhecimento! Um conhecimento sobre o mundo externo a nós, um conhecimento sobre a dor do outro, um conhecimento sobre as leis da mãe Natureza, um conhecimento sobre os grandes pensadores da nossa história, um conhecimento sobre tudo o que não vemos… mas que de forma alguma significa que não existe! Conhecer o desconhecido pode ser uma das tarefas mais fáceis de executar se o fizermos ao lado de uma criança! E sabem porquê? Porque este pequenino ser de um metro de altura está extraordinariamente conectado com tudo o que lhe assegura a vida: a sua própria alma, energia, ar, chi, qi… o que lhe queiram chamar! E que lhe anima o sorriso singelo, puro e desinteressado a cada dia de renovado amanhecer.
Porque não começar por ensinar ao seu filho a palavra “arco-íris” em cinco línguas diferentes?
Há milhares de outras razões para que cada um de nós se humilde e se curve perante o olhar sagaz de uma criança, que pelo simples facto de o ser, acredita que pode ser dona do mundo. Que pode vencer. Que pode ganhar. Que pode chegar onde o seu coração a quiser levar! Tudo, e somente, porque a semente do amor foi-lhe colocada bem no centro do seu peito, e regada, dia após dia, noite após noite, inverso após inverno, verão após verão.
Somos nós, veteranos no “tem de ser assim” que precisamos (re)aprender a estar na sociedade. Somos nós, seres formatados pelo sistema social presente que precisamos (re)validar as nossas prioridades. Somos nós, (ir)remediáveis adultos, que podemos - se assim o entendermos - (re)estruturar as nossas crenças no outro, em nós mesmos, e sobretudo nestes pequeninos de alma grande.
“ Tudo se transforma no Universo (…) nada se perde” comprovou-nos um dia um dos célebres cientistas da nossa humanidade. Pois bem! Tudo, estimado pai, mãe e cuidador, tudo o que pudermos semear nos corações destes nossos pequeninos… jamais se eclipsará, bem pelo contrário, desenvolver-se-á transversalmente pelo rumo que lhe indicámos antes. Muito antes.
CONSULTOR, COACH NEUROLINGUÍSTICO
www.pnl-coachingeducacionais.com
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