in REVISTA PROGREDIR |OUTUBRO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Findo o período de férias “grandes” e após a síndrome (pouco agradável) do regresso ao trabalho, a natureza deve seguir o seu curso e deixar aberta a época da renovação. Não sou uma pessoa de anos novos: toca a decretar renovação no dia um de janeiro. Sou uma pessoa da passagem do verão para o outono. Acredito na eficácia do calendário natural (como o próprio nome indica, em conformidade com os ciclos da natureza), em quase tudo o que nos define ou pertence, sem decretos nem pistolas apontadas à cabeça. As grandes decisões, as grandes mudanças e as grandes renovações, conscientes, são nascidas no pós Verão. Acredito que sim, nem que seja de forma embrionária.
Neste período fantástico de recolhimento natural, exponencia-se a capacidade de introspeção. A capacidade de se olhar para dentro e de se refletir sobre si próprio e sobre o seu propósito, nomeadamente, o profissional. Quantas vezes, ao olharmos para o nosso campo profissional, só encontramos insatisfação, desmotivação e outras reflexões ou emoções menos agradáveis. Parece que a vida profissional está diretamente correlacionada com o sacrifício. Também nesta época, vale a pena refletir sobre o tema. Em primeiro lugar, identificar o que é possível alterar em termos de vida profissional? O que depende diretamente de cada um para melhorar esta componente? Pode não conseguir mudar de emprego, mas pode mudar a forma como perceciona o seu emprego. Pode melhorar o seu espaço físico com pequenos apontamentos que lhe proporcionem bem-estar. Uma planta nova? A sua chaleira e caneca preferida? Pode personalizar e transformar um bocadinho o espaço onde trabalha e torná-lo mais “seu”. Ou pode colocar na correta perspetiva, a importância que as tarefas verdadeiramente possuem.
Do meu ponto de vista, não existe nenhum trabalho, emprego ou forma de ganhar de vida (séria e legal) que não seja importante. E é essa importância que temos de descobrir, no trabalho que fazemos. Ganhando-se mais ou menos dinheiro, todo o trabalho que é feito, é para o bem das pessoas. Não há volta a dar. Mesmo que se trabalhe nos mercados financeiros, estes devem servir as pessoas. O dinheiro que se ganha é uma energia de troca, que servirá para se trocar pelo que for útil e/ou prazeroso às pessoas. Os senhores que recolhem o lixo e os que nos mudam as fraldas nos hospitais, são de extrema importância. Os repositores de supermercado, os das limpezas, são os mais importantes de todos. Como podem verificar, a magia acontece quando olhamos para o nosso trabalho com verdadeiros olhos de ver.
Damos-lhe a importância que efetivamente deve ter: é importante para o bem-estar, o desenvolvimento, a saúde, o que seja, sendo o bem de alguém. Até os malfadados papéis com que temos de trabalhar servem para suportar as tarefas desse bem maior. Se não existisse o senhor que desenha sapatos, o que inventa a máquina de os fazer, o que a manobra, o que os embala, o que trata dos resíduos, o que os transporta e o que os vende, como é que eu andaria calçada?! Quantas vezes apoucamos o produto do nosso trabalho, não lhe dando o devido valor. Quantas vezes nos concentramos na maçadora burocracia em vez de nos centrarmos na pessoa que estamos a atender. Não é o papel que é importante, é a pessoa. É a resolução do seu problema, é o nosso sorriso e a nossa boa vontade que, por vezes, podem salvar o dia do outro. E isso não é fantástico? São os pozinhos de perlimpimpim, únicos e nossos, aqueles que somos capazes de deitar em cima do que fazemos e produzimos, os que podem transformar, como se de magia se tratasse, a vida do outro. Seja em que campo profissional for, o nosso toque especial pode fazer toda a diferença.
Assim, convido-vos a sacudirem tudo o que este outono puder levar, tudo o que vos entristece profissionalmente, todas as velharias que já não vos servem (nem a ninguém) e a refletirem sobre a magia das cores da época, encontrando o que vos torna únicos, especiais e insubstituíveis no desempenho das vossas tarefas. Façam o favor de encontrar o vosso pó de perlimpimpim que, tal como o ADN, é único. Mas é transmissível. E pode influenciar (muito) positivamente o outro. E isso sim, é mágico! (O que damos ao outro, invariavelmente, vai retornar a nós…esperem para ver).
PSICÓLOGA E HIPNOTERAPEUTA
magdalagabriel.blogspot.pt
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