Por Carlos Lourenço Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2013
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Não é fácil construir (e manter) uma personalidade íntegra. A multiplicidade dos apelos à ligeireza, ao incumprimento, a apreciação e avaliação justa perante os fatos, a tentativa permanente de lateralizar princípios éticos suportados no respeito e nos valores, é, na sociedade contemporânea, temperada pelo efêmero e pela irrelevância, um apelo persistente. Difícil é permanecer correto, inteiro e honesto. A matriz de suficiência foi solicitada pela matriz da abundância inútil. Ser abundante obriga ao exercício continuado da corrupção de valores e princípios. A integridade supõe a avaliação aberta e justa do respeito pelos princípios, sob quaisquer circunstâncias ou contextos. A integridade não é compatível com a obsessão egoísta sobre acontecimentos e consequentes de relações. Obriga-se, o íntegro, sempre, à compreensão do outro e permanece, o íntegro, aberto à solução tolerante que compreende os interesses ajustados de todos. Alargar e ampliar capacidades de leitura do prisma complexo da realidade, é trabalho permanente do que busca a integridade. Isto é, a qualidade de ser inteiro, a saber, atender de forma total ao interesse de cada parte.
A integridade pressupõe a procura da verdade. Um compromisso sério com a verdade. Adequar o pensamento ou da sua expressão aos fatos ou aos conhecimentos que se pretendem exprimir. A exatidão na narrativa dos fatos, a paixão pela conformidade com o real, a aceitação da realidade – a procura da verdade – é qualidade do ser íntegro. A persistência no erro, a tendência à ilusão, a preferência pela mentira, não são matérias do ser íntegro, da integridade. A autenticidade é uma característica daquele que procura ser íntegro; a procura de diversas fontes na busca inacabada pela verdade sobre os fatos (e renunciar à versão conveniente) é uma característica da integridade. Do ser íntegro.
Os princípios que a vida comprovou como certos e duradouros são os mesmos que configuram a integridade. O relativismo (tudo vale em qualquer circunstância) não é matéria que impor te à integridade de ser. A fidelidade aos valores que o tempo consolidou como justos é matéria que impor ta ao ser íntegro. A variabilidade de comportamento, em prejuízo de princípios, é matéria que impor ta aos fazedores de ilusões.
CARLOS LOURENÇO FERNANDES PROFESSOR, ESCRITOR, CONFERENCISTA [email protected] in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2013 |