Por Carlos Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
um texto mesopotâmico, encontrado num túmulo, conhecido pela Canção do Desesperado e que porventura constitui uma opinião definitiva sobre o mundo deplora a brevidade da vida, as dores, a fadiga, a arrogância e indignidade dos poderosos, o esforço denodado por viver, a infidelidade das mulheres (seria um autor), a crueldade dos militares, a prevaricação e parcialidade dos juízes, a desobediência dos filhos…Well, just like that….A conclusão não deixa dúvidas: o mundo está tão mal que a extinção bate à porta. (Assim). Há milhares de anos, na Mesopotâmia - hoje, ali para os lados do Iraque (que ainda é).
Fernando Pessoa, em 1915, dizia, entretido, que “Viver não é necessário: necessário é criar”. Ou Robert Louis Stevenson que, citando, “Falando com propriedade, não é a vida que amamos, mas viver”. E não apetece dizer, comentando a velha russa “está mau tempo mas melhor é que faça mau tempo do que não faça nenhum”.
Diria, a inteligência competitiva da Humanidade. Always criando e sorrindo ao fatalismo – melhor, aos ismos – que povoam a inocência (ou frustração) da incapacidade de viver. Que sugerindo andar por aì, convoca a grande maioria (serei injusto?).
O descontentamento, a insatisfação é a regularidade, a vulgaridade. O momento histórico de cada um (este, agora) é sempre tintado com a insatisfação. Já Borges, the Great Argentine, sublinhava que, ao falar de um antepassado: “Coube-lhe, como a todos os homens, maus tempos para viver”.
(Às vezes apetece dizer.”Ah! God, como estamos lindamente se observadas as trincheiras da 1ª Grande Guerra Civil Europeia (chamada 1ª Grande Guerra Mundial – para distrair), ou o assassínio maciço ocorrido na “2ª Grande Guerra Civil Europeia, (chamada 2.ª Grande Guerra Mundial - outra vez para distrair).
Mas, apesar de, la Jois de Vivre, a alegria de viver, a alegria, sobrevém, resiste – um paradigma de recompensas cujos mecanismos foram estudados por Jon Elster –, abre caminho e aprende a defender-se dos peculiares roedores que povoam a humanidade, a condição humana. Ui!
Curioso é verificar que o ódio ou a tristeza, outras paixões, servem para nos defendermos dos outros ou reclamar bens perdidos. Extraordinário é verificar que a Alegria contenta-se modestamente consigo própria e não é instrumento para conseguir coisa alguma. Simplesmente, é. Usufrui-se, EXISTE, não é ameaçadora. É Invulnerável.
Será que a Alegria – muito pouco estudada – como questiona Clément Rosset – um dos poucos filósofos que se ocupou da Alegria – “ou a alegria consiste numa ilusão efémera de ter acabado com o trágico da vida: neste caso a alegria é paradoxal mas não ilusória. Ou consiste numa aprovação da existência considerada como irremediavelmente trágica: neste caso a alegria é paradoxal mas não ilusória”.
A maioria, e a maioria dos que por aí andam, consideram a alegria um transtorno pueril, uma demonstração de falta de profundidade, um episódico atordoamento (a sabedoria é dor, dizem alguns: a alegria, um pecado, um pecado involuntário contra a gravitas filosófica, a gravitas contida (dos que supõem ser ‘educados’, ‘muito educados….).
O Tema é alegre, convoca a aventura do conhecimento.
Alegrem-se. Viver a vida é outra coisa.
PROFESSOR, ESCRITOR,CONFERENCISTA
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in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2014
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