Por Carlos Lourenço Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2013
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Apanha um grande copo cheio de vinho,
senta-te ao luar, e pensa:
Talvez amanhã a lua me procure em vão.
É inútil a tua aflição;
nada podes sobre o teu destino.
Se és prudente, toma o que tens à mão.
Amanhã... que sabes do amanhã?
Além da Terra, pelo Infinito,
procurei, em vão, o Céu e o Inferno.
Depois uma voz me disse:
Céu e Inferno estão em ti.
Na sombra azulada do jardim
o ar da primavera renova as rosas
e ilumina os meigos olhos da minha amada.
Ontem, amanhã... é tão grande o prazer agora.
Como o rio, ou como o vento,
vão passando os dias.
Há dois dias que me são indiferentes:
O que foi ontem, o que virá amanhã.
Não me lembro do dia em que nasci;
não sei em que dia morrerei.
Vem, minha doce amiga, vamos beber deste copo
e esquecer a nossa incurável ignorância
Olha, um dia a alma deixará o teu corpo
e ficarás por trás do véu, entre o Universo
e o desconhecido. Enquanto não chega a hora,
procura ser feliz. Para onde irás depois?
Os meus cabelos estão brancos,
tenho setenta anos de idade.
Agarro agora a felicidade; amanhã,
talvez não me restem forças
Um dia pedi a um velho sábio
que me falasse sobre os que já se foram.
Ele disse:
Não voltarão. Eis o que sei.
No turbilhão da vida são felizes aqueles
que presumindo saber tudo não se instruem.
Fui buscar os segredos do Universo e voltei
invejando os cegos que encontrei pelo caminho
Extractos de poema: itálicos de Carlos Lourenço Fernandes, Julho 2013
Professor, Escritor, Conferencista
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REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2013