Por Carmen Krystal
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2017
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Se uma porta estiver pintada de cores diferentes no interior e no exterior, a verdade sobre a cor daquela porta vai depender do lado em que o observador estiver. E se apenas conhecer um dos lados, quando lhe disserem uma cor diferente da que está a ver, dirá que está errada. Estará, do seu ponto de vista. Não do ponto de vista da Verdade da porta. Nietzsche, filósofo alemão do século XX, afirmava que a verdade é um ponto de vista. Ele não aceitava uma definição da verdade, pois dizia não se poder alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira. O observador da porta só conseguirá entender que há outra cor que também é verdadeira quando se predispuser a mudar de perspetiva, ou seja, a abrir a porta e observar o outro lado. Só assim constatará que aquilo considerou mentira, afinal, é verdade.
Assim é na vida. Muitas vezes precisamos de ver o outro lado, para conhecer outras partes da verdade. Porque a Verdade é algo que nos transcende. É um conceito amplo, elevado, que deve ser visto como um guia que nos conduz. É acima de tudo um valor a ser preservado. Para viver em Verdade é preciso conseguir conceber e praticar uma série de outros conceitos e valores, que sustentam a verdade, tais como: respeito, coerência, sinceridade e genuinidade, pelo menos.
Se olharmos para a origem etimológica da palavra, veremos que cada origem nos traz uma perspetiva diferente sobre a Verdade, no entanto, complementares. Do grego, “aletheia”, que significa ‘não oculto’, ‘não escondido’, ‘não dissimulado’, mostra-nos a verdade como uma manifestação da realidade presente, do que existe tal como é, no agora; do latim, ‘veritas’ que se refere à precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, usa a linguagem para detalhar com pormenores e fidelidade o que aconteceu, ou seja, a manifestação do passado; do hebraico, “emunah” que significa ‘confiança’, mostra-nos um conceito relacionado com as pessoas e a capacidade de estas cumprirem algo que prometeram, ou seja, uma verdade projetada no futuro. É baseada na esperança e, se ligada ao conceito Divino pode representar uma profecia.
Para cada um de nós em particular, a verdade poderá ser apenas uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos. Imagine um chá morno. Para uns poderá estar ainda quente, para outros já poderá estar frio. A nossa sensibilidade definirá aquilo que é a verdade para cada um de nós. Por isso para se viver em Verdade não pode haver Julgamento. Da perspetiva da Neurociência, cada cérebro tem um funcionamento muito próprio, por isso, a nossa perspetiva da verdade terá sempre filtros consoante a nossa realidade, as nossas experiências e memórias.
Enquanto Seres Humanos, seres emocionais e sensíveis, mas também seres pensantes e criadores, o conceito da verdade pode estar também associado à conformidade daquilo que se diz com aquilo que se pensa ou se sente. No entanto, quantas vezes não conseguimos ser coerentes connosco mesmos, ou mudamos de atitude conforme as situações? Como seria bom ter um dispositivo de alerta da verdade a funcionar 24 h/dia em nós, para que não cometêssemos o erro de mentir, ou enganar, ou ser incoerente, mesmo que inconscientemente, ou agir em função de uma mágoa que surge e que mais tarde nos vamos arrepender, ou ficar obcecados por “pequenas” verdades que no fundo apenas nos iludem e deturpam tanto as ações do dia-a-dia, assim como, a evolução da Alma?
Como escreveu Jorge Luís Borges, “Não exageres o culto da verdade, não há homem que ao fim de um dia não tenha mentido com razão muitas vezes”.
Quem não se lembra da personagem criada por Carlo Collodi, a quem crescia o nariz quando mentia? Pinóquio, um boneco de madeira que sonhava em ser um menino de verdade. A verdade para ele era ser de carne e osso, era ser humano. No entanto, quantas vezes há humanos que parecem bonecos de madeira?
Pinóquio passou por grandes desafios que puseram à prova o seu sentido de verdade e de justiça, de amor ao próximo e coerência, e por isso mereceu ser transformado num menino de verdade. Que magia foi esta que proporcionou a sua transformação? Foi a magia que nos transforma a todos quando nos permitimos senti-la: A emoção. É na emoção que está a verdade do Ser Humano. Na sensação de vida que se obtém nas experiências, no que se dá e recebe nas trocas entre os seres.
E como exemplo disso, não poderia deixar de mencionar a mensagem que foi passada precisamente sobre a verdade da emoção, num contexto onde, de facto, a emoção deve ser o composto primordial: a música. Salvador Sobral fez questão de relembrar essa verdade, nas primeiras palavras que proferiu no palco da Eurovisão cuja mensagem foi mais ou menos esta: “Hoje em dia faz-se muita música descartável. A música é emoção, é sentimento. As pessoas perceberam a mensagem desta música e, portanto, esta vitória é para a música em geral. “
E a Verdade pode ser isto: O olhar mais elevado que se pode ter sobre algo para que esse algo seja genuíno e o mais próximo possível da sua origem.
Conseguiremos nós Humanos alcançar o melhor de nós para vivermos cada vez mais na Magia da Verdade?
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