in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Talvez venham já programados nos génes, talvez resultem do contexto onde vivemos, talvez façam parte das Leis do Universo, mas amiúdes vezes temos a crença que Criar é sinónimo de transmitir um conjunto de normas comportamentais enquadradas em janelas temporais para que determinados objectivos sejam alcançados. Aprender a andar, educar-se, socializar, constituir familia, alcançar sucesso profissional e por aí fora.
Aqui em Portugal, onde se acredita nas máximas da revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade; esquecemo-nos de procurar aprofundar o significado intrínseco e mais profundo destas. Menos ainda, pensamos na forma em que cada um destes ideais pode ajudar-nos, a nós e à sociedade onde nos inserimos, na busca pela harmonia e comunhão entre os homens.
Depois desta revolução, o século seguinte, o XIX, foi o da Liberdade. Esta encetou um trilho modesto mas sólido, consolidando-se ao longo do tempo e nas nações. O século seguinte, o XX, podemos dizer que está ligado às grandes transformações societárias base para a Igualdade entre indivíduos, géneros, religiões, raças e idades; com as sociedades estado repúblicas a emergirem, onde cada um tem o poder de decidir o futuro, menos dinástica e idiossincrática. Hoje, o século XXI, deve ser o da Fraternidade.
A fraternidade como via exotérica para tratar todos irmamente, pois todos são iguais e unos na sua especificidade. Todos têm uma capacidade de criação sublime, são menos os trabalhadores de uma cadeia produtiva e mais os criadores de vida poética singular, na senda doutrinal de Agostinho da Silva.
Não parcas vezes, para o Sábio, criar, não é mais que fornecer as ferramentas fundamentais para racionalizar menos e sentir mais. Sentindo, chegar-se à inocência da criança em adulto e amar tudo sem condições, sem claúsulas nem contratos.
Assumindo essa dictomia simbólica da semelhança perene entre as significações de criar e cuidar; esta última, enfim, deve ser trazer ao de cima a centelha divina de cada individuo, respeitando a ubíqua e única dimensão humana, sem soberba mas em absoluta aceitação.
Sem crenças condicionantes, libertar-nos de apegos entre gerações, estrangeiros ao homem, e, permitir que cada um cumpra a sua missão individual, per si, passando o vale e subindo à montanha, ao seu ritmo, à sua maneira, seguindo o coração que crê sem ver.