Por Maggie João
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2015
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Porém, a viagem que mais me marcou, que fez-me crescer e mudou-me a perspetiva, foi a minha primeira experiência de coaching enquanto coachee (isto é cliente), há 8 anos atrás. Estava num momento turbulento profissionalmente, o que se reflectia na minha vida pessoal, chegando até a ser uma pessoa conflituosa, irritadiça e nervosa, muitas vezes sem dar por isso. Até que um dia, a empresa onde estava a trabalhar ofereceu-me um programa de Coaching. Richard Allen, foi o meu coach, um senhor inglês que escolheu as montanhas do Tenerife para viver.
A viagem que o meu coach me proporcionou foi uma viagem maravilhosa. As escolhas que surgiram das conversas que tivemos foram escolhas conscientes, planeadas, pensadas e foram, sem sombra de dúvidas, libertadoras. Nas conversas que tivemos abri o meu coração, falei de tudo o que preocupava-me e do que “pre-ocupava-me” as ideias, porque estando a minha mente ocupada com outras coisas, não tinha nem a vontade nem a energia necessárias para dedicar-me a ideias mais criativas e potenciadoras.
O nosso processo de coaching foi breve, três a quatro sessões. Lembro-me que era eu a falar quase todo o tempo, ele ficava a escutar-me, colocando uma pergunta aqui e outra ali. Nunca me senti julgada nem pressionada e senti-me sempre bem, mais eu, após cada sessão de coaching.
Identifiquei-me com o seu estilo sereno e calmo, potenciador e que me deixava sempre bem comigo mesma. Há poucos dias dei com o caderninho de capa amarela que usava para escrever as minhas decisões, as to do lists e os planos de ação e foi interessante ver os passos que dei num caminho desconhecido, mas que me souberam muito bem. Claro que existiram medos e receios, mas a vontade de mudança para melhor foi superior e o fazer-acontecer tão caraterístico meu falou mais alto.
As decisões conscientes que tomei e que resultaram daquele programa de coaching foram basicamente três, mas o princípio era o mesmo: mudar para algo que me fizesse mais feliz! Assim, decidi sair da empresa onde trabalhava há mais de 7 anos e decidi terminar o namoro de quase 3 anos. Paralelamente, decidi qualificar-me para ser coach. Libertei-me do que me estava a fazer mal e hoje olho para trás e bendigo o Richar Allen e bendigo a empresa por me ter oferecido um presente fantástico – coaching! Mas também “tiro-me o chapéu”, por ter tido a coragem de mudar de rumo, quando quase tudo estava acertado num “rame-rame” que não me fazia feliz.
As escolhas foram conscientes e partiram do coração, embora tivessem sido trabalhadas pela mente, ou seja, analisei as vantagens e desvantagens, os cenários disto e daquilo. O que é certo é não me arrependo nada da mudança de rumo e hoje sinto-me uma privilegiada pela coragem que tenho demonstrado ao longo da vida! E também me sinto uma privilegiada por fazer parte de tantos momentos de mudança na vida dos meus clientes. O desenvolvimento da consciencialização é uma das competências fundamentais segundo o framework da ICF e “é aqui que a magia acontece”. Esta foi a frase que disse aos participantes do curso Coach Development Course que dei recentemente e o qual planeio repetir.
Mais tarde tive outra experiência de coaching, desta vez péssima. Saía das sessões sempre a pensar que era a pior pessoa da minha vida. A experiência foi muito redutora e sentia-me mal. Decidi então voltar ao estado potenciador da minha primeira experiência de coaching, aquele que revelou que os recursos estão em mim, independentemente da geografia onde esteja. Assim, escolhi terminar com este segundo contrato de coaching porque simplesmente não estava a ser feliz (para ser franca nunca se celebrou um contrato, nem escrito, nem verbal, aquele que se faz no início de cada sessão.) Não creio ter sido pelo facto de a coach ser portuguesa, mas certamente pelo facto de sugerir e por deixar-me sempre amargurada.
Ora bem, o verdadeiro coaching não sugere e deixa-nos com emoções mais positivas relativamente àquelas com que iniciámos a sessão de coaching. Com isto não estou a querer dizer que temos como coaches de ser brandos ou não colocar perguntas desconfortantes! Estou a querer dizer que como coaches temos a responsabilidade de sermos muito bons e termos todas as competências bem desenvolvidas, desde a presença, à comunicação directa, à confiança. Temos também a responsabilidade de não nos impormos na vida do cliente, de respeitarmos o nosso cliente e de não lhes impormos as nossas opiniões.
Como coachees temos a responsabilidade de fazer-acontecer e de nos responsabilizarmos pela execução e concretização do que queremos para a nossa vida. Talvez mais do que fazer isto ou aquilo, é sermos o que queremos ser, que é muito mais poderoso!
Continuo a viajar, que tanto me fascina, e a conhecer sítios magníficos por esse mundo fora! No entanto, para mim a magia continua a acontecer em cada viagem que o Coaching oferece àqueles que têm a coragem de ir ao centro do seu mundo! “
MAGGIE JOÃO EXECUTIVE & LIFE COACH PRESIDENTE DA ICF PORTUGAL ESCRITORA www.maggiejoao-coaching.com www.icfportugal.com in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista |