Por Carlos Lourenço Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Uma porta pode ser um aeroporto, um porto, enquanto articulador de fluxos entre espaços, regiões ou cidades. Ou será um elemento de transição entre uma sala e uma cozinha. A porta, realidade física, a porta, realidade conceptual. E, sublinhe-se, o homem compreende o mundo através de códigos conceptuais e atua no mundo através da aplicação de conceitos. De natureza política, ou matemática, ou de astrofísica. A compreensão ajustada, correta e justa, dos conceitos permite maior e melhor perceção do mundo e atuação sobre o mundo. Distinguir a essência do problema, dos elementos de acompanhamento ou acessórios de um problema, reduz (elimina) equívocos.
Na configuração e compreensão de um problema é decisivo, no caminho de resolução, compreender o que é de importância capital, central, do que é verdadeiramente importante, distinguindo o essencial do acessório. Distinguir o principal, o fundamental, do acessório na descrição do problema conduz a melhor caminhada resolutiva. O essencial não é o secundário.
A dificuldade em distinguir o essencial do acessório traduz o quadro e amplitude da atitude inteligente na abordagem do problema (qualquer que ele seja). A determinação da natureza íntima da coisa, do problema, do quadro ou enquadramento da circunstância, do contexto, é condição relevante, essencial, na possibilidade emergente de boa atuação resolutiva, de proximidade da solução, da definição criteriosa do programa de atuações que provoque, conduza à solução ou a soluções. Diferenciar, no quadro de uma atuação sugerida por um acidente (pessoal ou coletivo) é a determinação criteriosa da atitude que garante a vitalidade, a vida. Atuar no essencial é manter mecanismos de vida. Entre a hemorragia interna e a fratura, essencial é estancar a hemorragia. A fratura é secundária face ao quadro garante de vitalidade. Essa distinção (decisiva) de matéria de racionalidade competente, de inteligência prática, da experiência vivia que permite a diferenciação acrescida entre a essencialidade do quadro e o conjunto de componentes acessórias. Elimina a tragédia da comédia dos equívocos.
Nas relações humanas, na amizade, no amor, no universo profissional, na relação entre Estados, garantir a constante da essência da relação é condição primeira de reforço e consolidação da relação. A obsessão por inverter importância, por sublinhar elementos acessórios ou secundários na relação, são fator de perigo, de ameaças e absurdos relacionais. Racionalizar, construir atitude fina de identificação da essencialidade numa relação (qualquer que seja o tipo) é condição de sucesso e satisfação relacional. Treinar a razão na perceção do que é verdadeiramente importante, central, capital, numa relação, é a condição necessária, estrutural e decisiva para o crescimento e desenvolvimento pessoal, coletivo, comunitário e no concerto complexo entre povos e Estados.
PROFESSOR, ESCRITOR,CONFERENCISTA
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in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2014
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