Por Carlos Lourenço Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Houve sempre quem procurasse diferenciar o ato ou efeito de crescer em contraponto ao processo de desenvolvimento.
Crescer não significaria Desenvolver. Diríamos que crescer significa ou convoca uma perceção de quantidade (cresceu de peso, por exemplo, ou cresceu o produto interno bruto de uma economia) ao invés de desenvolver que significa uma perceção qualitativa, de densificação ou reforço de qualidades, de atributos. Em boa verdade, a consideração do justo meio, do justo equilíbrio poderá corresponder à consideração ajustada do conceito crescimento. Ou dito de outra forma, crescer sem desenvolver é qualquer coisa de inútil ou cego. Impor ta a quantidade, mas impor tará crescer de peso em perda de atributos de qualidade (a flexibilidade, por exemplo)?
É verdade que o crescimento económico – o alargamento da produção de riqueza – é um bem assinalável se corresponde a processo associado de desenvolvimento. Impor tará de menos que uma economia cresça, que observe crescimento do produto (da riqueza) e, simultaneamente se verifique um processo continuado de desenvolvimento social e de confor to alargado. Crescer em produto e não desenvolver os mecanismos de distribuição equitativa da riqueza gerada não traduz o desejável crescimento harmonioso e isento de tensões sociais ou individuais. Desenvolver, isto é, o acesso a bens e a prestação de serviços (educação, saúde, segurança social, acesso às redes) por par te do maior número, reduzindo ou minorando desigualdades insustentáveis é consideração essencial a bons resultados (a boa resultante) do crescimento verificado. Ao contrário, crescer, sem desenvolver, é, em boa verdade, empobrecer a prazo e configurar uma insupor tável perceção de injustiça.
Em similitude, o crescimento individual – o sucesso individual na obtenção de resultados económicos – assegura condições de supor te ao desenvolvimento quando os resultados económicos individuais se refletirem no amadurecimento e reforço de qualidades e capacidades individuais. E, por tanto, se refletirem no reforço da qualidade de intervenção na sociedade por par te do individuo que verificou sucesso económico. Refletir em cultura, erudição, melhoria de aspetos relacionais, garantir progressão na consciência da responsabilidade social – e desde logo do núcleo familiar e envolvente – é prova de desenvolvimento, constituindo processo de vir tude que ganha folgo face ao supor te de crescimento verificado.
O sucesso individual – no domínio económico – reflete-se em desenvolvimento quando assegura a emergência e reforço das capacidades de bem-fazer e bem relacionai e garante um ciclo vir tuoso na intervenção social. Sucesso individual de natureza estritamente económica não assegura indivíduos cultos, eruditos, socialmente responsáveis e solidários. Pode, pelo contrário, sobre relevar o egoísmo e a desconsideração, afirmando-se a arrogância como vício de conformidade.
Crescer e Desenvolver relações associam-se ao aumento da capacidade e qualidades de exercer ampla compreensão sobre os outros, sobre o outro. A presença da maturidade culta pressupõe concordância entre o crescimento e o desenvolvimento pessoais e a continuada qualidade, em crescendo, de assegurar harmonia nos conflitos e utilidade resultante para melhor avanço na progressão individual e social.
PROFESSOR, ESCRITOR,CONFERENCISTA
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in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2014
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