Por Carlos Lourenço Fernandes
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Ao contrário, a matriz cultural americana favorece a mudança, não penaliza o fracasso e frequentemente premeia o fracasso. Porquê? Porque o fracasso está associado à iniciativa e quem formula, produz, configura ou avança com uma iniciativa tem o mérito de a ter concebido, estabelecido e desenvolvido. Por isso, merece prémio e apoio na configuração de novo começo. O começo, a mudança, o avanço é favorecido. Levanta-te e caminha. A queda só favorece o enriquecimento em experiência e a experiência é útil. O sonho corresponde ao fazer. Ter sonhos é decisivo para o enriquecimento pessoal e social. Um ambiente favorável a novos começos é condição necessária ao desenvolvimento. Desenvolvimento é mudança e gestão da mudança. Criar hoje o passado de amanhã é uma expressão de homem americano, no caso, de Oscar Niemeyer, o arquiteto das curvas – o contrário do ângulo reto, da régua e esquadro, da norma rígida e obstrutora de novas emoções.
Os novos começos, suportados em princípios, são sempre aventuras virtuosas, de prosseguir a busca pela felicidade, dever de cada ser humano, cidadão e participante de iniciativa. Os princípios a observar na vida e nos novos começos são os de sempre: substituir a vulgaridade pela excelência, a golpada pela seriedade, o videirismo pela honra, a mandriice pelo trabalho, a deriva pela persistência, a aldrabice pela honestidade, a cínica traição pela lealdade, a moleza pela firmeza., a ignorância pelo conhecimento. Onde estão os vícios, colocar as referências virtuosas, a busca permanente por melhor atitude, melhor comportamento. Hoje, quando se pensa e afirma da necessidade de Reforma (refundação) do Estado, o caminho a percorrer é o da justa afirmação das virtudes. A renúncia dura aos vícios.
As estruturas conservadoras – na sociedade, na família, na empresa, no Estado, nas relações – favorecem a resistência à mudança. Resistir, ser resiliente – qualidade dos materiais que sujeitos a grandes pressões, grandes distorções, não desagregam – e persistir na mudança – quando se justifica – é a atitude a incorporar em cada gesto, em cada comportamento, em cada direção de tarefa, ou de felicidade nas relações, no restabelecimento de equilíbrio emocional tendente à felicidade. Os adversários da mudança têm, por experiência e tempo, ferramentas diversas e múltiplas dirigidas à penalização da genialidade, da diferença, do contraste. Mas, o empobrecimento progressivo das relações, da economia e bem-estar social, justifica a confrontação e a exigência para a afirmação dos princípios, dos valores descritos e fundacionais de novos começos.
A rigidez – apesar da alteração das circunstâncias permanecer na mesma – é parceira do empobrecimento emocional, pessoal e social. É parceira da infelicidade e viciante na tristeza. Progredir – assente em princípios enunciados – é matéria de natureza difícil. Decisões de mudança relacional, nas relações, decisões na mudança de modelos de negócio, decisões nos procedimentos formais estabelecidos são sempre difíceis e duras. Mas são quase sempre motivo de progresso.
Permanecer na mesma, empobrece, entristece e conduz ao desaparecimento inútil.
Professor, Escritor, Conferencista
[email protected]
REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2013