in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO
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Falar de ansiedade é falar de uma mistura de prazer com desprazer. A ansiedade consiste numa resposta a uma possível ameaça, o que conduz ao aumento do nível de vigília. Como tal, a ansiedade torna-se desejável até um determinado limiar, mas pode igualmente tornar-se inibidora da própria ação.
Qualquer pessoa passa por estados de ansiedade, o que leva a distinguir a ansiedade normal da ansiedade patológica. Se a primeira tem uma função mobilizadora adaptativa, representa uma resposta emocional a uma possível ameaça, ocorre esporadicamente e praticamente não tem repercussões tanto a nível cognitivo, como a nível comportamental, já a segunda é desadaptada, podendo ser reativa ou endógena, persistente e repetitiva, desorganizadora da eficiência cognitiva e recordativa de situações passadas penosas.
A ansiedade patológica divide-se ainda em primária, quando a ansiedade é o ponto fulcral da patologia e secundária, quando não surge como fenómeno central da perturbação, mas em associação a outras perturbações não ansiosas, nomeadamente a depressão.
A sintomatologia da ansiedade revela-se a nível físico e psíquico. Fisicamente o sujeito não consegue estar sossegado, fica inquieto, acelerado, com dores de cabeça, tonturas, tremores e até falta de ar. Psiquicamente revela-se pela tensão emocional, sudação, taquicardia, desconcentração, medo, impaciência e dificuldades verbais que podem, em casos extremos, levar à gaguez.
O mundo laboral atual carateriza-se pela exigência e entrega constantes, a competitividade, a necessidade de conciliar horários prolongados com vida familiar e também a insegurança, a instabilidade, a desmotivação e até o desemprego.
Todos estes fatores, associados ao relacionamento e à dinâmica com chefias e colegas podem ser causadores de elevado stress, de ansiedade e, em casos extremos de “burnout”.
Quando os sintomas de ansiedade começam a surgir a capacidade de trabalho começa a diminuir e, simultaneamente, aumentam os sintomas de ansiedade, dando origem a um ciclo vicioso que se deve travar e avaliar.
Importa pois pensar quais as estratégias a usar para evitar e/ou diminuir os sintomas de ansiedade em contexto laboral:
1 - Auto-confiança: acreditar nas suas capacidades, nas suas ideias e nas suas decisões;
2 - Comunicação: comunicar de forma assertiva, coerente e educada; ouvir e fazer-se ouvir;
3 - Definição de prioridades: organizar o seu tempo em função do que é mais e menos urgente e não deixar tarefas por concluir;
4 - Não ao “Multitasking”: todas as tarefas precisam de ser realizadas, mas não em simultâneo para que a concentração não se disperse;
5 - Delegação de competências: dividir tarefas e solicitar ajuda não faz de si um profissional incompetente ou inseguro, mas antes alguém com maturidade profissional;
6 - Enfrentar a ansiedade: expor-se à ansiedade em vez de a evitar auxilia-o a mudar a sua relação com a mesma e a aumentar o seu nível de confiança;
7 - Desligar-se depois do trabalho: não levar trabalho para casa; dedicar-se ao que gosta de fazer e ter períodos de descanso e de lazer;
8 - Praticar exercício: a prática regular de exercício físico e mental, nomeadamente yoga e meditação, é ideal para o ajudar a descontrair e relaxar;
9 – Evitar o café: o consumo de cafeína deve ser reduzido ao mínimo, dado que esta pode aumentar a sua frequência cardíaca e os sintomas fisiológicos de ansiedade;
10 - Pedir ajuda: se o mau estar causado pelo trabalho começa a causar preocupação ou inquietação excessivas é importante falar com alguém, quer do foro pessoal, quer profissional;
Lidar com pessoas que sofrem de ansiedade implica perceber que se está perante alguém que precisa de ser ajudado. Desvalorizar o assunto ou usar expressões do género “isso não é nada”, “isso já passa”, “deixa-te disso” não só não é solução, como pode agravar a condição de ansiedade. Em vez disso retire a pessoa do ambiente onde está, valide o que ela está a sentir e ofereça o seu tempo para a ouvir e tranquilizar.
PSICÓLOGA CLÍNICA
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