Uma dúvida que consome quilos de energia, doses maciças de noites em claro, um mal-estar miudinho que teima em persistir pelo medo de decidir, pela ansiedade do arrependimento num futuro.
Por Maria Bartolomeu da Trindade
in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
É neste momento de transição entre a paixão e o amor que muitos de nós tendemos a equivocar-nos, terminando relações promissoras, minando-as com as suas dúvidas, podendo aparecer a traição e outras formas menos conscientes de substituição como tentativas de resolver o tal sentimento de baixa de intensidade. No momento da dúvida é: parar, respirar o momento, sentir as sensações, tentar não racionalizar as emoções e conceder-se algum tempo para que a sua intenção possa ser revelada ao outro a partir de um núcleo interno claro e consistente.
Contudo, a experiência clínica veio a revelar-me que existem tipos problemáticos de casal cuja estratégia mais promissora é a de esquecer, dando início a uma elaboração psíquica do afastamento por deficiência evolutiva da relação amorosa.
Sabe quais são?
Ora veja, um dos elementos do casal utiliza os seus próprios recursos como forma de poder sobre o outro, configurando-se numa relação de dominador-submisso. Um com necessidade de reconhecimento, o outro com necessidade de evitar um abandono, tal dinâmica oferece tensão, ambivalência e angústia aos seus descendentes.
Dou-lhe outro exemplo onde o esquecimento poderá ser a estratégia a seguir, o típico casal onde existe uma divisão rígida de papéis, um dos parceiros é necessitado de ajuda, enquanto o outro assume a função de o compreender e apoiar incondicionalmente, convertendo-se numa espécie de cuidador-enfermeiro. Este casal configura uma dinâmica de dependência recíproca total com consequências emocionais mais paralisantes do que dominador-submisso, nomeadamente sentimentos excessivos de culpa pelo “enfermeiro” provenientes do papel subtil dominante do necessitado.
E então, quando e como podemos renovar o amor?
Quando existe capacidade de harmonizar o confronto com o ponto de vista do outro, quando o formato da comunicação que utiliza consegue chegar ao outro com assertividade e sobretudo quando em ambos reside vontade de prosseguir a relação.
Em suma, diria que a empatia, a comunicação assertiva e a vontade recíproca reúnem os pressupostos para fazer acontecer uma renovação.
Renovar o amor poderá significar criar uma aliança nova e também reconstruir crenças e expetativas individuais que o conduzirão a um novo saber estar em relação. Existem práticas diárias a ter em conta quando escolhe ser criativo na relação, trazendo um balão de oxigénio à mesma. Se esta é a sua escolha, dê o passo de trilhar o caminho a partir de si mesmo, ampliando o seu bem-estar para o, nós. É de dentro para fora se faz o caminho de renovação do amor.
Confira algumas práticas, reveladas pela observação e experiência ao trabalhar com casais na área da comunicação, que promovem relacionamentos saudáveis:
(Agora vai dar início a um processo irreversível que lhe trará resultados individuais incríveis com benefícios para ao seu mundo afetivo);
- Escreva uma carta de amor a si mesma sobre o que mais gosta de sentir e o que lhe é mais desconfortável, fale apenas de si sem apontar o dedo para fora;
- Crie disponibilidade, um espaço dentro de si para dar e receber o novo (silencie a voz interna do autojulgamento, abrindo as portas à sua aceitação plena);
- Coloque foco nos seus sentimentos, dê-lhes um nome e expresse-os de uma forma saudável. Conceda a mesma oportunidade ao outro para que consiga se expressar de forma autêntica;
- Aprenda com a valorização do que sente, a entregar de positivo aos seus relacionamentos. Amplie essas qualidades encaixando-as no meio do que sente que gostaria de transformar.
E claro, há que reconhecer o valor e a importância do que se constrói em separado e em conjunto.
Tudo isto para que fique melhor ou como novo, o leitor e a sua relação.
Bom caminhar!
PSICOTERAPEUTA CO-FUNDADORA DO MYSPOT – LIVE YOUR BEST LIFE FACILITADORA DE GRUPOS DE METAMORFOSE EMOCIONAL FUNDADORA DAS AULAS CRIATIVAS JOYFULL PARA CRIANÇAS PROFESSORA UNIVERSITÁRIA
www.mariabartolomeu.pt
in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)